Trocando de roupa para o Banquete Nupcial

Trocando de roupa para o Banquete Nupcial
Caminhada para o Céu

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Compreendi a dor que acometia o Bom Deus Pai, quando compreendi o sacrifício de Cristo por todos os homens. Compreendi então que o Bom Deus Pai sim, entendia minha dor.




Historias Urbanas  
   
Compartilhar 
   
Não há casa nem porta que às vezes não fique aberta




Chamo-me Edgar e sempre me considerei um homem afortunado. De meu matrimônio  tive a fortuna de ter três filhos que são a alegria e o regozijo da casa. O mais velho, Germano, de 17 anos já é todo um homem apesar de sua curta idade. Responsável por tudo que faz, alegre, dinâmico, líder em seus grupos, e para completar a história, bem apessoado, muito masculino. As menininhas não cessavam de chamar pelo telefone. 


Porém um dia, saiu do acampamento com seus companheiros de grupo e depois se sentiu enfermo. Seus companheiros acreditaram que era algo passageiro, dada sua forte condição física e sua juventude, mas bruscamente começou com uma forte dor de cabeça, rigidez da nuca, logo ficou com febre e náuseas, e vômito que não parava. 


Trouxeram-no praticamente inconsciente. Assim ingressou no hospital. Não reagia. Nós estávamos inconsoláveis, não podíamos suportar que o mais velho de nossos filhos tão cedo se visse apartado de nosso lado. E minha raiva chegou ao cume quando o doutor propôs que confirmasse a doação de órgãos de meu filho no caso de que falecesse. 


Pareceu-me monstruoso o que o doutor me propunha, e cheio de coragem me dirigi à igreja mais perto, porque eu queria gritar a Deus sua ingratidão e dizer-lhe que se não lhe doía ver esta família destroçada. 


Quando cheguei, proclamavam algo que também nesse momento me pareceu absurdo. Falavam de Abrahão, que em sua velhice e tendo  seu único filho como sustento, Deus o pediu em sacrifício. Isso era insuportável. 


Deus não foi nunca papai? Não saberá o que significa ver  um filho a ponto de morrer? Nisso estava quando ouvi também sobre a viajem de Cristo à uma montanha onde queria mostrar aos seus apóstolos como gostava deles, transfigurando-se diante de seus discípulos, de uma maneira desacostumada n'Ele. 


Parece que nesse momento apareceram dois personagens misteriosos mortos séculos antes, e falavam com Jesus precisamente de sua paixão, de sua cruz e de sua morte. 


Bonita conversa, pensei eu. Não haveria outra coisa mais interessante da qual pudessem falar? E mais assombro me causou escutar que nesse momento uma nuvem envolveu  Cristo e a seus misteriosos personagens, escutando-se uma voz do alto: “Este é meu Filho amado, Escutem-no” e ainda pude  escutar que Cristo  pediu aos seus apóstolos que não contassem sua visão até que ele ressuscitasse dentre os mortos. 


Isto motivou em mim uma profunda reflexão. Eu ia com a idéia de mentalizar a mãe de Deus se houvesse necessidade, mas entendi nesse momento que também Jesus tinha padecido, e meditei então que o Bom Deus Pai  estaria triste e angustiado quando  mataram  seu Filho. 


E ele só tinha um. Compreendi a dor que o acometia, porém compreendi o sacrifício de Cristo por todos os homens. Compreendi então que o Bom Deus Pai sim, entendia minha dor. 


Regressei ao hospital e quase com amor firmei o documento com o qual aceitava  doar os órgãos de meu filho, pois entendi que era uma doação que beneficiaria  várias pessoas e que de alguma maneira prolongaria a vida de meu filho. 


Quando parecia que tudo estava perdido, meus outros dois filhos pediram permissão para cantar ao seu ouvido, acompanhados da guitarra de Germano, um canto que meu filho  gostava de cantar em todas as ocasiões em que estávamos juntos: “Ninguém te ama como eu”. Todos chorávamos de emoção e aquele canto se converteu em uma oração. 


Para surpresa de todos, com o canto, Germano começou a dar sinais de vida, e quando o canto terminou, Germano abriu os olhos pela primeira vez, com lágrimas que se sentia que vinham  muito de dentro, lágrimas de agradecimento pelo dom da vida. Ele se recuperou quase em sua totalidade, e agora participa também das atividades de nossa paróquia. Assim é bom o Senhor conosco. 


Teu amigo o Padre Alberto Ramirez Mozqueda
Fonte: www.aciprensa.com