Trocando de roupa para o Banquete Nupcial

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Caminhada para o Céu

quarta-feira, 29 de maio de 2013

MADONA DO POÇO ou SENHORA DO POÇO Padroeira dos que sofrem de depressão ou tristeza.

 

Madona do Poço - Senhora do Poço - Padroeira dos deprimidos

 


Introdução

MADONA DO POÇO ou SENHORA DO POÇO
Padroeira dos que sofrem de depressão ou tristeza

O Bispo de nossa Diocese trouxe à igreja uma imagem de “A Senhora do Poço”,  que apresentou como “A Padroeira dos que sofrem depressão”. Em um mundo onde mais e mais gente cai no poço da depressão, esta invocação Mariana vem a oficializar como apoio  e ajuda de quem deseja  encontrar no amor a Deus o caminho de saída da tristeza extrema. Um mal moderno por definição, a depressão nos invade pondo um vazio que nos distancia da esperança e a alegria de sermos filhos de Deus.
Pode ser classificada claramente como um deserto espiritual, que o homem deve aprender a suportar como uma cruz que Jesus nos convida a compartilhar com Ele. Vista deste modo, a tristeza ou a depressão adquirem um valor espiritual imenso, porque nos unem com a angústia que o Senhor sofreu no Getsêmani, na noite em que ia ser traído e entregue os algozes. Jesus verá com agrado nossa oferenda, e nos tirará à luz da esperança quando nossa alma estiver pronta para receber Sua Graça.

Deste modo, A Madona do Poço é a perfeita intercessora com Aquele que, todo amor, nos espera com os Braços abertos para ser nosso motivo de alegria e esperança, fé e amor.
Maria é, uma vez mais, o caminho mais curto e simples para reencontrar-nos com Jesus.


A Madona do Poço

A origem da devoção à Invocação Mariana de A Madona do Poço remonta ao século XIII, na Roma da idade média. A tradição indica que alguém lançou, voluntariamente, uma imagem de Maria feita num  pedaço de pedra dentro de um poço cisterna ou poço de água. O profundo buraco foi localizado no estábulo da residência de um Cardeal nas imediações de Roma.

Na noite entre  26 e 27 de setembro do ano de 1256 se produziu o prodigioso fato de que a água começa a brotar com tal força do poço, que eleva à superfície a imagem da Virgem retratada na pedra.
As testemunhas advertiram que foi não só o fluir violento da água mas um modo muito mais forte, que se elevou à superfície a pedra com a imagem da Virgem. O fato foi imediatamente reconhecido como um milagre, ao ponto que o próprio Pontífice realizou uma procissão até o lugar dos acontecimentos. Desde então esta invocação de Maria é conhecida como a Senhora do Poço, ou a Madona do Poço.

Na atual Igreja-Santuário esta imagem é venerada em uma Capela, onde muitos fiéis se aproximam diariamente para beber a água do antigo poço, que depois de tantos séculos continua brotando.

O vizinho convento dos Servos de Maria foi aberto no ano de 1513, que era anteriormente convento da Obediência e depois de Mântua. Desde o ano de 1803 forma parte da Província de Romana, hoje Província de Piemonte-Romana dos Servos de Maria. Os sacerdotes servitas custodiam este santo lugar, assinalado pela Graça de Deus.



Oração à Madona do Poço:

Senhora do Poço, luz de luz, alegria da alegria
esperança dos tristes, amor dos aflitos
consolo dos pobres de espirito
lanterna que ilumina as noites de escuridão.

Dá-nos tua luz, onipotência suplicante
eleva-nos na oração, sujeitos ao teu calcanhar
humildes ea espera, firmes na confiança
entregues a tua Maternidade Divina.

Tu, Senhora da Alta Graça
levai-nos ao teu Filho, Jesus
abri-nos ao Divino Espirito de Amor
ensina-nos a conhecer o Amor do Pai.

Que tua luz seja nossa luz
Que teu amor seja nosso amor
Que tua esperança seja nossa esperança
Que tua fé seja nossa fé

Madona do Poço, serenai nossos corações
para que unidos ao teu  Imaculado Coração
e com a alegria de ser teu fiel reflexo
sejamos capazes de unir-nos a tua santa corredenção.

   
Para quem visita  Roma, os dados para visitar a Nossa Senhora do Poço são os seguintes:

Comunidad de los Siervos de Maria
Convento Santa Maria in Via
Via del Mortaro, 24
00187 ROMA RM          
Italia
Tel.  (+39) 06. 697 6741 - 2 - 3
Fax  (+39) 06. 697 674 34
E-mail: santamariainvia@vicariatus.urbis.org

Importante esclarecimento: sobre "A Madona do Poço", Padroeira dos deprimidos

Maria é nosso sustento nas horas de escuridão
Vários leitores   chamaram nossa atenção sobre a existência de um controvertido e falso caso em Porto Rico, rechaçado oficialmente pela Igreja há ja bastante  tempo, e conhecido como "A Virgem do Poço". Queremos enfaticamente esclarecer que nada tem a ver isto com a antiga devoção que nós promovemos, chamada "A Madona do Poço", em seu original título em italiano.
 Fonte: http://www.reinadelcielo.org/estructura.asp?intSec=1&intId=94

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Cristãos, somos a alma do mundo (I)


Opinião: ReligionenLibertad.com


Cristãos, somos a alma do mundo (I)

Precisamos superar nossas diferenças, a fragmentação, amando-nos, reunindo-nos em torno da Eucaristia e seu significado. Porque partir o pão e compartilhar sua comida não é um ato individual, é a expressão máxima de vida em comunidade que há que refazer. E também na ordem da prática nos pode servir um ditado popular castelhano bem conhecido: "O toque Faz o carinho"

Josep Miró -  15 maio 2013 - religionenlibertad.com

Jean Monet afirmava que o ato humano por excelência era o da   união. Sabia o que  dizia porque ele foi um dos pais fundadores, junto com Adenauer, De Gasperi e Schuman, da reconstrução e unidade europeia que pôs fim a séculos de guerras e destruições. Eles foram a chave de um dos maiores   renascimentos da Europa, na paz, na convivência e no bem estar, um renascimento hoje estragado e em risco, porque o espírito inicial foi devorado pelo materialismo de voo galináceo.

Faz já alguns meses que começamos a  reunir  cinco pessoas que hoje  citamos: Carbonell, Cullell, Lopez Camps, Torralba e eu, convencidos de que era necessário trabalhar a fim de que nossa Igreja catalã ganhasse em união, em capacidade de diálogo interno, de entendimento e de trabalho compartilhado. Convencidos de que, para conseguir, só  havia que colocar em primeiro plano o sentido de pertença à Igreja e antepor o que nos une, que é muito mais que o que nos separa. Como trabalho visível nos propusemos levar a cabo a elaboração de alguns escritos, três até agora, que 'La Vanguardia' por meio de Enric Juliana tem a gentileza de publicar. E nos pareceu que também seria bom fazer-nos presentes os cinco, e oferecer nossos diversos pontos de vista desde a vocação de união no fundamental.

Hoje, no vértice da crise que tudo tem estragado destruindo a esperança, é vital permanecer unidos, é decisivo. É neste ponto onde nós apostamos na capacidade de enfrentar a adversidade e superá-la. Esta união  que nos é essencial nos faz falta em uma dupla vertente: a secular e a que afeta a nossa fé em Jesus Cristo morto e ressuscitado, uma fé vivida no  sentido de pertença à Igreja.

É esta segunda dimensão, a da união entre católicos,  que me quero referir. E começo dizendo que nos tempos seculares atuais, os da cultura da desvinculação, os da ausência de compromissos e entregas firmes, de  vida, a Igreja, que vive no  mundo apesar de não pertencer a ele, sofre desta contaminação cultural e moral que torna mais difícil ainda a união, necessária e urgente em benefício da própria Igreja, e também de toda a sociedade porque a confiança e a esperança dependem dela.

Para conseguir esta união devemos corrigir nossa perda de virtudes. Se postulamos o diálogo com os não crentes, o diálogo inter-religioso, o diálogo com os outros cristãos, não é uma contradição que escandaliza a incapacidade para dialogar entre nós que nos professamos católicos?  Não podemos dialogar entre nós, escutar-nos, acolher-nos? Estamos tão cheios de nós mesmos que não fica espaço para o irmão, que é o outro, porque não é igual a mim, não tem a mesma história, experiência, sensibilidade? E se não há espaço para o irmão, como podemos pensar que deixamos espaço para Deus que opera em nós?

A união dos membros da Igreja não é uma vocação mas um dever, porque a essência do cristianismo é o amor e ele é a forma mais elevada de vínculo, de união. "Eu vos dou um novo  mandamento: que vos ameis uns aos outros", "como Eu vos tenho amado, amai-vos vós". Isto nos manda Jesus Cristo por quem nos declaramos discípulos. "Pela estima  que vos amais conhecerão todos que sois meus discípulos". Com a mão no coração, sob este critério, os membros da Igreja catalã  podem  reconhecer como discípulos de Jesus Cristo? O amor que nós professamos é nosso sinal visível diante do mundo?

Precisamos superar nossas diferenças, a fragmentação, amando-nos, reunindo-nos em torno da Eucaristia e seu significado. Porque partir o pão e compartilhar sua comida não é um ato individual, é a expressão máxima de vida em comunidade que precisamos refazer. E também na ordem da prática nos pode servir um ditado popular castelhano bem conhecido: "O toque Faz o carinho". Se nos aproximamos, se fomentamos trabalhos compartilhados, se colocamos em  primeiro plano o que nos une, se nos escutamos e esforçamos em por-nos no lugar do outro, o conseguiremos, construiremos a união.

Nossa vida, nossa prática, deve ser coerente e consequente com a afirmação de que somos o Povo de Deus forjado na nova Aliança em Jesus Cristo. A Igreja deve fomentar ser escola e casa de comunhão (Novo milênio ineunte n º 43)  tecendo os vínculos eclesiais entre as famílias, paróquias, escolas e movimentos para viver intensamente o amor de Deus.

A Igreja, que é também de todos e de cada um de nós, deve recuperar sua capacidade educadora da fé e das virtudes para oferecê-las a todo o povo. Em nosso segundo documento fizemos referência à importância das virtudes na sociedade. Mas para levar a cabo bem esta tarefa necessitamos de uma maior união, portadora de confiança, e esperança, o que hoje todos nós mais necessitamos.

Josep Miró i Ardèvol, presidente do E-Cristians e membro do Conselho Pontifício para   Leigos

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terça-feira, 7 de maio de 2013

Glorificação após a morte . A alta consideração que se tinha de Geraldo em vida e a confiança em sua intercessão junto de Deus, não cessaram após a sua morte.


 

A VIDA PRODIGIOSA DE SÃO GERALDO MAGELA

  CAPÍTULO XXV - FINAL

Glorificação após a morte 

A alta consideração que se tinha de Geraldo em vida e a confiança em sua intercessão junto de Deus, não cessaram após a sua morte. Todos estavam convencidos de que no pobre irmão leigo, cujos restos mortais jaziam na sacristia de Caposele, tinham um novo santo, intercessor e amigo junto do trono de Deus.

Na Congregação redentorista um só era o pensamento de todos: possuíam um santo confrade no céu a quem podiam invocar com toda a confiança.
Santo Afonso precedeu a todos com o seu exemplo; considerava-o como um segundo Paschoal Baylon; tão grande era a estima que dele tinha, e a convicção da sua santidade que quis pegar da pena para deixar aos pósteros recordação perene do santo; infelizmente não pôde realizar o seu intento devido aos múltiplos trabalhos, enfermidades e urgentes ocupações. Entre as cartas de Santo Afonso possuímos uma que comunica a um religioso o despacho de algumas relíquias de Geraldo. Mesmo em seu leito de morte Santo Afonso testemunhou veneração ao servo de Deus; quando lhe apresentavam a sua efígie, pegou-a com a expressão de profunda confiança, apertou-a contra o peito e recomendou-se à intercessão do santo. Não lhe foi estranho o pensamento de se introduzir o processo para a beatificação, e só não o fez por causa das diversas dificuldades que o preocupavam então.

Os filhos espirituais imitaram o pai, interessando-se vivamente pela honra e glória do santo. Geraldo sempre lhes fora um modelo consumado de virtude e como tal, proposto por modelo mormente aos jovens confrades. Estampas do servo de Deus eram distribuídas com profusão nas missões, e o povo era concitado a invocá-lo.
Quarenta anos após a sua morte, o quarto onde Geraldo morreu foi transformado em capela consagrada a Santo Estanislau, tendo a lápide à entrada os seguintes dizeres:
CUBICULUM
QUOD EXIMIA INNOCENTIA AC PIETATE VIR,
FRATER GERARDUS MAJELLA, MURANUS,
CONGREGATIONIS SANCTISSIMI REDEMPTORIS,
PRAESENTIA QUONDAM USUQUE COHONESTANS,
SANCTORUM TANDEM MORTE DECORAVIT;
ADOLESCENTULORUM INNOCENTISSIMO,
ANGELICARUM PULCHRITUDINE ET ODORE VIRTUTUM
PULCHERRIMI INSTAR FLORIS INTER COELITES NITENTI,
BEATO STANISLAO KOSTKA,
IN SACELLI FORMAM REDACTUM,
PATRES EJUSDEM CONGREGATIONIS
DOMUM HANC INCOLENTES,
TERTIO IDUS JULII A. D. MDCCXCVI.

Em português:
Este quarto que o Irmão Geraldo Majella de Muro, membro da Congregação do Santíssimo Redentor, modelo de inocência e piedade, honrou com sua presença e uso e glorificou com a morte de um santo, dedicaram-no os padres redentoristas desta casa, transformando-o em capela, ao mais inocente dos jovens, a Santo Estanislau Kostka, que brilha pela beleza e odor de angélicas virtudes qual flor que resplandece entre os íncolas do céu, a 13 de julho do ano de 1796.

Não menor foi a veneração tributada ao santo pelas pessoas de fora. Se durante a vida o veneraram como a um mensageiro do céu, depois da morte o invocaram como poderoso intercessor.
Destacam-se nesse particular os mosteiros de Foggia, Muro, Ripacandida e outros lugares onde o santo trabalhou; invocaram-no e sentiram, não poucas vezes, a força extraordinária do seu valimento.

A sua veneração foi também geral no clero e entre os leigos das dioceses, em que Geraldo era conhecido. O arcipreste Angelo Salvadore de Oliveto escreveu pouco depois da morte do santo: “Entre Geraldo e seus amigos formou-se uma verdadeira porfia; não cessam de invocá-lo e venerá-lo como a um santo do paraíso, e ele, em retorno, distribui sem interrupção as mais preciosas graças.

Quem poderia enumerar todos os milagres por ele operados quase diariamente em nossa arquidiocese e nas dioceses vizinhas?”
E de fato, também depois da morte, o santo continuou a operar prodígios, demonstrando-se fiel auxiliador de todos que o invocaram; inumeráveis são os milagres e graças conseguidas por sua intercessão, que chegaram ao nosso conhecimento por haverem sido exarados. Uma biografia do santo aparecida em Roma em 1875 enumerou mais de setenta: são os mais sensacionais e importantes; os outros nem foram examinados e muitos caíram no esquecimento.
Tannoia queixa-se nesse sentido: “Não posso, disse ele, deixar de culpar os nossos de negligência, por não terem deixado por escrito os milagres de Geraldo, cuja narração encheria volumes”.

Queremos descrever alguns e mencionar outros, com os quais Geraldo, depois da morte, manifestou o amor fraterno e terna solicitude para com os confrades da Congregação.
Seu último superior, o Pe. Cajone, atacado de profunda melancolia ao ponto de perder o controle dos seus atos, lembrou-se do venerável Irmão Geraldo e pediu-lhe auxílio. Este, que em vida obedecia ao aceno dos superiores, pareceu não ter perdido essa excelente qualidade depois da morte. No mesmo instante apareceu cheio de glória, e disse ao superior: “Ânimo, pois que tudo já passou”. E assim foi; a alegria inundou a alma do Pe. Cajone dissipando toda tristeza.
Semelhante benefício prestou a um outro confrade de Caposele, o Irmão Nicolau di Sapio, atacado horrivelmente de escrúpulos e extrema depressão moral. O reitor da casa aconselhou-lhe recorrer ao Irmão Geraldo e, para esse fim, ir ao seu túmulo agradecer a Deus os favores concedidos a seu servo.  

Nicolau obedeceu, e “mal proferira eu a minha oração, conta ele, fiquei livre da tentação e tão alegre e contente como nunca”.
Foi um milagre que fez ao Pe. Tannoia, o biógrafo do nosso santo. “Se escrevo esta obrinha, diz no prefácio, e a entrego à publicidade, é porque o próprio Geraldo a isso me obriga e impele por um milagre operado em minha própria pessoa. Achava-me em Santo Ângelo dei Lombardi, quando a 26 de agosto de 1786 fui vítima de uma moléstia mortal. Voltei a Caposele, mas a enfermidade em vez de diminuir, aumentou. O meu confrade Januário Orlando, vendo-me muito mal a 9 de setembro, disse-me: Prometei ao Irmão Geraldo de escrever-lhe a vida, se vos restituir a saúde”. Faltando-me a necessária confiança, não segui o conselho do Pe. Orlando. Na manhã do décimo dia senti que a doença se agravava assustadoramente; fui atacado de convulsões e o suor da morte já me banhava a fronte. Não encontrando outro remédio, lembrei-me do conselho e recorri com confiança ao irmão exclamando: “Meu caro Geraldo, acudi-me”. No mesmo momento fiquei livre de toda dor. Em sinal de gratidão prometi escrever-lhe a vida. A sua grande bondade queira perdoar-me por me não ter dado ao trabalho mais cedo”.

Dos milagres operados por Geraldo em favor dos seus amigos e devotos, mencionemos em primeiro lugar os que ele fez, como prova de sua caridade no céu, ao Cônego Bozzio, cujo sobrinho, por nome de Rogatis, estava sofrendo há vários meses uma febre alta acompanhada de hemorragia. Encontraram-no um dia de manhã sem sinal de vida; o tio que o examinou verificou que o enfermo cessara de sofrer. Na família Geraldo era venerado e sempre invocado com resultado.

Tomaram o dente de Geraldo, que guardavam como preciosa relíquia, e a mãe desolada colocou-o sobre o falecido com as palavras: “Meu caro Geraldo, não me abandoneis neste duro transe, dai vida a meu filho”. Palavras não eram ditas, o rapaz abriu os olhos e levantou-se cheio de vida.
Com igual prontidão e caridade o santo socorreu a um outro sobrinho do cônego, o qual em julho de 1789 contraíra doença mortal em Caposele. Os médicos perderam toda esperança de salvá-lo, o que entornou a consternação na família, aliás grande, de Antônio Bozzio. O tio observou ao doente e à família entristecida que Geraldo prometera ser para eles especial protetor no céu, e por isso não se devia duvidar da cura do enfermo. “Se é assim, disse o doente, lembremo-lhes a promessa feita”, e, acompanhado da família, oraram ao servo de Deus. Ao sétimo dia, em que se esperava a crise, o doente adormeceu tranqüilamente. Em sonhos viu o irmão que se sentou à beira do leito e lhe disse: “Conseguimos tudo”. Ao despertar o enfermo contou a todos o sonho, que felizmente era uma realidade porquanto a febre tinha desaparecido para nunca mais voltar.

Grande série de graças maravilhosas demonstrou à evidência, que Geraldo continuou a ser para os moradores de Caposele, o amigo sincero sempre e pronto a consolar, auxiliar e admoestar.
O estado da alma de um rapaz em Caposele era digno de lástima, pelo que um dos seus amigos pedia ao Padre Petrella rezasse por intenção dele. “Pois bem, respondeu Petrella, darei ordens ao Irmão Geraldo para procurar o homem e convertê-lo”. Na noite seguinte, Geraldo apareceu ao pecador e depois de admoestá-lo seriamente, reduziu-o à contrição. Na manhã seguinte o rapaz dirigiu-se à igreja, realizou o conselho de Geraldo, confessando-se compungido e contando a todos o motivo de sua conversão.

Em julho de 1785 o tabelião de Caposele, João Baptista Fungaroli, recebeu de Geraldo assinalado favor. Já nas últimas mandou chamar o Padre Nicolau Mansione para o assistir no derradeiro instante. Enquanto o padre se achava à cabeceira do doente, chegou um amigo deste, Paschoal Stilla, que, ao ver o triste estado do enfermo, exclamou: “Irmão Geraldo, ouço sempre falar dos milagres que operais; não o crerei se não curardes o meu amigo”, e colocou uma efígie do santo sobre o peito de Fungaroli; os estertores cessaram, a febre desapareceu e o doente estava são.

Maria Michele Giordano de Corbara fora a Caposele em mudança de ares. Ao ouvir falar dos prodígios estupendos operados pelo Irmão Geraldo, invocou-o com confiança em diversas necessidades. Estando um dia para ir à igreja, o servo de Deus apareceu-lhe, sem se dar a conhecer, e disse: “Preparai-vos para grandes sofrimentos, mas tende ânimo, que Deus não vos há de desamparar”. A senhora, surpreendida com as palavras do irmão desconhecido, contou o caso ao Padre d’Agostinho, então reitor de Caposele. “Qual dos nossos irmãos lhe apareceu?” perguntou. — “Nenhum desta casa”, foi a resposta. O reitor que já suspeitara, mandou a senhora entrar no locutório e mostrou-lhe os retratos lá existentes. A dama, vendo a Geraldo, exclamou: “Foi este que se encontrou comigo”. E de fato sobrevieram-lhe, dentro em breve, horríveis sofrimentos, como o santo lhe havia predito.

Também em outros lugares sentiram a força prodigiosa do santo quando o invocaram com confiança. Ignacio Cozzo, cônego da catedral de Trevico, já de há muitos anos sofria uma hérnia que lhe causava grandes dores e parecia incurável. Um dia — a 5 de agosto de 1766 — oprimido pela violência das dores, recorreu a Geraldo, de quem fora grande amigo durante a vida, e tocou a parte dolorida com uma relíquia do santo dizendo: “Ó meu caro Irmão Geraldo, se for para a glória de Deus e bem de minha alma, livrai-me destas dores”. Com a oração cessaram os sofrimentos; daí por diante o cônego nunca mais sentiu o incômodo antigo, não obstante os grandes esforços a que o submetia o ofício de pregador.
Uma monja beneditina num mosteiro da Sicília sofria no braço um mal incurável. Um padre redentorista deu-lhe a efígie do santo aconselhando-a a invocá-lo com confiança. Ela assim o fez, e quando o cirurgião quis proceder à operação, constatou a chaga completamente curada.

Em abril de 1776, Antonia del Vallo em Benevento achava-se em extremo perigo de vida. Um sacerdote, parente seu, percebendo o estado desolador da doente, colocou-lhe algumas relíquias do santo debaixo do travesseiro invocando o servo de Deus. Na noite de 23 Geraldo apareceu-lhe, fez sobre ela o si-nal da cruz dizendo: “Estais curada” e desapareceu. Quando o parente lhe perguntou por sua saúde, respondeu: “Sinto-me muito bem, desde que um religioso desconhecido me fez sobre a fronte o sinal da cruz”. Apresentaram-lhe diversas estampas de santos; em nenhuma reconheceu os traços do que lhe aparecera à noite; mas ao ver o retrato de Geraldo exclamou imediatamente: “Foi este que me curou”.
Uma outra senhora, Leonarda Miocore, sofria de catarata no olho esquerdo, a qual passara também para o outro olho, encobrindo-o pela metade, de sorte que a infeliz quase não enxergava nada. Em sua aflição recorreu a Geraldo, do qual ouvira tantos prodígios; como a sua confiança foi grande, não podia deixar de ser atendida; ficou livre do incômodo em pouco tempo. Ao encontrar-se com o seu oculista, disse-lhe a-legre: “Não me pudestes curar, recorri a um outro médico, que me deu a vista”. — “Vós gracejais”, replicou o médico. A senhora mostrou-lhe os olhos com as palavras: “Vede, estou completamente restabelecida”, e triunfante apresentou-lhe a imagem de São Geraldo, que costumava levar ao peito e acrescentou: “Eis o meu médico”. O exame, feito pelo doutor, demonstrou o desaparecimento do mal; a vista estava perfeita.

É para admirar o número de vezes que o santo socorreu às parturientes em perigo de vida, bem como às crianças ainda não batizadas. Entre os poucos milagres relatados por Tannoia, há nove desse gênero; às crianças costumavam as mães agradecidas dar o nome de Geraldo.
Catharina de Viggiano foi atacada de perigosa febre na aproximação do parto. Quinze dias durou a febre e a senhora julgava-se já às portas da morte, quando lhe apresentaram a imagem do santo, que ela beijou dizendo com voz sumida: “Não é para mim que quero a graça, mas para aquela que trago debaixo do coração”.

Após essa oração Catharina sarou completamente, e à menina que nasceu robusta foi posto por gratidão o nome de Geralda.
Favor ainda maior fez o santo à senhora de Thomaz Ronco, cujo filho, nascido antes do tempo, expirara imediatamente após o batismo. Os pais aflitos recorreram ao santo, colocaram uma relíquia sua sob o cadáver do menino, e, com obstupefação geral, a criança recuperou a vida e vigor.
Da longa série de milagres operados pelo santo após a sua morte, mencionemos ainda quatro que foram submetidos ao exame eclesiástico e declarados autênticos.
O primeiro deu-se em fim de 1823 ou princípio de 1824 com José Santorelli, neto do médico Nicolau, íntimo amigo do nosso santo. José Santorelli, atacado de tifo, não dava mais esperanças de vida. Os parentes, convencidos da morte iminente, fizeram os necessários preparativos para o enterro. Após a recepção da extrema-unção o sacerdote recitou as orações dos moribundos. Nessa situação desesperadora colocaram a efígie do santo no barrete de dormir do moribundo, enquanto o irmão dele se dirigiu à igreja dos redentoristas de Caposele para implorar auxílio junto do sepulcro do santo. Rezou-se também uma missa em louvor de Santo Afonso para lhe pedir desse ordem a Geraldo de curar o neto de seu amigo. Mas o estado do doente não se alterara; agonizou o dia inteiro e ninguém mais duvidava do próximo desenlace. À tarde o doente, com admiração geral, levantou-se do leito repentinamente, prorrompeu em lágrimas, beijou a pequena efígie do santo e depois, pondo-a na boca engoliu-a. Depois disse: “Oprimido de um sono mortal o dia inteiro, via sempre perto de mim um irmão redentorista. Tendo-se ele aproximado do meu leito quis afastar-se, mas eu gritei: ‘Ouvi-me, irmão, ouvi-me’ (os assistentes ouviram de fato repetidas vezes esse grito da boca do moribundo). O irmão tinha uma muleta na mão e um chapéu debaixo do braço. Às 6 horas da tarde realizou ele o meu pedido; dirigiu-se ao meu leito e disse: ‘Alegrai-vos que o vosso desejo foi atendido’. Nesse momento vi a seu lado o meu defunto avô. Profundamente comovido quis voltar-me para meu avô, que me disse: ‘Volve-te a este aqui’. — ‘Quem é ele?’ perguntei. ‘É o Irmão Geraldo’, respondeu-me o avô. O Irmão Geraldo fez-me então o sinal da cruz sobre a fronte e ambos desapareceram dos meus olhos”. A narração do enfermo surpreendeu os circunstantes; o curado começou a recuperar as forças escapando ao perigo. O médico mandou-o levantar-se; o doente, que antes só podia mover-se com o auxílio de quatro pessoas, ergueu-se com a maior facilidade. Para provar a realidade da cura miraculosa, o enfermo sentado à beira do leito serviu-se de macarrão, omelete e queijo como qualquer outra pessoa sadia.

A 15 de setembro de 1849 Theresa Deheneffe da diocese de Malines na Bélgica recebeu uma punhalada criminosa que a feriu gravemente. Não querendo trair os criminosos, ocultou a ferida julgando poder curá-la sem intervenção médica. Sua esperança iludiu-a. Devagar formou-se uma úlcera de mau caráter, e após dois anos e dez meses, foi necessário chamar o médico que achou imprescindível uma operação. Theresa atemorizou-se, recorreu ao Irmão Geraldo que, a princípio, pareceu surdo à sua súplica. A 18 de julho de 1852 fez-se a dolorosa operação, que não produziu resultado, pois que a chaga tornara-se incurável. A Theresa alarmada aconselhou o confessor um novo recurso ao santo. A 27 de julho começou uma segunda novena em sua honra, mandando celebrar uma missa no princípio e outra no fim, e desta vez com resultado. Na noite de 3 para 4 de agosto desligaram-se as ataduras sem intervenção de ninguém; de manhã; Theresa examinando a chaga, achou-a inteiramente curada não deixando nem cicatriz. Fora de si de contentamento foi ao médico e pe-diu-lhe um atestado de cura. Este respondeu que só admitiria o milagre, se a chaga não apresentasse cicatriz. “Pois bem, disse ela, procurai a cicatriz quanto quiserdes”. O médico, feito minucioso exame, convenceu-se da cura completa e não hesitou em declará-la miraculosa.

A senhora Orçou Solito de Francavilla Fontana na diocese de Oria foi, em março de 1850, acometida de uma úlcera na fronte, que ocasionou inflamação dos olhos e do rosto; transformando-se em cancro causou-lhe na cabeça e nas costas dores horríveis, por ela denominadas “torturas do inferno”. Insuficientes foram os meios prescritos pelo médico e um clínico chamado expressamente para esse fim. Uma operação seria, na opinião do médico, morte certa. Não havia pois outro recurso senão empregar lenitivos para diminuir as dores, e aconselhar à doente a receber os confortos da religião. É fácil imaginar-se a consternação da família em semelhante conjuntura. Anna Maria Giancola, amiga da enferma, aconselhou à família a recorrer ao céu; buscou em seguida uma estampa de São Geraldo, colocou-a entre as ataduras da fronte e de joelhos recitou com os outros a ladainha lauretana e mais algumas orações. Pouco depois Orçou estremeceu, sentou-se no leito e assegurou ter recebido um choque que lhe causou dor violenta e desusada; deitou-se novamente e dormiu a noite inteira sem interrupção. Ao voltarem os médicos na manhã seguinte encontraram Orçou alegre, sem dor e sem febre.

Afastadas as ataduras notaram o desaparecimento do cancro, que deixara apenas um leve sinal rubro. É desnecessário dizer que a cura surpreendeu os médicos; Orçou porém disse: “Não por vossos esforços, mas pelo favor de Geraldo é que recuperei a saúde”; os médicos confessaram o caráter sobrenatural da cura.
Em abril de 1867 um menino de dez anos por nome Lourenço Riola, das vizinhanças de Benevento, foi acometido de hidropisia do abdômen, a qual opunha declarada resistência aos remédios da farmácia. Abalizados clínicos de Nápoles ficaram perplexos como os de Benevento; um cirurgião da capital achou até que o menino não suportaria nem a mais leve intervenção cirúrgica. A criança definhava, devorada pela sede com extrema repugnância a todo alimento e remédio. Nesse estado começou o menino ler a vida de São Geraldo; encheu-se de fé na proteção do servo de Deus e pediu uma relíquia do santo, com a qual tocou várias vezes o corpo rezando três Gloria Patri em louvor da SS. Trindade. Em sonho viu uma escada de ouro que descia do céu e se apoiava sobre o seu corpo; por ela desceu Geraldo, inclinou-se para ele e, sem dizer palavra, desapareceu.

Desde esse momento não restou no menino nem vestígio de enfermidade; até 18 de junho de 1879, dia em que Lourenço fez seu depoimento sobre o milagre, não tinha sentido mais nem sombra da moléstia.  
* * *
Os numerosos milagres que o santo operou ininterruptamente depois da morte, divulgaram o seu nome não só na Itália mas também em outras partes da Europa. De todos os lados fizeram-se ouvir vozes pedindo que a Santa Igreja pronunciasse seu juízo definitivo sobre a vida e trabalhos desse santo irmão e taumaturgo.
Em 1846 o Padre Camillo Ripoli, então superior geral da Congregação, pôde dar belíssimo testemunho da fama da santidade de Geraldo nos termos seguintes:

“Os que conheceram o grande servo de Deus em vida e testemunharam o brilho das suas virtudes, não duvidaram um momento, de que ele entrou na posse da visão beatífica logo após a morte; desde logo começaram as visitas ao seu modesto sepulcro em nossa igreja de Caposele, crescendo dia a dia a afluência dos fiéis, que não cessou até o dia de hoje. Também eu tenho visitado esse túmulo por devoção especial ao servo de Deus, e S. Eminência o cardeal de Nápoles Monsenhor Felippe Caracciolo del Guidice afirmou-me em sua última enfermidade, que pretendia fazer para lá uma piedosa peregrinação, caso melhorasse de saúde. O alto conceito da santidade de Geraldo é que me chamou à Congregação, e todos os dias tenho-me esforçado por mostrar a esse santo irmão a minha gratidão... Atualmente acha-se muito divulgada a fama da sua santidade; não só de Roma, dos Estados Pontifícios e do resto da Itália, mas também da Áustria e outros países pedem-me constantemente biografias e estampas do servo de Deus.

Essa fama de santidade é que me moveu a entregar em Roma, para a maior Glória de Deus, o processo da sua beatificação.
Parece que a Providência quis primeiro dar as honras dos altares ao pai, antes que se começasse a causa do filho abençoado. Após a canonização de Santo Afonso, procurou-se com afã submeter ao juízo da Igreja as virtudes e os milagres do humilde irmão leigo. Em 1843 iniciou-se em Muro e em Conza o chamado processo de informação. Em Muro foi ele aberto e dirigido, durante dois anos, pelo bispo Mons. Antônio Gigli, sendo ouvidas sessenta testemunhas que fizeram os seus depoimentos. Em Conza igual processo foi iniciado em 13 de dezembro de 1843 e terminado a 24 de fevereiro de 1845, sendo ouvidas noventa e quatro testemunhas.

As atas do processo foram, como de costume, enviadas a Roma com a súplica ao Santo Padre de introduzir o processo apostólico sobre as virtudes e milagres do servo de Deus Geraldo Majella. Numerosas cartas de personalidades distintas foram dirigidas ao Papa, apoiando essa súplica. Entre elas estava o rei de Nápoles Fernando II, que em sua carta de 5 de setembro de 1846 chama o nosso santo “um herói cristão”, de cujas virtudes e milagres ouvira falar por pessoas dignas de toda fé. Também o cardeal-arcebispo de Nápoles Mons. Riario Sforza fez ouvir a sua voz pela causa de Geraldo, declarando desejar a introdução do processo de beatificação, “para que, como ele se exprime, o exemplo admirável do servo de Deus seja proposto à imitação de todos e a sua incomparável piedade resplandeça qual novo astro no céu da Igreja!”
Súplicas semelhantes foram enviadas ao Papa por quarenta e seis bispos do reino de Nápoles e por pessoas de todos os estados.

Essas vozes não foram desatendidas. A 11 de setembro de 1847 pediu-se a introdução do processo apostólico e a 17 do mesmo mês Pio IX assinou o decreto que conferia a Geraldo Majella o título de “Venerável Servo de Deus”.
Por ordem do Papa reiniciou-se em Muro e Conza o processo sobre a vida e virtudes do servo de Deus — (em Muro de 1848 até 1856). Na primeira cidade foram ouvidas trinta e seis e na segunda quarenta e quatro testemunhas. Antes do encerramento do processo, os ossos do santo foram submetidos a exame, do qual se verificou ainda mais claramente o seu caráter taumaturgo. Uma testemunha ocular, José Consenti C.Ss.R., bispo de Lucera há pouco falecido, relata o fato do modo seguinte: “Os ossos foram encontrados secos e brancos; todos os olhares estavam para eles dirigidos. Primeiro tiraram do depósito a cabeça; a seguir os médicos contaram os outros ossos. Mas que maravilha na presença de todos! Na fronte e depois em toda a cabeça apareceram gotinhas como de orvalho que se foram intensificando sempre mais, até correr no prato (em que estavam os ossos).

Diante desse milagre todos comoveram-se, caíram de joelhos, choraram, oraram demonstrando por todos os modos a sua admiração. Passada a primeira impressão, prosseguiu-se ao exame dos ossos onde se notou o mesmo fenômeno da cabeça; mal colocados no prato começaram a transpirar e a encher o vaso de líquido maravilhoso, que foi abundante ao ponto de extravasar do prato e correr pelo chão”. O mesmo deu-se por ocasião do segundo exame dos ossos do santo a 11 de outubro de 1892.

Embora com isso estivessem terminados felizmente os requisitos para o juízo definitivo da Igreja sobre as virtudes e milagres de Geraldo, grande espaço de tempo se passou até a publicação do decreto sobre o grau heróico das virtudes do santo. As sessões para esse fim tiveram lugar a 12 de março de 1872 e 4 de março de 1873 e 21 de abril de 1874; a 8 de junho desse ano, na festa do Sagrado Coração de Jesus, foi dado a Pio IX, por ocasião do 50.º aniversário da sua sagração episcopal, declarar heroicidade das virtudes do irmão Geraldo.

Decreto idêntico sobre os milagres do santo foi publicado pelo grande Papa Leão XIII. O difícil exame dos quatro milagres apresentados durou mais de dez anos; só em 20 de novembro de 1888 pôde a Congregação dos Ritos realizar a primeira sessão sobre os milagres de Geraldo; a 10 de março de 1891 teve lugar a segunda e a 26 de janeiro de 1892 a terceira sessão solene presidida pelo Papa. O decreto que reconhece os quatro milagres, apareceu a 25 de março do mesmo ano, e um mês depois, a 25 de abril de 1892, ventilou-se a questão se se poderia proceder seguramente à solene beatificação de Geraldo. O respectivo decreto foi publicado por S. Santidade a 8 de setembro de 1892 na festa da Natividade de Maria. A 29 de janeiro de 1893, por ocasião da festa do 50.º aniversário da sagração episcopal de Leão XIII, foi lido na aula ricamente adornada da igreja de São Pedro o Breve papal da beatificação de Geraldo Majella. À tarde desse mesmo dia o Papa foi prestar a sua primeira homenagem pública ao bem-aventurado diante da sua imagem. Antes do aparecimento do Papa deu-se um fato que causou geral impressão e foi tido como sinal de benevolência do novo bem-aventurado. A aula estava pronta para receber o Papa; das inúmeras velas ao redor da imagem do bem-aventurado estavam já todas acesas, exceto as últimas que estavam sendo acesas por um Sanpetrino (sacristão da igreja de São Pedro), que se achava na ponta da escada à uma altura de quatro ou cinco metros do chão; de repente a escada pende para um lado e precipita-se com força para a parede lateral. Os lustres por ele atingidos voaram como andorinhas espantadas; os candelabros despedaçaram-se com fragor, sobre o altar, onde bateu o pé da escada. Ouviu-se um grito de susto entre a multidão dos fiéis; alguns clamaram: “Bem-aventurado Geraldo”, quando viram o sacristão atirado com força para a parede; julgaram-no morto com a queda desastrada no presbitério ao lado do altar. Seguiu-se um momento de pânico. O bem-aventurado não quis deixar passar sua primeira festa sem um sinal de seu poder; o primeiro pedido a ele feito não podia ser desatendido; a catástrofe prevista não se deu. Dois minutos não haviam ainda se passado e o sacristão célere e fresco, levantou-se, pálido de susto com uma pequena contusão mas sem arranhadura, e auxiliou os companheiros na arrumação do altar.
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Após a beatificação procedeu-se sem detença à canonização, que todos esperavam com ânsia devido às novas graças prodigiosas alcançadas por seu intermédio.
Dos dois milagres apresentados ao exame da Congregação dos Ritos, o primeiro foi a cura da senhorinha Valerio Beerts em S. Trond na diocese de Liège na Bélgica; o segundo foi a cura do jovem Vicente de Gerônimo na diocese de Conza no reino de Nápoles.
Valeria Beerts adoecera gravemente a 2 de agosto de 1893. Violenta dor de cabeça, fraqueza geral, mal-estar, dores nos braços e pernas, febre constante, falta de apetite, disenteria, e outros incômodos levaram os médicos à conclusão de que ali se tratava da ileodiclidite. Depois de três semanas sobrevieram ainda outros sintomas alarmantes, convulsões, delírio, cãibras, insônia, dificuldade de respiração, letargia etc. A diagnose dos médicos foi de inflamação da dura-mater. O estado da enferma era desesperador, e a cura parecia impossível. A 31 de agosto a moribunda entrara em agonia. Antes de receber o viático confessou-se a um padre redentorista, seu pai espiritual, que lhe levara uma relíquia do Bem-aventurado Geraldo. Vendo o estado da enferma o confessor colocou sobre ela a relíquia, invocando a sua intercessão. Poucos minutos depois, a enferma adormeceu tranqüilamente; estava curada. Quando o médico voltou haviam já desaparecido todos os sintomas da doença; o seu trabalho consistiu apenas em constatar a cura completa da moribunda, com intenso júbilo dos pais.
Vicente di Geronimo, seminarista de Santo André de Conza, enfermou gravemente em fins de 1897, atacado de pleurisia. O estado piorava dia a dia zombando de toda a perícia médica. O reitor do seminário lembrou-se do milagroso Bem-aventurado Geraldo, colocou sobre o doente uma relíquia do servo de Deus e benzeu-o com o sinal da cruz. A sua confiança foi logo recompensada. O doente adormeceu tranqüilamente; na manhã seguinte havia desaparecido a inflamação e também o suadouro.

A Congregação dos Ritos, que submeteu a rigoroso exame esses dois milagres, tratou deles na sessão anti-preparatória a 25 de agosto de 1903 e na preparatória a 31 de maio de 1904, sendo aprovados em terceira sessão de 26 de julho de 1904 sob a presidência do Papa Pio X. O decreto da aprovação desses dois milagres obtidos pela intercessão do Irmão Geraldo, bem como o decreto da conveniência da canonização de Geraldo foram publicados solenemente na festa da Assunção de Nossa Senhora (1904), de sorte que já não havia obstáculos para a glorificação suprema do nosso Geraldo sobre o terra.

Talvez não sem especial disposição da Providência sucedeu que a canonização do grande devoto da Imaculada Mãe de Deus foi designada para o tempo em que se havia de solenizar com pompa em Roma o 50.º aniversário da proclamação do dogma da Imaculada Conceição. Geraldo sempre fora devoto ardoroso desse mistério da vida de Maria e por isso a sua canonização devia entrar em íntimo conexo com a glorificação desse mistério.
A canonização do Bem-aventurado Geraldo teve lugar a 11 de dezembro de 1904 junto com a do Bem-aventurado bispo barnabita Mons. Alexandre Sauli. Foi a primeira efetuada por Pio X, um ano após a sua entronização, rodeado de magnífica coroa de bispos vindos de todas as partes, diante de enorme multidão de fiéis de todas as nacionalidades. A palavra definitiva do Representante de Cristo, pela qual o pobre Irmão Geraldo Majella foi adscrito ao exército dos santos da Igreja Católica, ecoando a voz sonora do Santo Padre através das abóbadas do domo de São Pedro, foi um comentário à palavra do Espírito Santo pela boca do Apóstolo das gentes: Ignobilia mundi et contemptibilia elegit Deus et ea quae non sunt, ut ea quae sunt, destrueret, ut non glorietur omnis caro in conspectu ejus. “As coisas vis e desprezíveis do mundo escolheu Deus, e aquelas que não são, para destruir as que são; para que nenhum homem se glorie na presença dele” (1Cor 1,28-29).
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Despedimo-nos do amável santo com os sentimentos que avassalaram o nobre Pedro de Blois e que ele reproduz belamente depois de observar um homônimo do nosso santo em sua vida e virtudes: “Há pouco vi um irmão leigo por nome Geraldo que nos últimos anos só desejava morrer exclamando com o profeta: Arrancai, ó Senhor, a minha alma do cárcere. Seu desejo era de morrer para estar com o Cristo. Enquanto nós repousávamos, ele passava a noite em oração e soluços, ansiando pela eternidade; embora leigo e indouto, possuía a sabedoria da vida, escrita pelo dedo de Deus em seu coração.

Quanto às verdades da fé, ele as respondia como se tivesse por muitos anos cursado os estudos da universidade de Paris; era da escola dos apóstolos, discípulo d’Aquele que disse: Do alto o Senhor lançou o fogo nos meus ossos e me instruiu. Instruído e sábio era ele. De que valeu aos enfatuados toda a loquacidade soberba da filosofia mundana? Orgulhosos pela ciência mundana não conheceram o Deus dos exércitos.

Oxalá a minha filosofia e sabedoria seja a do Irmão Geraldo, que só tinha a Jesus nos lábios e no coração; seja minha filosofia a de São Paulo que afirmava não querer saber senão Jesus, e este, Crucificado” (Com. in Job. c. 5).