Trocando de roupa para o Banquete Nupcial

Trocando de roupa para o Banquete Nupcial
Caminhada para o Céu

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Até mesmo nesta vida Sua Majestade paga por vias que só quem goza disso o entende. Isto sei-o por experiência, como tenho dito, em muitas coisas difíceis.Santa Teresa de Jesus



CAPÍTULO 4. Diz como o Senhor a ajudou a convencer-se a si
mesma para tomar o Hábito e as muitas enfermidades que Sua
Majestade lhe começou a dar.

1. Nestes dias em que andava com estas determinações havia
persuadido a um meu irmão que se fizesse frade, falando-lhe da
vaidade do mundo. E combinamos entre nós ir um dia, muito cedo, ao mosteiro onde estava aquela minha amiga que eu tinha muita afeição. 

Nesta minha última determinação eu já estava decidida que iria para qualquer convento onde pensasse servir mais a Deus ou que meu pai quisesse. Eu  olhava ao remédio da minha alma, porque não fazia  caso do descanso.

Recordo-me,  com toda a verdade, que quando saí
de casa de meu pai foi tal a aflição, que não creio que seja  maior quando eu morrer. Parece que cada osso se separava um do outro, pois, como não tinha o amor de Deus a contrabalançar o amor de pai e parentes, fazia  tudo com uma força tão grande que, se o Senhor não me ajudasse, não teriam bastado as minhas considerações para ir adiante. Aqui deu-me o Senhor ânimo contra mim, de maneira que o pus em obra.

2. Ao vestir o Hábito, logo o Senhor me deu a entender como
favorece os que se esforçam para O servir. Isto ninguém percebeu
em mim, mas sim uma grandíssima vontade. Nessa altura deu-me um tão grande contentamento de estar naquele estado, que jamais me faltou até hoje. Deus mudou a aridez da minha alma numa
grandíssima ternura. Davam-me deleite todas as coisas da Religião.

E verdade que andava varrendo algumas vezes nas horas que
costumava me ocupar em me enfeitar e divertir, e, lembrando-me que estava livre daquilo, me dava uma nova alegria que me espantava e não podia entender de onde me vinha.

Quando  me lembro disto, não há coisa que se ponha diante de mim,
por difícil que seja, que duvide de a cometer. Já tenho experiência
em muitas coisas, se  a princípio me esforço para me determinar a fazê-lo (sendo só por Deus), Ele quer -para mais merecermos - que a alma sinta aquele pavor até começar e quanto maior for, se se vai por diante, maior e mais saboroso o prêmio se torna depois. 

Até mesmo nesta vida Sua Majestade paga por vias que só quem goza disso o entende. Isto sei-o por experiência, como tenho dito, em muitas coisas difíceis; e assim, jamais aconselharia, se fosse
pessoa que tivesse aconselhar que, quando uma boa inspiração
nos bate à porta muitas vezes, se deixe com medo de a pôr em obra.
Se é desnudamente só por Deus, não há que temer que suceda o mal, que poderoso Ele é para tudo. Seja bendito para sempre. Amém.

3. Bastavam, ó sumo Bem e descanso meu!, as graças que me
tendes feito até aqui, trazendo-me - por tantos meios da Vossa
piedade e grandeza - a este estado tão seguro e nesta casa onde havia muitas servas de Deus, das quais eu pudesse ter o exemplo para ir crescendo em Vosso serviço. Não sei como hei-de passar daqui, quando me recordo o modo da minha profissão e a grande
determinação e contentação com que a fiz e do desposório que fiz
conVosco. Isto não o posso dizer sem lágrimas, e haviam de ser de
sangue e me quebrar  o coração, e não seria muito pesar para o
que depois Vos ofendi.

Parece-me agora que tinha razão em não querer tão grande
dignidade, pois tão mal havia de usar dela. Mas Vós, Senhor meu,
quisestes ser - quase vinte anos em que usei mal desta graça - o
agravado, para que eu fosse melhorada. 
Não parece, meu Deus, senão que prometi não guardar coisa do que Vos havia prometido, embora não fosse essa então a minha intenção. Mas vejo depois as minhas obras, que não sei que intenção tinha, a não ser para que mais  veja quem Vós sois,   meu Esposo, e quem eu sou. 

Pois é verdade que muitas vezes tempero o pesar das minhas grandes culpas com a alegria que me dá compreender  a multidão das Vossas misericórdias.

4. Em quem, Senhor, podem elas assim resplandecer como em mim,
que tanto obscureci, com minhas más obras, as grandes graças que
  começastes a me fazer? Ai de mim, meu Criador, que, se quero dar
desculpas, não tenho nenhuma, nem tem ninguém a culpa senão eu!

Porque se eu Vos pagasse algo do amor que começastes a me
mostrar, não o poderia eu empregar em ninguém senão em Vós e
com isto remediava tudo. Pois não o mereci, nem tive tanta
ventura, valha-me agora, Senhor, a Vossa misericórdia.

5. A mudança de vida e de manjares fez-me dano à saúde e embora o contentamento fosse muito, não bastou. Começaram-se-me a
aumentar os desmaios e deu-me um mal do coração tão
imensamente grande que causava espanto a quem o via, e outros
muitos males juntos, e, assim, passei o primeiro ano com muito má
saúde, todavia parece que não ofendi nele muito a Deus. 

E como o mal era tão grave que me privava quase sempre dos sentidos - e algumas vezes de tudo ficava sem eles - era grande a diligência que meu pai fazia para buscar remédio. Como não lhe dessem os médicos daqui, procurou levar-me a um lugar que tinha muita fama de se curarem ali outras enfermidades e assim disseram que fariam à minha enfermidade. Foi comigo essa amiga de quem já falei e era antiga na casa.
No convento onde eu era freira não se prometia clausura.

6. Estive, quase um ano, ali padecendo durante três meses tão
grandíssimos tormentos em curas tão violentas que me fizeram,
que não sei como as pude sofrer. Enfim, embora as sofresse, não as
pôde suportar o meu natural, como direi.

Havia de começar a cura no princípio do Verão e eu fui no princípio
do Inverno. Todo este tempo estive em casa da minha irmã que
disse que vivia na aldeia, esperando o mês de Abril, porque estava
ali perto e para não andar de lá pra cá.

7. Na ida, aquele meu tio que já disse estar no caminho, deu-me um
livro: chama-se «Terceiro Abecedário». Trata de ensinar oração de
recolhimento. E, embora neste primeiro ano tivesse lido bons livros
(pois não quis mais usar os outros, porque já entendia o mal que
me haviam feito), não sabia como proceder na oração nem como
recolher-me. 

Assim aproveitei muito dele e determinei-me a seguir
aquele caminho com todas as minhas forças. Como já o Senhor me
tinha dado o dom de lágrimas e gostava de ler, comecei a ter esses
momentos de solidão e a confessar-me sempre e a começar aquele
caminho tendo aquele livro por mestre; porque eu não encontrei
mestre - digo confessor que me entendesse -, embora procurasse
durante vinte anos, depois do que contei. Isto fez-me muito
mal e voltei muitas vezes atrás e até de modo de me perder, porque, se o fosse, ajudar-me-ia a sair das ocasiões que tive de ofender a
Deus.

Começou Sua Majestade a dar-me muitas graças nestes
princípios. Foram quase nove meses os que passei nesta solidão,
embora não tão livre de ofender a Deus como o livro me dizia; mas
sobre isso eu passava parecendo-me quase impossível tanta
guarda. 

Tinha de não cometer  pecado mortal e prouvera a Deus que
tivesse tido sempre. Dos veniais, fazia pouco caso e isto foi o que
me arruinou. Começou-me, pois, Sua Majestade a fazer tantas
graças nestes princípios e a regalar-me tanto por este caminho que,
 ao fim do tempo de  estar aqui, me a graça  de me conceder 
oração de quietude e algumas vezes chegava à de união, embora eu
não entendesse o que era uma e outra e  apreciava muito,
pois creio me foi grande bem entendê-lo. 

Verdade é que durava tão pouco esta união que não sei se seria uma Ave-Maria; mas ficava com uns efeitos tão grandes que, não tendo neste tempo vinte anos, me parecia trazer o mundo debaixo dos pés, e assim recordo-me que me faziam pena os que seguiam o mundo, embora fosse em coisas lícitas.

Procurava mais que podia trazer Jesus Cristo, nosso Bem e
Senhor, presente dentro de mim e este era o meu modo de oração:
se pensava em algum passo, representava-O no interior, embora
gastasse mais tempo em ler bons livros, que era toda a minha
recreação. 

É que Deus não me deu talento para discorrer com o entendimento nem de me aproveitar da imaginação. Tenho-a tão entorpecida que, até para pensar e representar trazer em mim - como
procurava fazer - a Humanidade do Senhor, não conseguia. 

E ainda por esta via - por não poderem ajudar-se do entendimento - as almas chegam mais depressa à contemplação se perseveram, é
muito trabalhoso e penoso. Se falta a ocupação da vontade e o amor
ter coisa presente em que se ocupe, fica a alma como sem arrimo
nem exercício; causa grande pena a solidão e a aridez e dão
grandíssimo combate os pensamentos.

8. A pessoas que tenham esta disposição convém-lhes ter mais
pureza de consciência que as que podem operar com o entendimento.

Porque, quem medita no que o mundo é, e no que deve a Deus, 
no muito que Ele sofreu, no pouco que O serve, e o que o Senhor
dá a quem O ama, aprende a doutrina para se defender dos maus pensamentos e das ocasiões e perigos. 

Mas, quem não se pode aproveitar disto, tem maior perigo ou dificuldade e convém-lhe ocupar-se muito na leitura, pois  de sua parte não pode tirar nenhuma ideia ou consideração.

Àqueles que procedem desta maneira, em lugar de oração mental
que não podem ter, é-lhes necessário ler, embora seja pouco o que
lêem. E tão penosíssima é esta maneira de proceder que, se o
mestre que ensina insiste em que a oração seja sem leitura - o que
ajuda muito a recolher a alma em oração - e, sem esta ajuda, os
fazem estar muito tempo na oração, digo que será impossível
permanecerem muito nela, e fará mal à saúde se se confia , porque é coisa muito penosa.

9. Agora parece-me que o Senhor providenciou que não encontrasse quem me ensinasse, porque foi impossível - segundo julgo - perseverar os dezoito anos que passei este trabalho e em todos eles grandes aridezes, por não poder, como digo, meditar. 

Em todos eles, a não ser acabando de comungar, jamais ousei começar  ter oração sem um livro. Temia tanto minha alma estar sem ele na oração, como se contra muita gente saísse a pelejar. 

Com esta ajuda - que era como que uma companhia ou escudo em que aparava os golpes dos muitos pensamentos - andava consolada porque a aridez não era o normal, mas, sempre que me faltava livro, logo se desbaratava a minha alma. E os pensamentos, que andavam perdidos, com isto começava eu a recolher e a levar a alma como de um fôlego.

Muitas vezes, abrindo o livro, nada mais era preciso. Outras lia
pouco, outras muito, conforme a graça que o Senhor me fazia.
Parecia-me a mim, nestes princípios que digo, que, tendo eu livros e
tendo solidão, não havia perigo que me arrancasse de tanto bem; e
creio que - com a ajuda de Deus - fosse assim, se tivesse tido mestre
ou pessoa que me avisasse de fugir das ocasiões nos princípios e
me fizesse sair, com brevidade, se nelas entrasse. 

E, se então o demônio me tivesse acometido a descoberto, julgo que, de modo algum, eu voltaria a pecar gravemente. Mas foi tão sutil e eu tão ruim, que todas as minhas determinações de pouco me
aproveitaram, ainda que de muitíssima ajuda os dias que servi a
Deus, para poder sofrer as terríveis enfermidades que tive, com tão
grande paciência como a que Sua Majestade me deu.

10. Muitas vezes tenho pensado, espantada, na grande bondade de
Deus e a minha alma tem-se regalado de ver a Sua grande
magnificência e misericórdia. Seja bendito por tudo! Tenho visto
claramente Ele não deixar sem paga, até mesmo nesta vida, nenhum
desejo bom. 

Por ruins e imperfeitas que fossem minhas obras, este
meu Senhor as ia melhorando e aperfeiçoando e dando valor. Os
males e pecados logo os escondia. Até os olhos de quem as viu
permite Sua Majestade que fiquem como cegos e lhes tira da
memória; doura as culpas; faz resplandecer uma virtude que o
mesmo Senhor põe em mim, fazendo-me quase força para que a
tenha.

11. Quero voltar ao que me mandaram. Digo que, se houvesse de
dizer sempre o modo como o Senhor fez comigo nestes
princípios, seria necessário outro entendimento - e não o meu - para saber encarecer o que neste caso Lhe devo e a minha grande ingratidão e maldade, pois tudo isto esqueci. Seja para sempre bendito, que tanto me tem suportado. Amém.

LIVRO DA VIDA - Santa Teresa de Jesus de Ávila


domingo, 3 de maio de 2015

Alerta! Sai à luz a arma com a qual tentam destruir a Igreja Católica.



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Alerta! Sai à luz a arma com a qual tentam destruir a Igreja Católica

Padre Francisco Javier Dominguez  - 29 abril, 2015  

Há meses a gente vem observando como a maioria dos bispos alemães levantaram a bandeira herética da administração da Sagrada Comunhão  aos divorciados que sem ter a nulidade matrimonial voltaram  a se casar no civil, e em tudo alegando a “Misericórdia” mas não a Verdade de Nosso Senhor Jesus Cristo que com tanta clareza nos disse:

Mateus 5, 27-30

Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo: todo aquele que lançar um olhar de cobiça para uma mulher, já adulterou com ela em seu coração. Se teu olho direito é para ti causa de queda, arranca-o e lança-o longe de ti, porque te é preferível perder-se um só dos teus membros, a que o teu corpo todo seja lançado na geena. E se tua mão direita é para ti causa de queda, corta-a e lança-a longe de ti, porque te é preferível perder-se um só dos teus membros, a que o teu corpo inteiro seja atirado na geena.

Este fato, inusual na Igreja, de  querer administrar  a Sagrada Comunhão para pessoas que vivem em  pecado foi aplaudida  por muitos bispos latino-americanos,  colocando como modelo a atuação da Igreja Alemã.

Milhares de sacerdotes e leigos de todo o mundo, nos preguntávamos em oração o que estava passando no coração de tantos bispos e sacerdotes alemães  e latino-americanos para estarem  fechados à luz do Evangelho e sobretudo nessa falta de zelo apostólico pela salvação das almas, que é o porque Deus nos  concedeu este ministério, para ajudar as almas a chegarem ao céu.

Muitos de nós, imaginávamos o que podia estar ocorrendo. Porém  foi no Domingo IV de Páscoa pela manhã quando vendo o  que seguimos na web do Padre Santiago Martin www.magnificat.tv    encontramos em seu comentário editorial uma bomba  relógio que nos  manifestava a causa da mudança de coração em tantos sacerdotes e bispos alemães. Assim dizia o comentário editorial:


“Em um Informativo oficial da Igreja Alemã, nos dizem  os bispos que  52% dos sacerdotes alemães não se confessam nunca ou quando muito o fazem uma vez por ano e  42% dos sacerdotes não rezam nunca ao longo do dia, nem o ofício divino (que é uma obrigação grave de todos os sacerdotes), nem o Santo Rosário, nem a Visita ao Santíssimo ou a oração pessoal…

São estes mesmos sacerdotes e esta conferência episcopal  que promulga que se pode dar a comunhão aos divorciados e que tornaram a se casar”.

Que forte!

Sacerdotes, curas de almas, pastores do rebanho de Deus, os que têm que sair para o mundo como instrumentos de Deus para salvar   as almas… Não se confessam nem rezam. Que Forte!

Agora se entende tudo. Que astuto é o demônio. Como meter a malíssima cizânia no coração dos sacerdotes e assim fazer que estes não se preocupem com a Salvação das almas? Afastando-os da oração e da confissão. Se os sacerdotes não rezam nem se confessam… O que eles dão às almas? Eles dão mundo, mundanidade,  mas não a Salvação de Cristo.

E onde foram preparados  estes homens que não rezam nem se confessam para ser sacerdotes? NOS SEMINÁRIOS.

E quem têm que cuidar dos seminários como se fossem a pupila de seus olhos de forma que saiam  dali Santos Sacerdotes?

OS BISPOS.

Melhor dizendo, o demônio está fazendo estragos nos seminários. É a forma mais secreta de se encarregar  dos futuros sacerdotes. A maioria dos bispos não sabem, ou ao menos isso quero crer, na doutrina que se dão em seus seminários, nem na formação que recebem seus seminaristas, nem nas aspirações que há nos mesmos.

Queridos amigos, temos que rezar muito pelos seminários e os bispos. É aí onde nós temos a doutrina que chegará às paróquias, a cada alma. Se o demônio se mete nos seminários consegue chegar até a última alma do último povoado de uma diocese.

E sabem qual é o veneno que chega até a última alma do último povoado?

Só tem que ir a uma paróquia em uma Missa de defuntos. Escutem a homilia que se está dando há décadas às pessoas: “Rezemos por fulaninho que já está no céu”. Muitos Sacerdotes ensinaram às pessoas a falsa doutrina de que depois da morte não existe juízo particular, nem purgatório, nem céu nem inferno. Aqui todo mundo vai para o céu,  para todo o sempre. Porque Deus é Misericordioso com todos. Como se a Misericórdia de Deus fosse incompatível com a Justiça divina.

Quando as pessoas deixam de lutar para ir para o céu, quando as almas creem que faça o que faça vão para o céu… o demônio ganha a batalha.

Pergunta a alguém que conheça ou que encontrar pela rua: perdão. O que pensa você que há depois da morte? Pergunte também ao sacerdote do seu povoado, ou a uma catequista, ou a um seminarista, ou ao reitor do seminário  ou inclusive se atreve a perguntar ao seu bispo.

Quando não se luta na terra pela vida eterna junto a Deus, se vive cego e enfermo.

Padre Francisco Javier Dominguez
http://www.adelantelafe.com/alerta-sale-a-la-luz-el-arma-con-la-que-intentan-destruir-a-la-iglesia-catolica/

quinta-feira, 16 de abril de 2015

A Grande Divisão está aqui: Ponto (os bispos da Polônia) e Contraponto (Francisco).




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A Grande Divisão está aqui: Ponto (os bispos da Polônia) e Contraponto (Francisco)

RORATE CÆLI  13 abril, 2015  

Os Bispos da Polônia concluíram sua sessão plenária faz uma semana, e o parágrafo central de seu comunicado final foi uma forte reafirmação da doutrina da Igreja sobre a indissolubilidade do matrimônio e suas consequências na vida sacramental da fiel Igreja:

Declaração da reunião plenária da Conferência Episcopal da Polônia

Varsóvia, 12 de março de 2015.

De 11 a 12 de março de 2015, os bispos se reuniram na sede da Secretaria da Conferência Episcopal da Polônia em Varsóvia, em sua 368ª sessão plenária. També assistiu  arcebispo Celestino Migliore, Núncio apostólico na Polônia, e treze convidados da Conferência Episcopal.



3. Em vista do próximo Sínodo Extraordinário dos Bispos em Roma, os bispos farão uma reflexão sobre o matrimônio e a família. Esta reflexão  demonstra a importância da família desde a perspectiva das questões filosóficas, teológicas e jurídicas. Se identificou uma vez mais a importância imprescindível do sacramento do matrimônio e da família para o crescimento da vida cristã na Igreja. Se insistiu na necessidade de promover a pastoral das famílias, para fortalecer os fiéis na compreensão e o colocar em prática do matrimônio sacramental, tal como se entende como uma união sagrada e indissolúvel entre um homem e uma mulher. O ensinamento e a tradição da Igreja mostram que as pessoas que vivem em união não sacramental se privam da possibilidade de receber a Santa Comunhão. O cuidado pastoral  deve existir para  os que vivem neste tipo de união, para que possam ser capazes de manter a fé e continuar na comunidade da Igreja. O cuidado pastoral das uniões não sacramentais também deve ter em conta as crianças, que tem o direito de participar plenamente na vida e missão da Igreja. [*]

Assinado: os Pastores da Igreja Católica na  Polônia
Varsóvia, 12 de março de 2015.

***

Em sua homilia diária em Santa Marta na terça-feira, uma vez mais, Francisco fez uma  referência figurativa (ou não tão figurativa) para a questão da comunhão de certas pessoas, criticando os “doutores da lei”, baseado no evangelho de  “forma ordinária” para o dia – à vista dos debates que andam soltos por ele mesmo desde a promoção da tese do Cardeal Kasper sobre a “Misericórdia”; é evidente que a referência é sobre este tema.

Esta história [a cura do homem na piscina de Betesda], disse o Papa, trazendo sua reflexão ao presente, “que ocorre muitas vezes na vida: um homem -uma mulher- que se sente enfermo no espírito, triste, que cometeu muitos erros na vida, em um certo momento sente a agitação da água”. É “o Espírito Santo que move algo”,  ou a pessoa “ouve uma palavra” e reage: “Eu quero ir”. Assim, “se encontram com coragem e vão”. No entanto, “com qual frequência hoje nas comunidades cristãs” esse homem “encontra as portas fechadas”. Talvez ele ouça: “Não pode, não, não posso;  cometi  erros sobre este ponto e não posso. Se quiser vir, vai à Missa no domingo, mas detém-se ali, não faz nada mais“. [L’Osservatore Romano] 




Então aí está: a Igreja está dividida desde seu  lado superior. E agora o que acontece?

http://www.adelantelafe.com/la-gran-division-esta-aqui-punto-los-obispos-de-polonia-y-contrapunto-francisco/?utm_source=dlvr.it&utm_medium=facebook

domingo, 8 de março de 2015

EXCLUSIVA: RORATE CÆLI ENTREVISTOU O CARDEAL RAYMOND BURKE: Não ficou tema por cobrir nesta entrevista, e sua Eminência nos dedicou tempo com incrível generosidade.

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EXCLUSIVA: RORATE CÆLI ENTREVISTOU O CARDEAL BURKE
RORATE CÆLI - 2 março, 2015


Na semana passada, Rorate Caeli entrevistou por telefone o Cardeal Raymond Burke com relação a numerosos assuntos. Não ficou tema por cobrir nesta entrevista, e sua Eminência nos dedicou tempo com incrível generosidade. Demonstrou uma grande capacidade intelectual e também grande humildade. E não se pode deixar de reconhecer e apreciar sua preocupação pelos católicos tradicionais.
Nesta extensa entrevista, Sua eminência fala de temas  candentes da atualidade, como as ameaças das autoridades vaticanas a blogueiros; o crescente número de sacerdotes que se colocam sob a autoridade dele; o desmantelamento dos Franciscanos da Imaculada; como podem salvar sua alma os católicos tradicionais neste mundo moderno e conseguir que seus filhos recebam os sacramentos segundo o rito tradicional apesar dos bispos contrários à dita prática;la confusão diária que cria o Papa Francisco, e muitíssimo mais.

Esta entrevista se pode reproduzir em papel ou pela internet, com a condição de reconhecer a autoria de Rorate Caeli.



AUTORIDADES VATICANAS AMEAÇAM EM PROCESSAR OS BLOGUEIROS

Rorate Caeli: Muitas graças, Sua Eminência, por conceder-nos uma entrevista. Sendo o blog tradicionalista internacional que goza de mais audiência, estamos convencidos de que infundirá muita esperança em nossos leitores e aos católicos tradicionalistas de todo o mundo.
Primeira pergunta: Faz pouco o mundo da Tradição se viu sacudido pela notícia da ameaça por parte de dois funcionários do Vaticano a blogueiros e jornalistas adeptos da Tradição. Parece bem essa atitude? Crê que vamos  ver mais casos parecidos?

Card. Burke: A menos que o blogueiro tenha incorrido  em calúnia enlameando injustamente o bom nome de alguém, não creio por nada que os católicos devem se preocupar  com esses assuntos. Creio que é preciso colocar-se em contato com ele. Suponho que o blogueiro católico age de boa fé, e se há alguém na hierarquia que se tenha incomodado, a forma de abordá-lo seria dirigir-se primeiro à pessoa em questão e procurar resolver o assunto. Tanto Nosso Senhor no Evangelho como São Paulo na 1ª Epístola aos Coríntios nos ensinam a não levar nossas disputas ao foro civil, porque como católicos deveríamos ser capazes de resolver essas questões entre nós. (cf. Mt. 18,15; 1 Cor. 6,1-6)

 Resultado de imagem para Rorate Caeli entrevistó por teléfono al cardenal Raymond Burke

A CONFUSÃO GERADA PELO PAPA FRANCISCO

Rorate Caeli: Depois de oito anos com o Papa Bento XVI, o clero, os seculares e até os meios de comunicação estavam acostumados à clareza. Diante da confusão que procede das afirmações diárias do Papa Francisco, o Sínodo, etc., é melhor concentrar-se mais nos problemas da Igreja a nível local e da paróquia e na Tradição em vez de pedir orientação à Roma para os assuntos de cada dia?

Card. Burke: Sim, a mim me parece que, de fato, o próprio Francisco deu a entender isso. Por exemplo, em sua exortação apostólica Evangelii Gaudium afirma que não a considera magistério (nº. 16). Com Bento XVI tínhamos um mestre consumado que nos dava extensas catequeses sobre os temas mais variados. Agora  digo aos fiéis que, se o método de ensino do Papa Francisco lhes suscita confusão, o importante é se dirigir  ao catecismo e ao que sempre   ensinou a Igreja e ensinar isso; fomentar  a nível de paróquia começando pela própria família. Não podemos desperdiçar energias frustrando-nos por algo que consideramos que  deveria ser dado a nós e não nos é dado. Ao contrário, sabemos com segurança o que sempre  ensinou a Igreja, e temos que confiar nisso e centrar nossa atenção nisso.

COMUNHÃO PARA OS ADÚLTEROS E ATAQUES À DOUTRINA

Rorate Caeli: A propósito desse ensinamento e das notícias que nos chegam: faz pouco teve bastante ressonância a notícia de que Sua Eminência resistirá a todo ensinamento heterodoxo sobre o matrimônio, assim como  afirmou que os católicos devem se defender, o que nos leva a outra pergunta.  Qual deve ser a reação de um católico fiel no caso de ter uma novidade na disciplina em relação à proibição de dar a Sagrada Comunhão para divorciados e adúlteros casados em segundas núpcias?

Card. Burke: O que fiz foi responder  uma pergunta hipotética. Alguns  quiseram interpretar  como um ataque ao Papa Francisco, quando não  era isso nem muito mais. Foi uma pergunta hipotética que imaginei, e me limitei a dizer: “Não existe autoridade que possa ordenar-nos agir contra a verdade, e além disso, quando a verdade está em perigo temos que defendê-la.” Isso foi o que quis  dizer. Quando me perguntaram o que aconteceria se se aprovasse esse projeto, disse: “Pois não teremos outro remédio senão resistir. Esse é meu dever.”

Rorate Caeli: Como pode se defender  um católico fiel? Em sua casa? Em um blog?

Card Burke:  Creio que tanto na própria casa como na vida pessoal tem que se agarrar  à verdade da fé tal como se a conhece, não ficar calado, e dar a conhecer ao Santo Padre a profunda preocupação que se tem; que não se pode aceitar uma mudança no magistério da Igreja que equivaleria  alterar seus ensinamentos sobre a indissolubilidade do matrimônio. Parece-me que é muito importante expor a falsa dicotomia estabelecida por alguns que dizem: “Que seja, só  vamos mudar uma norma, não vamos   tocar na doutrina”. Porém se se altera uma norma da Igreja no que se refere receber a Sagrada Comunhão por parte dos que vivem em adultério, é indubitável que se está alterando a doutrina sobre o adultério. Afirmar que se pode viver em adultério e receber os sacramentos equivale a dizer que em certos casos o adultério é tolerável e até bom. É uma questão muito grave, e nós católicos temos que insistir  que uma norma eclesiástica não se pode mudar de um modo que na prática debilite nosso ensinamento com relação a uma das verdades mais fundamentais,  relativa ao matrimônio e à família.

OS BISPOS DISSIDENTES E O MOTU PROPRIO SUMMORUM PONTIFICUM

Rorate Caeli: Falemos de algo que está dentro de sua competência: como podemos cumprir a promessa e o mandato do Summorum Pontificum neste momento particular da história da Igreja? Qual papel cumpre o Direito Canônico para tornar possível que se possa celebrar a Missa Tradicional em cada paróquia?

Card. Burke: A lei segue sendo a mesma que com Bento XVI. Não   mudou. O documento que regulava sua implantação foi promulgou pela Comissão Pontifícia Ecclesia Dei. Tudo isso segue vigente e insta a que quando um grupo de fiéis desejar a Missa Tradicional seja   proporcionada a dita Missa.

Rorate Caeli: Atendo-nos a Summorum Pontificum, no caso de famílias com crianças que nunca  conheceram a Novus Ordo e cujo bispo não cumpra o ordenado pela Summorum Pontificum administrando-lhes a Confirmação conforme o rito tradicional, devem levar as ditas famílias com seus filhos para outra diocese ou para uma paróquia de jurisdição pessoal como por exemplo a da Fraternidade  de São Pedro para confirmá-los conforme o rito tradicional?

Card. Burke: Certamente têm direito de receber os sacramentos conforme o rito tradicional, na Forma Extraordinária. Se não podem fazer  na própria diocese, sem dúvida podem pedir ao seu pároco que acredite que a criança está pronta para receber a confirmação, e confirmá-lo em outro lugar onde for permitido.

O DESMANTELAMENTO DOS FRANCISCANOS DA IMACULADA

Rorate Caeli: Como sem dúvida já sabe, nosso blog  publicou artigos desalentadores e assustadores sobre o desmantelamento da ordem dos Franciscanos da Imaculada há coisa de um ano. Considera Vossa Eminência que o comissário Padre Volpi operou com justiça? O que pensa da declaração que fez nos tribunais na mediação sobre a família do fundador?

Card. Burke: A verdade é que careço de informação direta para emitir um juízo. Tenho que reconhecer que, de  fora, é evidente que o Padre Volpi  tomou umas medidas muito enérgicas e com muita rapidez. O parecer –eu também li a notícia–, teve que reconhecer que a acusação que tinha feito contra o Padre Stefano Manelli, fundador dos Frades da Imaculada, e sobre seus familiares, no sentido de ter feito uso indevido dos bens temporais dos frades, era falsa. Depois   é um assunto muito grave. Muitos frades se foram,  e deveria haver uma forma de resolver a situação evitando o colapso da ordem. Porque era uma ordem sólida, com numerosas vocações e que exerce grande quantidade de apostolados. Isso é o que me preocupa.

Rorate Caeli: Há informações, e para dizer a verdade nos chegam notícias diretas disso, de que sacerdotes da ordem fogem ou se escondem, tomando essas palavras da ordem atualmente submetida ao Padre Volpi. Também nos chegam notícias de bispos que acolhem   sacerdotes de dita ordem que buscam refúgio em suas dioceses. Animaria Vossa Eminência a esses outros prelados para fazerem o mesmo?

Card. Burke: Se há um sacerdote que deseja abandonar sua comunidade, e é um bom sacerdote, e não há motivos para que o bispo o rechace, a mim me parece que um bom bispo acolheria o tal sacerdote e procuraria ajudá-lo a incardinar-se em sua diocese. Existe um processo para isso e toma seu tempo. O sacerdote que deseja abandonar sua comunidade religiosa necessita que um bispo  o acolha. Onde haja um bispo que possa receber o dito sacerdote, eu creio que o fará gostosamente, porque ajuda  um bom sacerdote a seguir exercendo seu ministério.


SACERDOTES TRADICIONALISTAS SUFOCADOS PELOS BISPOS DISCORDANTES

Rorate Caeli: o que acredita Vossa Eminência que deve fazer um bom sacerdote que está sufocado por seu bispo? Sabemos de muitos, mesmo não dando  seu nome publicamente. Alguns não desempenham missão alguma neste momento, e vivem de donativos e da ajuda de familiares e amigos, outros se veem obrigados a se integrar  em grupos independentes. O que aconselha aos sacerdotes que simplesmente querem viver, pregar e dizer Missa como o faziam todos os sacerdotes antes do Concílio?

Card. Burke: Simplesmente os animaria a buscar um bispo receptivo que esteja disposto a ajudá-los se podem, ou, se ele mesmo não puder ajudá-los diretamente, lhes ajudasse a encontrar outro bispo que lhes permitisse levar uma vida sacerdotal digna. Isso é tudo o que se pode fazer. Então, também existe o recurso de dirigir-se à Congregação para o Clero. Se o sacerdote considera que foi tratado injustamente, pode solicitar à congregação que intervenha.

Rorate Caeli:  Há notícias  que para solucionar o problema que acabamos de comentar, poderia estar em vias da criação  uma administração apostólica para os sacerdotes e religiosos tradicionais. A administração poderia resolver muitos dos problemas que enfrentam para viver sua vocação atendo-se estritamente a Summorum Pontificum. Poderia Vossa Eminência comentar em qual etapa poderia estar o processo de criação da mencionada administração apostólica?

Card. Burke: É possível que se faça algo assim. Não tenho notícia de que se esteja fazendo nada nesse sentido. Pode ser que sim, mas não ouvi nada. Então poderia ser, e seria uma forma de ajudar a esses sacerdotes e aos fiéis distos para seguirem em comunhão com a Igreja.

 MAIS SACERDOTES ESTÃO SE COLOCANDO SOB A AUTORIDADE DO CARDEAL BURKE

Rorate Caeli: Com respeito à pergunta seguinte, é possível que Vossa Eminência tenha uma predisposição nesse sentido, mas poderia teoricamente a Soberana Ordem Militar de Malta funcionar como administração apostólica concedendo faculdades aos sacerdotes e religiosos tradicionais?

Card. Burke: A Soberana Ordem Militar de Malta, os Cavaleiros de São João de Jerusalém, têm sacerdotes incardinados. Porém os incardinou como ordem militar soberana, não como administração apostólica. A ordem conta com um prelado nomeado pelo Santo Padre que participa no governo da ordem. É claramente o legítimo superior de todos os sacerdotes incardinados na ordem. Neste momento estamos estudando a situação, porque temos recebido solicitações de outros sacerdotes que desejam se incardinar  na ordem. Mas é indubitável que  isso já foi feito antes, e não há motivo porque não se possa voltar a fazer,  se bem não em virtude da fundação de uma administração apostólica mas da própria natureza da ordem.

O CELIBATO SACERDOTAL

Rorate Caeli: Já tínhamos pensado fazer esta pergunta há uns meses quando começamos planejar esta entrevista, e ontem precisamente o Papa disse que o tema dos sacerdotes casados estava em sua agenda. Corre grave perigo  neste pontificado o celibato dos sacerdotes de rito latino?

Card. Burke: Seria gravíssimo, porque tem a ver com o exemplo do próprio Cristo, e a Igreja sempre  valorizou muitíssimo que seus sacerdotes imitem o exemplo de Cristo, também no celibato. Eu vi  essa notícia, mas não  pude verificá-la, se isso acontecer será gravíssimo. A questão já foi estudada no sínodo dos bispos dos finais dos anos sessenta, e no sínodo se reafirmou categoricamente o ensino da Igreja sobre o celibato dos clérigos. Não  chamo norma porque é algo que desde os primeiros séculos foi considerado pela Igreja como o mais adequado para os sacerdotes. É mais que uma norma, e portanto é muito difícil conceber que mude a norma.

ALENTO PARA OS CATÓLICOS TRADICIONAIS

Rorate Caeli: O que poderia dizer para animar os católicos tradicionais que se esforçam por salvar sua alma e a de seus filhos neste mundo moderno, às vezes sem ver nenhuma ajuda por parte de Roma?

Card. Burke: Com frequência, os que me escrevem expressando desalento por esse motivo ou pedindo orientação em uma situação que se faz muito angustiante, lhes digo que nos momentos como os atuais em que há certa confusão no governo da Igreja temos que empapar-nos mais que nunca do  ensinamento constante da Igreja, transmiti-la aos nossos filhos e afiançar o conhecimento desses ensinamentos em nossas paróquias e famílias. Nosso Senhñor nos   assegurou uma coisa: não nos disse que a Igreja não seria objeto de ataques, nem sequer internos, mas nos garantiu que as portas do Inferno nunca prevalecerão sobre ela. Quer dizer, que Satanás nunca poderá triunfar sobre a Igreja apesar de seus enganos. Devemos ter confiança nisso e tomar com grande alegria e determinação ensinando a fé ou dando testemunho apologético às almas que não entendem a fé ou ainda não pertencem à Igreja. Sabemos que as portas do Inferno não prevalecerão, mas no entanto nosso caminho é a Via Crucis, o da Cruz. E se temos que padecer por aquilo em que cremos, pelo que sabemos que é verdade, podemos abraçar o sofrimento sabendo que no final quem triunfe será Cristo. Será Ele quem finalmente vença com todas as forças do mal no mundo e  regenerará a nós e ao mundo restituindo-o ao Pai. Assim é como procuro animar os fiéis católicos. Creio que é importante também que os católicos tradicionalistas devotos se conheçam e apoiem mutuamente, que se ajudem uns aos outros para levar as cargas, como diz a Escritura. Devemos estar preparados para isso e ser conscientes de que pode haver famílias que sofram alguma dificuldade neste sentido, procurando estar o mais unidos possível.

HAVERIA UM CONCÍLIO VATICANO TERCEIRO?

Rorate Caeli: Graças. Só  nos resta umas poucas perguntas. Algumas notícias soltas mas de fontes confiáveis indicam que Francisco está considerando convocar um Concílio Vaticano Terceiro. Sabe Vossa Eminência algo sobre isso?

Card. Burke:    Não, em absoluto.

PROCEDIMENTO PARA ELEGER BISPOS

Rorate Caeli: Em geral, com Bento XVI as nomeações episcopais   nos Estados Unidos eram de tendência conservadora. Não era assim em toda  parte. Isto dá lugar a um claro distanciamento entre os sacerdotes e os fiéis da nova geração que são em boa medida conservadores e apegados ao verdadeiro catecismo, à moral católica e a uma liturgia reverente. Está Vossa Eminência a favor de uma nova orientação na hora de nomear bispos nos Estados Unidos  e outros países? Parece acertado o método atual de seleção de bispos?

Card. Burke: Eu diria que sim. Requer consultas, e não só  para outros bispos e sacerdotes da diocese, mas para os fiéis seculares. Além disso, sempre existe a possibilidade de que leigos a nível individual ou grupos de fiéis manifestem à Congregação para os Bispos ou ao núncio. Eu creio que o mais importante é fazer saber ao nuncio apostólico que quando se estiver pensando em nomear bispo para uma diocese há muitos fiéis católicos que têm umas necessidades particulares e expressar ditas necessidades.

MISSÃO ATUAL NA IGREJA

Rorate Caeli: Em que  está se concentrando principalmente Vossa Eminência nestes dias?

Card. Burke: Estou-me centrando mais do que nada na Soberana Ordem Militar de Malta. Estou ajudando o Grande Mestre no governo da Ordem, sobretudo na esfera espiritual. A Ordem tem uma dupla missão: a defesa da fé e a atenção aos pobres. São duas coisas que, francamente, andam de mãos dadas. Estou ajudando em assuntos relativos a estrutura da Ordem a fim de cumprir ambas finalidades com mais eficácia, mas também em assuntos que surgem inevitavelmente em toda organização católica com respeito à doutrina e a moral. E estou dedicando também tempo para estudar e escrever sobre questões importantes para a Igreja atual.

RESTAURAÇÃO DA IGREJA POR PARTE DOS TRADICIONALISTAS

Rorate Caeli: Crê que os católicos tradicionalistas assumirão um papel mais destacado no futuro na restauração da Igreja?

Card. Burke: Creio que sim. Cada vez conheço  mais famílias  firmemente católicas devotas da Missa tradicional, e creio que essas famílias terão cada vez mais influência nos tempos vindouros. Se essas famílias influem nas outras, está claro que cada vez o movimento terá mais impulso.

Rorate Caeli: Há algum outro aspecto que não tenhamos tratado e sobre o que  gostaria acrescentar algo?

Card. Burke: Simplesmente, eu gostaria de animar todos a colocar sua devoção  na Sagrada Liturgia, que constitui a máxima expressão de nossa fé católica, de nossa vida em Deus, e para que se dediquem   plenamente ao estudo do catecismo da Igreja Católica e o ensinamento da fé em seu lares e comunidades particulares. A Igreja tem sofrido terrivelmente nas últimas décadas por culpa de uma catequese tão deficiente que os fiéis –crianças, jovenes e inclusive adultos–, não conhecem sua fé, e é preciso falar disso porque ambas coisas vão de   mãos dadas. Quando conhecemos bem nossa fé, temos um vivo desejo de dar culto a Deus conforme  ela, e ao mesmo tempo o culto a Deus nos infunde mais desejos de conhecer nossa fé. E claro, depois tudo se manifesta em nossa vida mediante a caridade, sobretudo em benefício dos que padecem mais necessidades.

Rorate Caeli: Isto nos leva à última pergunta. Vossa Eminência   mencionou muitas vezes a família no lar. Crê que eram proféticas as palavras de João Paulo II quando falava da Igreja doméstica?

Card. Burke: É claro que sim. Ele dizia que a Igreja nos chega por meio de nossa família, e é assim, nem mais nem menos. O próprio Cristo chega por meio de uma família. Foram palavras proféticas no sentido de que expressou uma vez mais o que a Igreja  entendeu desde o  princípio. O conceito de Igreja doméstica é muito antigo, e se voltou a se expressar no Concílio Vaticano Segundo. É uma terminologia muito antiga para se referir  à família. Foi profético no sentido de que expressou o que Deus   nos ensina sobre a família.

Rorate Caeli: Não temos mais perguntas para Vossa Eminência. Muito obrigado por ter-nos dedicado um tempo e por seu excelente serviço   à Santa Madre Igreja.

[Traduzido por J.E.F. Artigo original. Qualquer reprodução desta tradução deve levar um link deste artigo original em espanhol] Email this page

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sábado, 24 de janeiro de 2015

Aos 9 anos, Antonija perdeu a capacidade de sentir medo. Ia à missa diariamente, detectava os espiões comunistas e dizia a eles: «Se você é muito notado, trabalha mal»

ReligionenLibertad.com

Iba a misa diaria, detectaba a los espías comunistas y les decía: «Se te nota mucho, trabajas mal»

Aos 9 anos, Antonija perdeu a capacidade de sentir medo.
Ia à missa diariamente, detectava os espiões comunistas e dizia a eles: «Se você é muito notado, trabalha mal»

A veterana atriz e diretora de teatro Antonija Apele recebeu em 1941 um dom peculiar - perdeu a capacidade de ter medo, e a de chorar

P. J. Gines/ReL - 20 janeiro 2015 - religionenliberdade.com

Antonija Apele é uma importante diretora de teatro na Lituânia, atriz veterana e trabalha –ainda depois de aposentada- na Rádio de Riga.

Tem uma característica muito especial que  marcou toda sua vida desde que os soviéticos deportaram  seu pai e quase ela também   quando tinha 9 anos: nesse 14 de junho de 1941 perdeu todo medo, e desde então não  experimentou nunca essa emoção. Também perdeu a capacidade de chorar.


Seu crime : ser inteligente
Seu pai era escritor, “amava o silêncio, passava longas horas escrevendo em seu escritório”. Sua mãe era professora, e no dia da deportação estava dando aula em outro povoado a 27 quilômetros. Eram, portanto, inteligente, ou seja, da classe letrada, não operários, automaticamente suspeitos para o sistema comunista.


A URSS tinha ocupado a Estônia, a Letônia e a Lituânia em 1940 como parte do pacto Molotov-Ribbentrop com os nazistas. No dia que Antonija perdeu o medo faltavam só  8 dias para que esse pacto acabasse e Hitler ordenasse invadir o espaço soviético pela surpresa. Mas na Rússia e na Lituânia ninguém  sabia ainda, claro, e os soviéticos se dedicavam a deportar de repente  milhares de cidadãos bálticos, especialmente das classes letradas.


Em vagões de gado, separando pais de crianças
“Chegaram à meia-noite. Disseram para nós, entre gritos e ameaças que tínhamos meia hora para recolher nossas coisas. Era uma operação medida e controlada. Eles haviam feito isso desde a meia-noite, e fomos os últimos”.

Na estação de trem da pequena cidade de Rezekne concentraram  centenas de famílias. Tinham pessoas metidas em vagões de gado que pediam água e comida porque tinham passado muitas horas fechados. Já era de noite e estavam separando as crianças dos adultos, para colocá-los em vagões diferentes.

“Separaram-me de meu pai e comecei a chorar enquanto ele tratava de infundir-me calma e serenidade com um olhar que não esquecerei jamais. Meteram-no em um dos vagões e por fim a locomotiva começou a se mover e se perdeu na escuridão entre colunas de fumaça”.

Anos depois, companheiros de seu pai contaram a Antonija como ele morreu em uma prisão da Sibéria, após suportar uma tortura atroz. “Ao escutá-los vieram aos meus olhos umas lágrimas humildes, quentes, libertadoras”. Foi a única vez que conseguiu chorar desde esse dia de 1941.

Uma salvação misteriosa

Como é que Antonija não chegou a ser encerrada em um dos vagões de crianças deportadas?

Alguns soldados decidiram jogar  um jogo macabro com ela.  Olharam-na, e ao vê-la tão pequena e magra pensaram que teria uns 6 anos, e não os 9 que realmente tinha completado. “Vamos provar   esta, o melhor tem sorte e se salva”, riram-se. E a deixaram junto à estrada dizendo-lhe: “Corre!”


Talvez eles quisessem jogar para agarrá-la, ou forçar outros membros  para correr atrás dela e fazê-los ficar mal. Mas ela correu com todas as forças de seus 9 anos e se meteu no bosque enquanto os enfurecidos guardas  a perseguiam.   Escondeu-se atrás de um arbusto, conteve a respiração… e sentiu o metal frio de uma pistola sobre sua fronte. “Se te mover te mato”, lhe disse uma voz.

E desde esse momento não recorda nada mais. Não recorda nada dos sete dias seguintes.


“Aquela semana ficou sepultada em um buraco negro em minha memória. Perguntei para muitas pessoas do povoado: não sabem nada ou fingem não saber”, explicou.

Quando abriu os olhos Antonija estaca em sua cama, com sua mãe, que se tinha salvado da deportação porque, mesmo estando nas listas, o condutor encarregado de ir  buscá-la no outro povoado a salvou dizendo aos sus superiores que não tinha gasolina para a viagem de ida e volta e estes desistiram.

A mãe foi à estação de trem mas quando chegaram os vagões tinham partido, tudo estava vazio. Voltou desolada para casa. “Nas primeiras horas da manhã escutou uns golpes na porta. Abriu e me encontrou no chão desmaiada. Quem tinha me levado até ali? Possivelmente nunca o saiba”.

“Naquele dia passei tanto medo que desde então não voltei a experimentar uma sensação de perigo ou temor”.

Um dom de Deus: não ter medo nunca

Sua mãe e sua avó perceberam. Por exemplo, a menina ia dar recados cruzando sozinha o cemitério a noite. Uma vez caiu um raio ao seu lado e nem se abalou. “Como é possível que nem sequer tenha gritado? perguntou sua avó assombrada.

Quando alguém não tem medo, não é fácil que compreenda o medo dos demais, custa mais simpatizar com eles e suas debilidades.

Na adolescência caçoava de suas amigas e seus medos. E sua mãe, boa mestra, chamou-lhe a atenção por isso:
“Como se atreve  a usar dessa maneira o dom que Deus  lhe concedeu?”, disse a ela.

Explicou que não ter medo não era um mérito seu, mas um dom concedido por Deus que devia agradecer e aproveitar.

“Para mim Deus me conserva  nesta terra para rezar pelos que se foram, e a você deu essa fortaleza para que ajude os que têm uma alma frágil. Nisso se parece  com sua avó”, disse sua mãe.

“Minha avó era uma polonesa de grande coração e uma fé tão sólida como a catedral de Riga. Todos os que a conheceram me diziam que me parecia com ela por meu caráter forte e exigente”, recorda Antonija.



Antonija Apele ainda dirige os atores da Rádio Lituânia

Não ter medo sob um regime  de terror
Ter um caráter forte e independente debaixo de uma ditadura comunista não é recomendável. Carecer de medo em uma sociedade dominada mediante o terror e a mentira, é buscar  problemas. Antonija nunca ocultou sua fé católica, e   pode se dizer que teve sorte por não sofrer mais represálias.

“Em certas obras de teatro, a maioria de meus colegas diretores  pulavam as referências a Deus e tudo o que pudesse incomodar o rrgime. Eu não, não estava disposta a trair minha fé, fosse o que fosse”.

Uma vez um comissário político ficou irritado com ela por cantar uma canção religiosa em uma representação, mas ela, furiosa, lhe respondeu: “Declamei exatamente o que vi  no script. Quer que te  ensine, camarada?”

O comissário, que não estava acostumado  encontrar resistência, prefiriu deixar  passar.

Os espiões nas paróquias
Devido a sua falta de temor e sua visão do mundo como um teatro Antonija se permitiu algumas cenas tragicômicas, próprias do mundo soviético.

Ela ia à missa  diariamente, e cada certo tempo detectaba o espião do turno que o regime  enviava a tal ou qual paróquia.

“As pessoas na missa, ao vê-lo, começavam a tremer, dissimulava e fazia o possível para passar despercebido. Os paroquianos fingiam ser turistas que tinham entrado na igreja por curiosidade. Para mim aquela situação quase me divertia. Se via um espião –dava para se notar à distância- me ajoelhava ao seu lado, fazia o sinal da cruz de forma ostensiva e lhe dizia ao ouvido enquanto me levantava: ‘Ouve, todos estão percebendo sua presença. Trabalha muito mal!’”

O espião não voltava a aparecer por ali, “talvez temendo que eu fosse de outro corpo de espionagem porque nessa época meio mundo espionava o outro meio”.

Aprender a desculpar os outros
Esta mulher sem medo e sem lágrimas, exigente diretora de teatro, de personalidade forte, era dura com os outros, e  sabia. Enfureciam-lhe as pessoas com dupla vida… que na URSS era muita gente, os que tentavam parecer por um lado comunistas exemplares e se deixavam  ver rezando na igreja, por exemplo.

Sabia que como católica devia perdoar a covardia de uns e as hipocrisias de outros, mas lhe custava. Um dia rezou para a Virgem para que lhe ajudasse a saber desculpar e ser paciente, e pouco depois conheceu um sacerdote que a animou a ir aprendendo a desculpar e perdoar pouco a pouco, não de repente.

Seu primeiro êxito consistiu em deixar de criticar e desprezar os cristãos batistas. Precisamente um batista, o que tinha mania sem nenhuma razão concreta, lhe convidou para trabalhar na rádio Começou a admirar seu conhecimento das Escrituras e outras virtudes. “Senti como se a Virgem me dissesse: deixa de murmurar e de brigar com seus irmãos cristãos e começa a compreendê-los. A partir de então deixei de etiquetar as pessoas”.

Também desde esse momento começou a ser mais amável e compreensiva com os atores, e especialmente com as atrizes,  que dirigia. “Para ser exigente não precisa gritar, nem humilhar, nem ferir”, aprendeu.

Antonija Apele contou seu testemunho no interessante livro de testemunhos de José Miguel Cejas "O baile após a tormenta" (Rialp)

Um vídeo dos afazeres de Antonija Apele na Rádio Lituânia

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