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Caminhada para o Céu

segunda-feira, 24 de março de 2014

Valerie Gatto, Miss Pensilvânia: «Nasci de uma violação e dou graças a Deus por estar aqui»

ReligionenLibertad.com

«O sacrifício de minha mãe me fez mais forte»


Valerie Gatto, Miss Pensilvânia: «Nasci de uma violação e dou graças a Deus por estar aqui»


A jovem Valerie Gatto em um anúncio esportivo - anima as pessoas a se  esforçarem em buscar sempre a luz nos contextos escuros

BenedettaFrigerio/Tempi.it-11 março 2014-religionenlibertad.com  

Miss Pensilvânia 2014 se  licenciou com louvor na universidade de Pittsburgh, mas esta não é a notícia.

Valerie Gatto, nascida em 1989, é uma cristã praticante que  assombrou os Estados Unidos quando disse que: «Deus é a razão do meu estar no mundo». 

E mais: a rainha da beleza  contou, sem dúvida, nem sequer diante dos jornalistas, que é “filha” de uma violação e na noite da coroação  pensou em seguida dar graças ao Senhor «por ter-me trazido até aqui. Por esta razão não me deixo condicionar por meu passado ou pelas adversidades».

Sua mãe, violada aos 19 anos
A jovem não fez nunca um mistério do drama com o qual foi concebida. Esse dia sua madre, que nessa época tinha dezenove anos, foi agredida e violada ao sair do trabalho. O homem, armado com uma faca, a ameaçava também em matá-la. 

No entanto, por sorte, uma luz se acendeu na rua e o violador se assustou e escapou, deixando livre a jovem. 

«Penso nessa luz como no anjo custódio de minha mãe e meu», disse hoje a Miss.

"Deus te dá a força"
Sua mãe a princípio pensou em dá-la para adoção, mas no final decidiu ficar com ela graças a sua família, que  prometeu toda a ajuda necessária: «Se Deus permitiu uma coisa, te dá a força para levar  adiante», disse a avó de Valerie a sua mãe. 

A pequena cresceu em uma casa cheia de amor, onde foi educada na esperança e na fé que «está em primeiro lugar  na vida: eu cresci  em uma comunidade cristã e  vi a minha mãe ajudar aos mais necessitados». 

De fato, durante anos a mãe de Valerie se ocupou do serviço aos mais pobres da paróquia, ensinando  sua filha que «não importa o pouco que tenha, o que importa é dar o que  recebe».



"Tirar partido dos obstáculos"
«Saber como foi concebida não me  impediu crescer»,   confirmou Miss Pensilvânia aos cronistas assombrados. 

«Ao contrário, me fez mais forte: ver o sacríficio de minha mãe e de minha família me fez entender que não importa o que passou mas, ao contrário, os limites e as dificuldades te fortalecem.  Aprendi a tirar partido de cada obstáculo». 

Durante o concurso a jovem  recordou que sua mãe lhe dizia sempre que era a luz de sua vida: «Sinto o dever de ser uma luz na escuridão. Desde o momento de minha concepção em minha vida a luz sempre  esteve associada à escuridão: minha história é difícil, mas já ajudou  muita gente». 

Além de se dedicar  à interpretação, Valerie trabalha atualmente no setor de marketing e está comprometida no voluntariado de crianças necessitadas e contra a violência sobre as mulheres.

Mais fotos de Valerie em: 
http://www.valeriegatto.com/portfolio.html



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quinta-feira, 13 de março de 2014

A Igreja aprovou as aparições em Ruanda (2)Maria advertiu os videntes que se o povo ruandês não se convertesse e afastasse do pecado, o ódio e a corrupção, um massacre ia açoitar a Nação.

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A Igreja aprovou as aparições em Ruanda (2)

Juan Garcia Inza-2 dezembro 2013-religionenlibertad.com

ALGUNS ACONTECIMENTOS ESPECIAIS

Desde o começo das aparições se produziram conversões, reuniões de oração, peregrinações, curas e fenômenos fora do normal.

Em 16 de janeiro a Virgem convidou  Alphonsine para caminhar com ela por um campo de flores dando a ela possibilidade de tocar as várias espécies de flores. As pessoas presentes durante a aparição recordam que Alphonsine passava entre elas tocando a cabeça de cada um, de modo que o campo de flores era simplesmente um símbolo para impor as mãos, dar a mensagem de Maria e conseguir a conversão. Maria lhe disse: “Estas flores virão robustas e belíssimas se se lhes der água suficiente”.

Em uma ocasião os peregrinos pediram que a Virgem abençoasse seus Rosários. Então Alphonsine os mostrava a Maria. Alphonsine, que não sabia de quem era cada rosário; apresentava um rosário a Maria, se o Rosário fosse de uma pessoa com Fé suficiente  a vidente dizia uma Ave Maria e a virgem estendia a mão para abençoá-lo, mas quando o Rosário pertencia a uma pessoa com pouca fé, Alphonsine não podia articular bem a prece nem levantar bem o braço para pedir a bênção da Mãe, e esta fazia um gesto de desaprovação segundo a vidente. Mais tarde, quando se fez tal  quantidade de Rosários  que Alphonsine tinha no braço  para apresentar   um a um, os Rosários das pessoas de pouca fé caíam no chão.

Em outra oportunidade os peregrinos viram a dança do sol como em Fátima.

A ADVERTÊNCIA SOBRE O MASSACRE

Em 19 de agosto de 1982 foi um dia muito especial, a Virgem   apareceu às jovens e todas a veem muito triste e sumamente contrariada. Ela chora e as videntes choram com Ela, tremem. Mais de uma vez se  vê caírem pesadamente.

As aparições duraram, ininterruptamente, mais de oito horas. Ela lhes mostrava imagens aterradoras do futuro: pessoas que se matavam entre elas, terríveis batalhas, rios de sangue, cadáveres abandonados, insepultos, um abismo aberto, uma árvore toda de fogo, corpos decapitados. Nesse dia havia 20.000 pessoas presentes. Na multidão ficou uma forte impressão de medo, de pânico, de tristeza.

Maria advertiu os videntes que se o povo ruandês não se convertesse e afastasse  do pecado, o ódio e a corrupção, um massacre ia  açoitar a Nação.

Tudo isto ocorreu muitos anos antes do massacre de 1994, e inclusive se escreveram livros e filmaram documentários referidos a estas visões arrepiantes, antes  que a realidade confirmasse as profecias que o Céu realizou ali.



O MASSACRE

Quando em 6 de abril de 1994, Habyarimana (presidente de Ruanda) e o presidente de Burundi faleceram em um acidente aéreo (não de tudo livre de suspeitas de ser um atentado), a violência recrudesceu entre os Tutsis e os Hutus. Desatou-se então um  dos maiores massacres da história da humanidade em Ruanda. Doze anos depois da advertência de Maria.

Nos  anos seguintes, se lê que foram exterminadas mais de um milhão de pessoas, incluindo 3 bispos, 123 sacerdotes e mais de 300 religiosos, centenas foram queimados vivos em Butare, cidade próxima a Kibeho; mais de dois milhões (um terço da população) fugiu para o Zaire, e a cólera e a malária fizeram estragos nos campos de refugiados.

Milhares de cadáveres jaziam sem sepultura em toda  parte, muitos deles decapitados; centenas de cadáveres foram atirados no rio Kagera ensanguentando suas águas.

Em Kibeho foram massacrados 10.000 Tutsis que se tinham refugiado na Igreja paroquial, e um ano depois outros 8.000 foram assassinados na praça em que as videntes tiveram a visão do  massacre.

Não se sabe o paradeiro de todos os videntes. Dizem que a família de Alphonsine foi assassinada e ela pôde se refugiar  no Zaire. Pensa-se que Marie Clarie, Emanuel e outros videntes foram assassinados.

A Igreja Católica foi perseguida a partir de então, diminuindo em grande medida o índice de católicos no país.


O RECONHECIMENTO DA IGREJA

  Em 1982, o bispo nomeou uma comissão médica e depois uma teológica, mantendo uma postura favorável para os acontecimentos.

Em 15 de agosto de 1988, o bispo Jean Baptiste Gahamanyi aprovou a devoção pública, mediante a dedicação do Santuário de Kibeho a “Nossa Senhora das Dores”.

Finalmente as aparições foram aprovadas em junho de 2001. Na   “Declaração sobre o julgamento definitivo das aparições de Kibeho”, dada a conhecer em 29 de junho pela Sala de Imprensa da Santa Sé, o bispo de Gikongoro, Augustin Misago, declarou críveis as afirmações de ao menos três dos sete videntes: Alphonsine Mumureke, Nathalie Mukamazimpaka e Marie Claire Mukangango, que asseguraram ter visto a Virgem. Disse o bispo Misago: “Sim, a Virgem Maria  apareceu em Kibeho no dia 28 de novembro de 1981 e no decurso de seis meses. "

 No entanto, o bispo ruandês esclareceu que não pôde afirmar a veracidade de todas as pessoas que dizem ter recebido aparições.

Segundo sua declaração, “ correspondeu satisfatoriamente a todos os critérios estabelecidos pela Igreja em matéria de aparições e revelações privadas”.

“Pelo contrário, a evolução dos presumíveis videntes sucessivos [outras quatro pessoas], sobretudo após acabar suas aparições, deixa ver situações pessoais inquietantes, que  reforçaram as reservas já existentes a respeito deles”.

O Vaticano publicou a declaração do Arcebispo Misago em 29 de junho de 2001, o qual é um sinal do apoio da Santa Sé às aparições de Kibeho.

A Igreja de Ruanda aprovou a aparição em meio de uma perseguição iniciada pelo governo local contra a Igreja. Em maio de 2001 o bispo Monsenhor Misago (que reconheceu as aparições) foi encarcerado pelo governo ruandês, acusado de ter participado no massacre de 1994.

Em 2003, o então prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos –o cardeal Crescenzio Sepe- consagrou no lugar das aparições o Santuário Mariano dedicado a Nossa Senhora das Dores em Kibeho, e manifestou sua esperança de que o ponto de peregrinação se transformasse num lugar em que nascesse um povo ruandês renovado na fé e no perdão.

  
Juan Garcia Inza, é autor, editor e responsável pelo Blog 'Uma alma para o mundo', alojado no espaço da web de www.religionenlibertad.com

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sábado, 1 de março de 2014

Moderno o aborto? Assim louvava Lenin há 100 anos... e criticava a anticoncepção por burguesa.

ReligionenLibertad.com

Aborto legal: a URSS o inventou, o Ocidente o consagrou

Moderno o aborto? Assim  louvava Lenin há 100 anos... e criticava a anticoncepção por burguesa

¿Moderno el aborto? Así lo alababa Lenin hace 100 años... y criticaba la anticoncepción por burguesa
Lenin repassou ao Pravda para assegurar-se que tudo estava como ele gostava... mesmo quando a imprensa da URSS em 1920 permitiu alguns textos contra a legalização do aborto.

Pablo J. Gines/T. Fedotova / ReL- 27 fevereiro 2014-religionenlibertad.com

O aborto legal não é moderno nem democrático: é uma invenção comunista, e a URSS de Lenin foi o primeiro país ocidental a legalizar.

Manter o aborto legal é manter uma bárbara prática da época dos genocídios.

O grande legado de Lenin para o Ocidente foi o aborto. A URSS já se foi. O aborto legal ficou.

No livro de 1990 de Rudolph Rummel Lethal Politics: Soviet Genocide and Mass Murder Since 1917, se calcula que o Terror Vermelho sob o governo de Lenin (de 1918 a 1922) pôde deixar 1 milhão de mortos. São cifras matizadas. Mas ninguém mais reivindica seguir praticando mais "Terror Vermelho" e em troca se mantém e amplia o aborto. Isso é deixar um legado. Isso é o que o Ocidente "fez seu" e quer exportar à América Latina.

Para entender o que Lenin pensava e implementou sobre o aborto fomos ao libro de Aleksander Maysurian Grani Revolutsii (“Facetas da Revolução”, em russo em http://leninism.su/books/3599-drugoj-lenin.html?start=13 ).

O aborto, um "direito"... Lenin dixit
Os bolcheviques foram os primeiros na Europa a legalizar os abortos. Lenin ainda em 1913 se pronunciava ela “abolição incondicional de todas as leis de perseguição do aborto”. Classificava o direito de abortar como “verdades básicas dos direitos democráticos do cidadão e cidadã”.

(Então,  chamar o aborto "direito" é uma prática leninista, não algo que figure na Declaração dos Direitos Humanos).

Em 18 de novembro de 1920 Lenin assinou o decreto que permitiu o aborto. A partir de então, todas as mulheres obtiveram o direito de interromper artificialmente sua gravidez durante os três primeiros  meses.

Trotsky o comparou a sacrifícios humanos
Nem todos os comunistas estavam a favor, aponta Maysurian. Leon Trotsky considerava nessas datas que no futuro (se refere ao “futuro luminoso” próspero e mítico da sociedade sem classes) “a mesma ideia de legalização sobre o aborto e divórcio soará pouco melhor que as recordações sobre os bordéis ou sacrifícios humanos”.

A imprensa da URSS nesses anos 20 tratou o tema com certa liberdade, nem sempre a favor do aborto. Alguns jornalistas, alarmados, temiam que se instalasse uma “pandemia aborteira”. Às vezes o tema do aborto  combinava com outro tema em voga: o ateísmo. Assim, em 1924, na vinheta de Konstantin Gotov na revista satírica “Krokodil”, a Virgem Maria, grávida, olhava o cartaz de rua que anunciava o espetáculo da época “O Aborto”. A Mãe de Deus se lamentava: “Oxalá  tivesse sabido…”

“É preciso dizer que a zombaria barata resultou ser faca de dois gumes e logo se converteu em uma piada  aplicada às mães dos líderes do Estado soviético”, comenta Maysurian.

Curiosamente, apesar do novo direito soviético ao aborto, a natalidade na Rússia Vermelha dos anos 20 crescia. Sua principal explicação era a famosa permissão de maternidade para as mulheres, que até agora se chamava “férias do decreto”, que abarcava os dois últimos meses de gestação e o  primeiro  mês e meio depois do parto.

Durante todo esse período as mulheres ganhavam seu salário total. Em 1920 por cada mil  habitantes, nas cidades russas nasceram 21,7 crianças, em 1923 (com o aborto legalizado), 35,3. Em 1927, para cada mil  pessoas nasciam 45 bebês.



Abortismo antes de Lenin: filtros
É claro, houve abortismo antes de Lenin. Todas as correntes eugenistas e pragmáticas que percorriam os Estados Unidos, os países nórdicos, as sociedades eugenistas, parte da classe médica… tudo o que na Alemanha se converteria depois na “medicina nazista”, se vendia como o mais humano e moderno. Muitos se negavam a comprar este produto. E outras vezes, no debate bioético de há 100 anos se davam sinais que hoje nos podem assombrar.

Uma autora que  estudou essa “pré-história” do aborto é Irene Vasilievna Siluyanova (em http://www.r-komitet.ru/zdravie/abort-sil.htm ). Isto é o que ela explica.

Qual foi a peculiaridade do tratamento do tema do aborto na classe médica russa? Precisa dizer que os médicos russos, antes de 1917, discutiram muito vivamente este tema. Todos os jornais e revistas se encheram de artigos de médicos russos que examinavam o problema. Em 1900, em princípios do século, o doutor Kotumskiy escreveu: “O ginecologista não tem direito, nem legal nem moral, de praticar uma embriotomia de um feto vivo”. Em 1911, o doutor Shabad considerava que o aborto era um mal social.

Siluyanova constata o paradoxo deste mesmo doutor Shahad foi o primeiro a buscar “filtros” e “desculpas” para o aborto despenalizado (em uma sociedade com uma obstetrícia muitíssimo mais rudimentar  que a que temos no século XXI). E o fez recorrendo a Maimonides, o médico e teólogo judeu medieval, um espanhol que sentou cátedra no Egito.

Nos casos de grave perigo de morte para a mãe, os médicos recorriam à seguinte ideia cristã (Siluyanova especificou a “católica”): “mais vale a vida eterna do bebê que a vida terrena da mãe”. Era importante poder batizar o bebê e salvar sua alma. Os médicos tinham claro que todos morremos, e o importante é não matar.

Shahad, de origem judia, nesse ano de 1911 citou a Maimonides que ensinava: “não ter piedade para com o atacante”. E o Dr. Shabad entendeu este princípio como uma permissão para poder matar o filho no seio materno se se pratica para salvar a vida da mãe: o bebê seria o equivalente a “um atacante”. Esse aborto concreto, segundo Shabad, não seria crime e não devia ser penalizado. De tal forma, em 1911, a discussão ética chegou a ser muito forte.

Distinguir o legal e o ético?
Hoje, muitos dizem que no 12º Congresso médico Pirogov em 1913, quatro anos antes  que os bolcheviques tomassem o poder, a classe médica russa já estava a favor do aborto legal. Mas Siluyanova o matiza muito.

“Sempre, na literatura atual, os resultados deste congresso se tergiversam. No 12º Congresso Pirogov de 1913 não houve nenhum médico que duvidasse da imoralidade desta prática. Citarei uma frase do resumo deste congresso: “Mal parto criminal, infanticídio, utilização de meios anticonceptivos, é um sintoma da enfermidade [moral] da humanidade contemporânea”.

Os médicos russos, e o resumo o confirma, se mostravam alarmados diante da formação de uma classe específica de profissionais “mata-fetos”. Os chamavam de uma forma pouco agradável: “vykidyshny dyel masterami”, difícil de traduzir, algo assim como “mestres artífices do matar crianças por nascer”.

Inclusive hoje, na Espanha de 2014, os que praticam abortos são uma sub-classe médica muito especializada e concreta, mal vista pelos companheiros, que gastan suas grandes ganâncias em comprar algo de respeitabilidade colegial e delegar muitos abortos em estudantes pobres e em práticas.

Assim falava o professor Vygodskiy, segundo o mesmo resumo: “Deve ser conservado o ponto de vista sobre o mal-parto artificial como um mal e assassinato. Dedicar-se profissionalmente a praticar extirpações fetais é inadmissível para um médico”.

O professor Verigo propunha uma matização: não penalizar o aborto “sem ânimo de lucro”. “Cada aborto praticado por um médico em troca de remuneração, deve ser castigado, enquanto que um aborto, praticado por um médico sem ânimo de lucro, tem de ser despenalizado”.

Muito mais esperto e até profético, outro médico, o doutor Shpankov escreveu: “Existe uma ligação inegável entre a cultura contemporânea e a diminuição do valor da vida. O aborto e o suicídio são manifestações da mesma ordem”.
Pouco podia prever ele o pouco que ia valer a vida humana na Rússia e toda a Europa nos seguintes 40 anos!

Uma citação mais do Congresso, emotiva e importante: “Nenhum médico que se aprecie, que entenda corretamente as tarefas da medicina, praticará um aborto exclusivamente segundo o desejo da mulher. Ao contrário, se guiará pelas indicações médicas. Nós os médicos sempre respeitaremos o mandamento de Hipócrates de que a medicina serve para conservar e alongar a vida humana e não para destruí-la mesmo sendo em estado embrionário”.

Nas atuais sociedades médicas espanholas, que autoridade colegial  afirmaria hoje uma frase assim, pré-soviética? Hoje na Espanha é mais fácil encontrar burocratas colegiais que afirmem as frases de Lenin que publicaremos um pouco mais abaixo.

O certo é que em 1913, no Congresso Pigorov, cem por cento dos médicos consideravam imoral o aborto, mas uma porcentagem considerava que se podia despenalizar a prática –só iam pensar em casos extremos de emergência médica- e nunca com ânimo de lucro.

Na prática, este filtro separou o tema de  moral  do legal: nos documentos finais do congresso, estes dois aspectos estão nitidamente divididos.

Porém o debate de 1913 não era improvisado. Já nos anos anteriores se tinha debatido o aborto provocado, ou como o chamavam na época, os “mal-partos artificiais”.



 E Lenin o que diz disto?
Precisamente disso escrevia Lenin no “Pravda” em 1913, remetendo-se a fontes anteriores, o congresso Pirogov de 1887, cheio de   malthusianismo e já de mentalidade anticonceptiva.

O artigo de Lenin sobre o aborto em 1913 (quando ele ainda não era um assassino de massas e a Europa ainda não sangrava na Grande Guerra) é curioso: defende o aborto, mas critica a anti-concepção. A anti-concepção é burguesa, diz, consiste em ser “o casal” e que não se nasçam mais. Demasiadas pessoas levam à revolução, temem os burgueses.

“Somos uns inimigos acérrimos do Neo-malthusianismo , essa corrente de um casal aburguesado, engessado e egoísta, que balbucia, temeroso: que deus nos permita manter-nos à tona, mas não necessitamos de filhos…”, escrevia Lenin, que enfermo de sífilis nunca teve filhos.

Mas o aborto ilegal, acrescenta, é hipócrita, uma hipocrisia burguesa. Então deve ser legalizado… e não pensa mais no assunto nem na qualidade humana do feto. E escreve: “isso não nos impede de exigir uma abolição incondicional de todas as leis persecutórias do aborto ou da difusão dos trabalhos médicos sobre a anti-concepção e etc.”

O resultado é que um século depois, a Rússia, o país maior do mundo, com extensões infinitas sem povoar e vizinha da populosíssima China, está perdendo população, cada mulher russa de certa idade sofreu entre 3 e 6 abortos provocados, e as crianças russas que se educam com seu pai em casa são uma minoria.



Alguns estão celebrando o 90 aniversário de sua morte... através do abortismo segue vivo em nossos parlamentos

Posto que a ideologia abortista é hoje hegemônica em muitos parlamentos… e começou sendo-o na URSS e na mente de Lenin, nos parece educativo copiar na íntegra seu artigo do Pravda, um artigo que completou 101 anos, e marcava as linhas do abortismo (chamá-lo "direito", por exemplo)… e algumas de suas contradições internas. (A respeito de sua descrição do Congresso Pigorov de 1887, tampouco tem que crer que seja especialmente verídica nem documentada)

Classe operária e  o Neo-malthusianismo , por Vladimir Ilych, “Lenin”
Escrito em 6(19) de junho de 1913
Publicado em 16 de junho de 1913 no “Pravda” Nº 137

No congresso Pirogov dos médicos de 1887, muito interesse e muitos debates se centraram na questão do aborto, ou seja, realização de mal-partos artificiais. O conferencista Lichkus assinalou os dados de uma grande difusão dea extirpação do feto nos assim chamados países cultos de nosso tempo.

Em Nova York em um ano houve 80.000 mal-partos artificiais, na França, são 36.000 ao mês. Em Petersburgo, nos últimos 5 anos a porcentagem dos mal-partos artificiais mais que dobrou.

O congresso de médicos Pirogov tomou a resolução de que nunca há de ter lugar uma perseguição penal das mães por um aborto provocado, e os médicos só  deveriam serem julgados no caso de terem “propósitos de lucro”.

Nos debates, a maioria se pronunciou a favor da despenalização do aborto, e, lógico, foi tocada a questão sobre o assim chamado  Neo-malthusianismo (métodos anticonceptivos artificiais), tratando, também,  a parte social do assunto. Por exemplo, o Sr. Vigdorchik, segundo publicou “Russkoye Slovo”, manifestava que “tinha que acolher as medidas que protejam da concepção”, e o Sr. Astrajan exclamava, recebendo uma ovação:

“Temos que convencer as mães  de parir filhos, para  os mutilarem nos centros docentes, para  os lançarem à sorte, para    os empurrarem para se suicidar!”

Se a notícia sobre a ovação que foi resposta à exclamação de Astrajan é certa, não me assombra. Os espectadores eram uns burgueses, pequenos e medianos, com uma psicologia burguesa. Que outra coisa era de esperar deles além do liberalismo mais vulgar?

Porém do  ponto de vista da classe operária, acaso será possível encontrar uma demostração más gráfica de todo o reacionário e miserável que é o Neo-malthusianismo  social” que a citada frase de Astrajan.

“… Parir filhos para que os mutilassem…” Só  para isso? Por que não, para  eles o melhor, mais unidos, mais conscientemente, com maior decisão que a nossa, lutassem contra as condições de vida atuais que mutilam e matam nossa geração?

Precisamente aqui reside a diferença mais profunda da psicologia de um camponês, artesão, intelectual, um pequeno burguês em geral, da psicologia de um proletário. Um pequeno burguês vê que está se acabando, que a vida se faz mais insuportável, a luta pela sobrevivência mais atroz, a situação de sua família mais desesperada. É um fato irrefutável. E o pequeno burguês protesta contra tudo isto.

Mas,  como protesta?

Protesta como um representante de uma classe irreversivelmente moribunda, desesperada por seu futuro, encurralada e covarde. Não há nada que fazer, ao menos tenhamos menos filhos sofredores de nossa desgraça e suplício, de nossa miséria e nossa humilhação,   esse é o grito do pequeno burguês.

Um operário consciente está infinitamente longe deste ponto de vista. Não deixará se ofuscar  com tais gritos, mesmo sendo muito sinceros e sofridos. Sim, nós os operários, e uma massa de pequenos proprietários, levamos uma vida cheia de um jugo insuportável e sofrimento. Nossa geração tem  pior carga que nossos pais. Mas em algo somos muito mais felizes que nossos pais. Aprendemos e seguimos aprendendo rapidamente a lutar- e não em solidão, como o faziam os melhores de nossos pais, não em nomes  alheios ao nosso interior slogans dos charlatães burgueses, mas em nome de nossos próprios slogans, os slogans de nossa classe. Lutamos melhor que nossos pais. Nossos filhos lutarão ainda melhor, e vencerão.

A classe operária não morre mas cresce, se afirma, se consolida, se unifica, se instrui e se ajusta na luta. Nós somos uns pessimistas a respeito da escravidão, capitalismo e pequena indústria, mas somos uns ardentes otimistas a respeito ao movimento operário e seus fins. Já estamos lançando cimentos do novo edifício que acabarão os nossos filhos.

E é por isso – e só  por isso – somos uns inimigos mais ferrenhos do Neo-malthusianismo, essa corrente de um casal aburguesado, oprimido e egoísta, que balbucia, temeroso: que deus nos permita manter-nos à tona, mas não necessitamos de filhos.

Depois, isso não nos impede de exigir uma abolição incondicional de todas as leis de perseguição do aborto ou da difusão dos trabalhos médicos sobre a anticoncepção e etc. Tais leis não são outra coisa que a hipocrisia das classes opressoras. Essas leis não curam as enfermidades do capitalismo mas as converte e, umas especialmente corrosivas, pesadas para as massas oprimidas. Uma coisa é a liberdade da propaganda médica e proteção das verdades básicas dos direitos democráticos do cidadão e cidadã. E outra coisa é a doutrina social do neo-maltusianismo. Os operários conscientes sempre lutarão sem piedade contra as tentativas de subjugar com esta doutrina covarde e reacionária   à classe mais vanguardista, mais forte, a mais preparada para realizar grandes mudanças da sociedade contemporânea.

Escrito em 6(19) de junho de 1913
Publicado em 16 de junho de 1913 no “Pravda” Nº 137


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