ReligionenLibertad.com
Seu pai se escondeu na Igreja de São João de Latrão, terreno do Vaticano.
Pio XII, corresponsável pelo Holocausto? O filho do escritor judeu Saul Israel desmente.
O Papa Pio XII colocou os espaços extra-territoriais do Vaticano a serviço da rede que escondia judeus
Emmanuele Michela / Tempi.it- 24 setembro 2013-religionenlibertad.com
Não é verdade que Pio XII e a Igreja católica não fizeram nada pelos hebreus sob o nazismo e fascismo. Uma carta aparecida na segunda-feira nas colunas do 'L´Osservatore Romano' testemunha. Está firmada por Saul Israel, hebreu, pai de Giórgio, docente de História das Matemáticas na Universidade 'La Sapienza de Roma'.
O texto, escrito por ocasião de uma comemoração de Pio XII em 1965, narra de maneira concreta a «mão generosamente estendida» de tantos conventos e casas religiosas aos hebreus perseguidos pelos fascistas e nazistas, e cita Pio XII como organizador desta rede de assistência providencial.
Um judeu grego na Itália fascista
« Encontrei a carta quando estava pondo em ordem alguns documentos que tinha em casa», conta seu filho Giórgio a Tempi.it, recordando a vida de seu pai.
Nascido na Grécia em 1897, Saul chegou a Roma para estudar: «Tinha que se matriculado em Medicina, com o projeto de voltar depois a sua pátria para trabalhar. Mas não voltou a Tessalônica porque o bairro hebreu foi incendiado».
Teve uma vida difícil na capital, entre a instauração do fascismo e a campanha das leis raciais: teve que renunciar a seu trabalho na universidade, a sua profissão de médico e, mais tarde, viu como grande parte de sua família foi deportada.
Dos conventos a São João de Latrão
Saul conseguiu escapar aos registros: primeiro se escondeu com alguns familiares, depois foi hospedado por algumas ordens religiosas, com as quais tinha entrado em contato graças a seu amigo Ernesto Buonaiuti: encontrou refúgio no Convento de Santo Antônio na Via Merulana, mas teve que ir dali devido a proximidade do comando nazista de Via Tasso.
Foi transferido para São João de Latrão [que era e é território do Vaticano, sob autoridade papal, onde não podiam entrar as autoridades italianas nem alemãs].
«No projeto– continua Giórgio – recorda todas as pessoas que ofereceram assistência a ele e faz uma referência direta a Pio XII. A coisa tem muito valor: meu pai era uma pessoa que dizia as cosas abertamente, e sobre as questões do anti-judaísmo católico teve muitas polêmicas.
Alguém pode pensar o que quiser do Papa Pacelli, mas a campanha segundo a qual o Pontífice teria sido corresponsável pela Shoah é absolutamente falsa. Por este motivo eu quis publicar esta carta».
As lágrimas do mártir
Saul Israel era médico, mas amava escrever, e em sua juventude recebeu uma educação hebreia muito forte: profundas são as palavras com que, em um segundo escrito aparecido no L´Osservatore Romano em 2009, conta a «consanguinidade» entre hebreus e cristãos.
Então Saul foi hóspede dos monges durante a perseguição e a lembrança das festividades hebreias transcorridas em família se sobrepõe com as orações dos franciscanos que chegam a seus ouvidos.
« Inclusive esse crucifixo do qual podia divisar as linhas por cima da cama, se confundia intimamente com todas aquelas imagens (…)», escreve Saul.
« Talvez fosse a presença dessa Bíblia escrita com caracteres cuja forma estava direta e naturalmente associada à oração, a minha oração, tão similar no tom e na inflexão da dos monges. (…)
Eu lhe rogo, junto às almas de tantos inocentes torturados por causa de sua fé, em uma consanguinidade que supera a da carne, sob as asas da oração, dessa oração que a voz da avó morta Esmeralda me faz chegar, hoje, de longe (…).
Que o Senhor nos abençoe e nos proteja a todos, sob as asas onde a vida não teve início e não terá nunca fim; onde as lágrimas do mártir umedecem também os olhos do opressor».
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http://religionenlibertad.com/articulo.asp?idarticulo=31298
GIORGIO ISRAEL
Seu pai se escondeu na Igreja de São João de Latrão, terreno do Vaticano.
Pio XII, corresponsável pelo Holocausto? O filho do escritor judeu Saul Israel desmente.
O Papa Pio XII colocou os espaços extra-territoriais do Vaticano a serviço da rede que escondia judeus
Emmanuele Michela / Tempi.it- 24 setembro 2013-religionenlibertad.com
Não é verdade que Pio XII e a Igreja católica não fizeram nada pelos hebreus sob o nazismo e fascismo. Uma carta aparecida na segunda-feira nas colunas do 'L´Osservatore Romano' testemunha. Está firmada por Saul Israel, hebreu, pai de Giórgio, docente de História das Matemáticas na Universidade 'La Sapienza de Roma'.
O texto, escrito por ocasião de uma comemoração de Pio XII em 1965, narra de maneira concreta a «mão generosamente estendida» de tantos conventos e casas religiosas aos hebreus perseguidos pelos fascistas e nazistas, e cita Pio XII como organizador desta rede de assistência providencial.
Um judeu grego na Itália fascista
« Encontrei a carta quando estava pondo em ordem alguns documentos que tinha em casa», conta seu filho Giórgio a Tempi.it, recordando a vida de seu pai.
Nascido na Grécia em 1897, Saul chegou a Roma para estudar: «Tinha que se matriculado em Medicina, com o projeto de voltar depois a sua pátria para trabalhar. Mas não voltou a Tessalônica porque o bairro hebreu foi incendiado».
Teve uma vida difícil na capital, entre a instauração do fascismo e a campanha das leis raciais: teve que renunciar a seu trabalho na universidade, a sua profissão de médico e, mais tarde, viu como grande parte de sua família foi deportada.
Dos conventos a São João de Latrão
Saul conseguiu escapar aos registros: primeiro se escondeu com alguns familiares, depois foi hospedado por algumas ordens religiosas, com as quais tinha entrado em contato graças a seu amigo Ernesto Buonaiuti: encontrou refúgio no Convento de Santo Antônio na Via Merulana, mas teve que ir dali devido a proximidade do comando nazista de Via Tasso.
Foi transferido para São João de Latrão [que era e é território do Vaticano, sob autoridade papal, onde não podiam entrar as autoridades italianas nem alemãs].
«No projeto– continua Giórgio – recorda todas as pessoas que ofereceram assistência a ele e faz uma referência direta a Pio XII. A coisa tem muito valor: meu pai era uma pessoa que dizia as cosas abertamente, e sobre as questões do anti-judaísmo católico teve muitas polêmicas.
Alguém pode pensar o que quiser do Papa Pacelli, mas a campanha segundo a qual o Pontífice teria sido corresponsável pela Shoah é absolutamente falsa. Por este motivo eu quis publicar esta carta».
As lágrimas do mártir
Saul Israel era médico, mas amava escrever, e em sua juventude recebeu uma educação hebreia muito forte: profundas são as palavras com que, em um segundo escrito aparecido no L´Osservatore Romano em 2009, conta a «consanguinidade» entre hebreus e cristãos.
Então Saul foi hóspede dos monges durante a perseguição e a lembrança das festividades hebreias transcorridas em família se sobrepõe com as orações dos franciscanos que chegam a seus ouvidos.
« Inclusive esse crucifixo do qual podia divisar as linhas por cima da cama, se confundia intimamente com todas aquelas imagens (…)», escreve Saul.
« Talvez fosse a presença dessa Bíblia escrita com caracteres cuja forma estava direta e naturalmente associada à oração, a minha oração, tão similar no tom e na inflexão da dos monges. (…)
Eu lhe rogo, junto às almas de tantos inocentes torturados por causa de sua fé, em uma consanguinidade que supera a da carne, sob as asas da oração, dessa oração que a voz da avó morta Esmeralda me faz chegar, hoje, de longe (…).
Que o Senhor nos abençoe e nos proteja a todos, sob as asas onde a vida não teve início e não terá nunca fim; onde as lágrimas do mártir umedecem também os olhos do opressor».
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GIORGIO ISRAEL