Trocando de roupa para o Banquete Nupcial

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Caminhada para o Céu

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

«Não pode haver diálogo com o príncipe deste mundo, que seja claro!»

ReligionenLibertad.com


Missa no Domus Santa Marta

O Papa: «Não pode haver diálogo com o príncipe deste mundo, que seja claro!»

Aciprensa / ReL - 4 maio 2013 - religionenlibertad.com

Em sua homilia na Missa celebrada esta manhã na capela do Domus Santa Marta, o Papa Francisco assegurou que não se pode dialogar com o diabo, “o príncipe deste mundo”.

“Não pode haver diálogo com o príncipe deste mundo, que seja claro!” reafirmou, e disse ainda que “o diálogo provém da caridade, do amor. Porém com esse príncipe é impossível dialogar:  só podemos responder com a Palavra de Deus, que nos defende”.

“Assim como (o diabo) fez com Jesus, assim fará conosco”, falou o Papa.

“’Só olha’, dirá, ‘só faz esta pequena fraude… é um assunto pequeno, realmente um nada’, e assim ele começa a levar-nos por um caminho que é ligeiramente desviado”, advertiu.

Francisco disse que a intenção do demônio é que é uma “mentira piedosa: ‘faça, faça, faça, não tem problema’ e começa pouco a pouco, sempre, não?”.

“Vocês podem perguntar ‘Padre, qual é a arma para nos defender  contra estas seduções, destas adulações, destas tentações que o príncipe deste mundo oferece?’  A arma é a mesma arma de Jesus, a Palavra de Deus, não o diálogo, mas sempre a Palavra de Deus, e depois a humildade e a mansidão”.

O Santo Padre disse que “pensemos em Jesus, quando lhe dão aquela bofetada: que humildade! Que mansidão! Ele poderia tê-los insultado, não?”.

“Pensemos em Jesus em Sua Paixão. O Profeta disse: ‘como um cordeiro levado ao matadouro’. Ele não chora, em absoluto: humildade e mansidão. Estas são as armas  que o príncipe e o espírito deste mundo não toleram, porque suas propostas são propostas de poder mundano, propostas de vaidade, propostas de riquezas mal adquiridos”.

O Papa sublinhou que “hoje Jesus nos recorda deste ódio que o mundo tem contra nós, contra os seguidores de Jesus”, porque “Ele nos salvou, nos redimiu”.

O Santo Padre disse que devemos permanecer como ovelhas, “porque as ovelhas são mansas e humildes”.

Ao terminar sua homilia, o Papa pediu à Virgem Maria que “nos ajude a nos tornar mansos e humildes, à maneira de Jesus”.

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terça-feira, 20 de agosto de 2013

Entrevista completa: "O Papa conversa com os jornalistas na viagem de volta ao Vaticano, no avião".

actualidadyanalisis.blogspot.com.br



29/07/2013

1. O Papa conversa com os jornalistas na viagem de volta ao Vaticano, no avião

Boa tarde. Muito obrigado. Estou contente. Foi uma bela viagem. Espiritualmente me fez bem. Estou bastante cansado mas com o coração alegre. Fez-me bem. Encontrar com as pessoas faz bem  porque o Senhor trabalha em cada um de nós. Trabalha no coração. A riqueza do Senhor é tanta que sempre podemos receber tantas coisas bonitas dos outros. Isto faz bem a mim. Porque a bondade e o coração do povo brasileiro é grande. É um povo amável, que ama a festa, que no sofrimento sempre encontra um caminho para buscar o bem em alguma parte. Isto faz bem: um povo alegre, um povo que tem sofrido tanto. É contagiante a alegria dos brasileiros. Tem um grande coração este povo.

Então, os organizadores, tanto de nossa parte como dos brasileiros… Senti que estava diante de un computador. A encarnação do computador [assinala a Gasbarri]… De verdade, estava tudo cronometrado. Depois tivemos problemas com a hipótese da segurança. A segurança por ali e por aqui. Não  houve nem um incidente em todo Rio de Janeiro nestes dias. Tudo era espontâneo. Com menos segurança eu pude ir às pessoas, abraçar-lhes, saudar-lhes, sem carros blindados. A segurança de confiar  num povo. É verdade que sempre existe o perigo de que apareça um louco,  que  um louco faça algo. Mas também está o Senhor. Ter um espaço blindado entre o bispo e o povo é uma loucura. Prefiro esta loucura, fora, correr o risco de outra loucura, a loucura nas ruas. A proximidade  faz bem a todos.

Depois a organização da jornada, tudo preciso, tudo, a parte artística, a parte religiosa, a parte catequética, a parte litúrgica, foi belíssima. Também eles têm uma capacidade de expressar-se com a arte. Ontem, por exemplo, fizeram coisas belíssimas, belíssimas.

Depois, Aparecida. Para mim foi uma experiência religiosa forte. Recordei a V Conferência. Fui ali para rezar, para rezar. Queria ir ali sozinho, um pouco escondido, mas havia uma multidão impressionante e não foi possível. Eu já sabia disso antes de chegar. Temos rezado?  Não sei.

Uma coisa: o seu trabalho foi, me disseram, eu não li jornais nestes dias nem  vi   televisão, não tive tempo, mas me disseram que foi um bom trabalho bom, bom, bom. Obrigado! Obrigado pela  colaboração que vocês   ofereceram.

Depois foi o número dos jovens. Hoje não posso crer, mas hoje o governador falaba de três milhões. Não posso crer, mas do altar, não sei se alguém de vocês  esteve no altar, do altar até o final estava toda a praia cheia, até a curva. Mais de 4 quilômetros. Tantos jovens. Dizem, me disse monsenhor Tempesta, que eram de 178 países. Também o vice-presidente me disse este número. Isso é certo. É importante.

2. Quais tipos de reforma tem em mente?

Pergunta - Santidade, boa noite. Em nome de todos os companheiros  queremos lhe agradecer estes dias que nos   presenteou no Rio de Janeiro, o trabalho que fez e o esforço que significou. E também, em nome de todos os jornalistas,  queremos agradecer as preces e  os orações pelas vítimas do acidente ferroviário de Santiago de Compostela. Muitíssimo obrigado! A primeira pergunta não tem muito a ver com a viagem, mas aproveitamos a ocasião  que nos dá esta possibilidade e queria perguntar-lhe: Santidade, nestes quatro meses de pontificado  vimos que  criou várias comissões para reformar a Cúria vaticana. Quisera perguntar: que tipo de reforma tem em mente? Contempla a possibilidade de suprimir o IOR, o chamado banco do Vaticano?

Resposta - Os passos que fui dando nestes quatro meses e meio vêm de duas vertentes. O conteúdo do que tinha que fazer, tudo, vem da vertente das congregações gerais que temos dos cardeais. Foram coisas que os cardeais pediram para  quem ia   ser o novo Papa. Eu me lembro que pedimos muitas coisas. Pedíamos que tinha que fazer isto… Por exemplo, na comissão de oito cardeais, é importante ter uma consulta outsider, não as consultas que se tem, mas outsider. Isto está na fila, e aqui faço como uma abstração, na linha do amadurecimento da relação entre sinodalidade e primado. Estes oito cardeais favorecem a sinodalidade. Ajudam para que os diversos episcopados do mundo se  expressem no mesmo governo da Igreja. Há muitas propostas que se fizeram que ainda não foram postas em prática como a reforma da secretaria do sínodo, na metodologia; como a comissão pós-sinodal, que tenha caráter permanente de consulta; como os consistórios cardinalícios, com temáticas não tanto formais, como por exemplo uma canonização, mas com outras temáticas, etc. A vertente dos conteúdos vem daí.

A segunda vertente é a oportunidade. Confesso que a mim não me custou, no mês de pontificado, armar a comissão dos oitos cardeais. A parte econômica pensava em tratar  no ano que vem, porque não é o mais importante que tem que tocar. No entanto, a agenda mudou devido a umas circunstâncias que vocês conhecem, que são de domínio público, porque apareceram problemas e tinha que enfrentá-los.
O primeiro  problema do IOR [Instituto para as Obras de Religião, mal chamado “banco vaticano” ]: como encaminhá-lo, como delineá-lo, como reformulá-lo, como sanear o que tem que sanear. Aí está a primeira comissão de referência. Vocês conhecem o documento, seus integrantes, o que se pede… Depois tivemos a reunião da comissão dos 15 cardeais que se ocupam dos aspectos econômicos da Santa Sé. São de todas as partes do mundo. E ali, preparando a reunião, a comissão viu a necessidade  de fazer uma  comissão de referência para toda a economia da Santa Sé. falou-se do  problema econômico fora da agenda, mas estas coisas sucedem no ofício de governo. Alguém vai por aqui mas lhe golpeia um golaço de lá e ele tem que enfrentar, não é assim? A vida é assim e isso é o lindo da vida.

À respeito da pergunta que me fazia do IOR. Perdão estou falando em castelhano (começa a falar em italiano) Não seu como terminará o IOR. Alguns dizem que talvez seja melhor que seja um banco, outro que é melhor que seja um fundo de ajuda, outros dizem que tem que fechá-lo. Escutam-se estas vozes. Eu não sei, me fio no trabalho das pessoas do IOR, que estão trabalhando com isto, também na comissão. O presidente do IOR continua, o que tinha antes, quanto ao diretor e o vice-diretor   apresentaram sua dimissão. Não sei dizer como terminará esta história. Isto é também bonito. Busca-se, se encontra. Somos humanos. Devemos encontrar o melhor, mas as características do IOR, seja um banco, um fundo ou o que for, suas características, devem ser transparência e honestidade. Deve ser assim. Obrigado.

3.  Por que leva sua própria maleta na mão?


Pergunta - Santo Padre, minha pergunta é talvez indiscreta. Deu a volta ao mundo a fotografia de quando viemos com o senhor, que subiu a escadinha do avião levando uma maletinha preta.  Houveram artigos em todo o mundo comentando esta novidade. Todos se perguntam no que haverá dentro dessa maletinha. Por que o senhor a leva e não um  colaborador? Pode-nos dizer o que tem dentro?

Resposta - Não tem dentro a chave da bomba atômica. Eu a levo porque sempre fiz isto. Quando viajo a levo. Dentro levo a lâmina de barbear, o breviário, a agenda, um livro para ler: levo um sobre Santa Teresinha, porque sou devoto dela. Sempre levo a  maletinha quando viajo, é normal. Devemos ser normais. É um pouco estranho o que me diz  que deu a volta ao mundo essa foto. Devemos habituar-nos em sermos normais. A normalidade da vida…

4.  Sobre a insistência em rezar por ele.

Pergunta - Santidade, por que o senhor pede tão insistentemente que se reze pelo senhor? Não é normal ou habitual escutar tanto  um Papa que pede que rezem por ele…

Resposta - Eu sempre  pedi  isto. Quando era sacerdote  pedia mas não tão frequentemente . Comecei a pedir  com certa frequência no trabalho de bispo. Sinto que se o Senhor não ajudar neste trabalho, para que o povo de Deus vá para diante, sozinho não posso. Eu me sinto de verdade com tantos limites, com tantos problemas, também pecador. Vocês sabem. Devo pedir isto, me vem de dentro. Também à virgem lhe peço que reze ao Senhor por mim. É um  costume que me vem de fora, também da necessidade que tenho por meu trabalho. Sinto que devo pedir. É isto.

5.  Vaticano: resistência à reforma e a pobreza dos cardeais.

Pergunta - Santidade, na busca de fazer estas mudanças, o senhor disse ao grupo da América Latina que há tantos santos que trabalham no Vaticano, mas também pessoas que não são   tão santas.  Encontrou resistência no seu desejo de mudar as coisas no Vaticano? A segunda pergunta é: o senhor vive de um modo muito austero em Santa Marta, quer que seus colaboradores, também os cardeais, sigam este exemplo e vivam em comunidade ou é algo só para o senhor?

Resposta - As mudanças vêm também de duas vertentes. A que os cardeais tem pedido e a que vem de minha personalidade. Você falou  que fiquei em Santa Marta… Não poderia viver só no palácio, não é luxuoso. O apartamento pontifício não é tão luxuoso, é amplo e grande, mas não luxuoso. Mas eu não posso viver só ou com um pequeno grupinho. Necessito de pessoas, encontrar-me com pessoas, falar com pessoas. Por isso quando os garotos das escolas jesuítas me  perguntaram  se era por austeridade ou por pobreza, eu disse que não. É por motivos psiquiátricos, porque psicologicamente não posso.

Cada um deve levar adiante sua vida com seu modo de viver e de ser. Os cardeais que trabalham na cúria não vivem como ricos ou com luxo. Vivem em apartamentinhos, são austeros os que conheço. Cada um deve viver como o Senhor lhe pede que viva. A austeridade, uma austeridade geral creio que é necessária para todos, para todos nós que trabalhamos no serviço da Igreja. Existem muitas tonalidades de austeridade, cada um deve buscar seu caminho. Com respeito aos santos, é verdade: há santos na cúria. Cardeais, sacerdotes, bispos, monjas, leigos… É gente que reza, que trabalha muito e que também vai ao encontro dos pobres. Às escondidas… Eu sei de alguns que dão de comer aos pobres ou que em seu tempo livre fazem ministério em uma igreja ou em outra. Há santos na cúria.

Mesmo havendo alguns que não são  tão santos. E esses são os que fazem mais ruído. Sabem que faz mais barulho uma árvore que cai do que  um bosque que cresce. E me doem essas coisas. Há alguns que dão escândalo, temos este monsenhor na prisão, creio que ainda segue na prisão, e não foi para o cárcere porque se parecesse precisamente com a beata Imelda… Não era um santo. São escândalos e fazem mal.

Uma coisa que nunca disse antes e de que me dei conta: creio que a cúria  caíu no nível de respeito  que tinha nos tempos dos velhos curas, fiéis, que faziam seu trabalho… Necessitamos dessas pessoas. Creio que há mas não tantas como em outra época. O perfil do velho cura, eu o chamo assim; temos que ter mais desses.

Sobre se encontro resistência… Se existe resistência  agora eu não  vi. É verdade que não fiz tantas coisas. O que encontrei foi ajuda e gente leal. Por exemplo, eu gusto quando uma pessoa me diz: «Eu não estou de acordo», e isto  encontrei. «Eu isto não   vejo,  estou de acordo, eu   digo e depois faz o que quer». Alguém que te diz isso é um verdadeiro colaborador, e isso  encontrei. Mas esses que te dizem: «Ai, que bonito, que bonito, que bonito», e depois dizem o contrário em outro lugar, ainda não percebi. Quem sabe existe algum, mas não percebi estas resistências. Em quatro meses não se pode encontrar muitas.

6.  Aborto e gaymônio.

Pergunta - A sociedade brasileira tem mudado, os jovens tem mudado. O senhor não falou sobre o aborto nem sobre o matrimônio entre pessoas do mesmo sexo. No Brasil se   aprovou uma lei que amplia o direito ao aborto e outra que contempla os matrimônios entre pessoas do mesmo sexo. Por que não  falou sobre isso?

Resposta - A Igreja já se expressou   perfeitamente sobre isso, não foi necessário falar sobre isso, como tampouco falei sobre a fraude, a mentira ou outras coisas sobre as quais a Igreja tem uma doutrina clara. Não foi necessário falar disso, mas das coisas positivas que abrem caminho aos garotos. Além disso os jovens sabem perfeitamente qual é a postura da Igreja.

Pergunta.- Mas qual é sua postura nestes temas?

Resposta.- A da Igreja, sou filho da Igreja.

7. Sobre a insistência no título «Bispo de Roma».

Pergunta - Desde  13 de março o senhor se apresenta como bispo de Roma com uma enorme e fortídsima insistência. Gostaríamos de saber o sentido profundo desta insistência, se talvez mais que a colegialidade está relacionado com o ecumenismo, com o ser «primus inter pares»…

Resposta - Nisto não se deve ir mais além do que se diz. O Papa é bispo, é bispo de Roma. E porque é bispo de Roma é sucessor de Pedro, Vigário de Cristo. São outros títulos, mas o primeiro título é bispo de Roma e daí vem tudo. Pensar que isto quer dizer ser «primus inter pares» (primeiro entre iguais) não, isso não, não é consequência disto. É simplesmente que é o primeiro título do Papa. Tenho falado de ecumenismo. Creio que isto favorece um pouco o ecumenismo, mas é só  isso.

8. O que se sente em ser Papa.

Pergunta - Uma pergunta sobre seus sentimentos. Há umas semanas, um menino   lhe perguntou como se sentia e se desejava ser Papa, lhe disse que tinha de ser louco para querer isso. Depois de sua primeira experiência multitudinária como foram estes dias no Rio, me pergunto se  pode nos contar como se sente sendo Papa, se é um trabalho difícil, se é feliz sendo-o e se de alguma maneira tem acrecentado sua fé ou se pelo contrário tem tido alguma dúvida…

Resposta - Fazer o trabalho de bispo é uma coisa bonita, é bonito. O problema é quando alguém busca esse trabalho. Isso já não é tão bonito, isso não é do Senhor. Mas quando o Senhor chama   um sacerdote a converter-se em bispo isso é bonito. Existe sempre o perigo de se crer  um pouco superior aos otros, não como os outros, um pouco príncipe. São perigos e pecados. Mas o trabalho de bispo é bonito: é ajudar os irmãos a avançar. O bispo diante dos fiéis para marcar o caminho, o bispo em meio dos fiéis para ajudar a comunhão, o bispo atrás dos fiéis porque os fiéis com frequência tem o olfato da rua. Perguntou-me se eu gosto… Sim, eu gosto de ser bispo. Em Buenos Aires fui muito feliz. Tenho sido feliz, o Senhor me tem assistido nisso. Como bispo tenho sido   feliz, como sacerdote tenho sido feliz. Nesse sentido eu gosto.

Pergunta - E de ser Papa o senhor gosta?

Resposta - Sim, também. Quando o Senhor te põe ali, se tu fazes o que o Senhor te pede és feliz. Isso é o que sinto.

9.  As próximas viagens papais.


Pergunta - Temos visto o senhor nestes dias cheio de energia, mesmo pela noite adentro, e o vemos agora que está tranquilamente de pé enquanto o avião se movimenta muitíssimo. Fala-se muito das próximas viagens, se fala de Jerusalém, da Argentina… Tem já um calendário definido para o próximo ano?

Resposta - Definido, definido, não há nada. Mas posso falar de coisas que estamos pensando. Definido em 22 de setembro a Cagliari. Depois, em 4 de outubro, Assis. Também tenho em mente, dentro da Itália, ir um dia ver minha família. Pegar  um avião pela manhã e voltar em outro pela noite, meus familiares, pobrezinhos, me chamam, temos uma boa relação.

Fora da Itália o patriarca Bartolomeu I quer fazer um encontro para comemorar os 50 anos do encontro entre Atenágoras e Paulo VI, em Jerusalém. O Governo de Israel  nos fez um convite especial para ir a Jerusalém, o Governo da Autoridade Palestina creio que o mesmo. Isto se está pensando, ainda não se sabe se se fará ou não se fará.

Na América Latina creio que não há possibilidade de voltar, porque o Papa latino-americano,  acaba de fazer a primeira viagem à América Latina… Adeus, devemos esperar um pouco. Creio que se pode ir à Ásia, mas está tudo no ar. Recebi  convites para ir ao Sri Lanka e às Filipinas. À Ásia se deve ir. O papa Bento XVI não teve tempo de ir à Ásia, e é importante. Foi à Austrália, Europa, América, mas não na Ásia. Ir à Argentina eu creio que se pode esperar um pouco, porque eu creio que todas estas viagens das que falei tem uma certa prioridade. Eu queria ir à Constantinopla em 30 de setembro para visitar Bartolomeu I mas não é possível. Não é possível por minha agenda. Se pudermos  encontrar-nos o faremos em Jerusalém.

10.  Enjaulado no Vaticano.

Pergunta - Quando se   reuniu com os jovens argentinos, um pouco como piada e um pouco sério disse que às vezes se sentia enjaulado. A que se referia exatamente?

Resposta - Você sabe as vezes que tive vontade de passear pelas ruas de Roma? Porque eu gosto de andar pelas ruas, eu gostava tanto e nesse sentido me sinto um pouco enjaulado. Mas devo dizer que os guardas da Guarda Vaticana são bons, são realmente bons e eu sou agradecido. Agora me deixam fazer algumas  coisas mais, mas é seu dever garantir a segurança. Enjaulado nesse sentido, de que eu gosto de andar pela rua, mas entendo que não é possível, entendo. Disse nesse sentido. Porque, como dizemos em Buenos Aires, eu era um sacerdote rueiro (Perguntou pelo tempo porque devem servir o jantar… Tens fome?)

11.  A fuga de fiéis da Igreja e os carismáticos católicos.

Pergunta - No Brasil a Igreja católica está perdendo fiéis. O movimiento renovação carismática é uma possibilidade de evitar que os fiéis migrem para igrejas pentecostais?

Resposta - É certo o que você disse da baixa de fiéis. É certo. Falamos com os bispos brasileiros do problema em uma reunião que tivemos ontem.

Você perguntava sobre o movimento da renovação carismática. Mas eu digo algo, no final dos anos 70, inícios dos anos 80, eu não os podia ver. Uma vez, falando deles, disse esta frase: «estes confundem uma celebração litúrgica com uma escola de samba». Isso tinha dito! Arrependi-me. Depois conheci melhor, é verdade que o movimento tem bons assessores e tem ido em um bom caminho. Agora creio que este movimento faz muito bem à Igreja, vive na Igreja.

Em Buenos Aires me reunia sempre e uma vez por ano fazia uma missa com todos eles na Catedral. Mas os  favoreci, me converti, vi o bem que faziam. Porque neste momento da Igreja –e amplio um pouco a resposta– creio que os movimentos são necessários. Os movimentos são uma graça do Espírito. Mas como se pode sustentar um movimento que é tão livre? É que a Igreja é livre! O Espírito Santo faz o que quer, depois ele faz o trabalho da harmonia. Mas creio que os movimentos são uma graça, esses movimentos que tem o Espírito da Igreja. Por isso creio que o movimento da Renovação Carismática não só  serve para evitar que alguns passem aos pentecostais, mas  também servem à Igreja, que se renova. Cada um busca o movimento segundo seu carisma, onde o leva o Espírito.

12.  Uma piada sobre o cansaço.

Pergunta.- Está cansado?

Resposta.- Não estou casado, eu estou solteiro (risadas).

13.  A mulher na Igreja.


Pergunta - O senhor disse que a Igreja sem a mulher perde a fecundidade.  Quais medidas concretas tomará para alcançar isto?  Uma mulher chefe de dicastério?  Uma pergunta técnica: no  avião pediu um condicionamento especial?

Resposta - Comecemos pelo último: este avião não tem nenhum condicionamento especial. Eu estou adiante, tenho um bom assento, comum. Eu  escrevi uma carta e fiz uma chamada telefônica para dizer que eu não queria condicionamentos especiais. Está claro?

Segundo, a mulher: uma Igreja sem mulheres é como o Colégio Apostólico sem Maria. O papel da mulher na Igreja não é só  a maternidade, a mãe de família, mas  é mais forte, é o ícone da Virgem, da Madona, essa que ajuda a crescer a Igreja.

Pensem como a Virgem é mais importante que os apóstolos. A Igreja é feminina, é esposa, é mãe. O papel da mulher na Igreja não é só  o de mãe, que trabalha, que me dá, é outra coisa.

Os papas, Paulo VI escreveu uma coisa lindíssima sobre as mulheres, mas creio que devemos ir mais adiante na explicitação deste papel e carisma da mulher na Igreja. Não se pode entender uma Igreja sem mulheres, mas mulheres ativas na Igreja, com seu perfil, que levam adiante.

Eu penso, um exemplo –que não tem nada a ver com a Igreja, mas é um exemplo histórico na América latina–: Paraguai. Para mim a mulher do Paraguai é a mulher mais gloriosa da América latina. Ficaram depois da guerra oito mulheres por homem. E estas mulheres fizeram uma escolha difícil: a de ter filhos para salvar a pátria, a cultura, a fé e a língua. Na Igreja é preciso  pensar na  mulher nesta perspectiva de escolhas arriscadas, mas como mulher, é preciso explicitar. Creio que ainda não fizemos uma profunda teologia na Igreja. Só  um pouco disso, um pouco daquilo, veja o caso, mulheres coroinhas, é  mulher a presidente da Cáritas… Porém há mais, é preciso  fazer uma profunda teologia da mulher. Isto é o que penso.

14.  A relação com Bento XVI.


Pergunta - Santidade boa noite, queríamos saber qual é sua relação de trabalho, nem tanto amistosa, mas de colaboração, com Bento XVI. Não houve antes uma circunstância assim e se tem contatos frequentes e se o está ajudando na carga.

Resposta - A última vez que houve dois papas ou três papas não se falavam entre eles,  estavam combatendo para ver quem era o verdadeiro. Três chegaram a ter durante o Cisma de Ocidente.

Há algo que qualifica minha relação com Bento: eu o quero muito. Sempre o quis muito, para mim é um homem de Deus, é um homem humilde, que reza. Eu fiquei muito feliz quando foi eleito Papa. Também quando ele renunciou para mim foi um exemplo de um grande, um homem de Deus, um homem de oração.

Ele agora vive no Vaticano e alguns me dizem «mas como  pode ser isto, dois papas no Vaticano, não te incomoda?  Ele não  faz uma revolução contrária? Todas estas coisas te dizem, não? Porém eu encontrei uma frase para isto: é como ter o avô em casa, mas um avô sábio, em uma família… o avô está em casa, é venerado, é amado, é escuchado. Ele é um homem de  muita prudência, não se mete. Eu lhe disse muitas vezes «Santidade, faça sua vida, venha conosco». Ele veio para a inauguração da estátua de São Miguel…

Para mim, essa frase diz tudo: é como ter o avô em casa, é meu pai. Se eu tiver uma dificuldade ou tennha algo que não   entendi, posso chamá-lo. E quando fui para falar desse problema grande do Vatileaks ele me disse  com toda simplicidade. Não sei se sabem que quando nos falou no discurso de despedida, em 28 de fevereiro, disse que entre vocês está o próximo Papa e eu prometo obediência. Isto é grande, é um grande!

15.  Sobre a «ordenação» de mulheres na Igreja.

Pergunta - Santo Padre boa noite, obrigado porque trouxe  tanta alegria para Brasil e obrigado por responder as perguntas. Quero saber porque o senhor ontem disse aos bispos brasileiros sobre a participação das mulheres na Igreja. Como deve ser a participação das mulheres na Igreja? O que pensa da ordenação das mulheres?

Resposta - Como disse, sobre a participação das mulheres na Igreja não  podemos impedir  que se tornem  mulheres coroinhas,  presidente da Cáritas, catequistas; tem que ter algo mais, com o que disse da teologia das Mulheres.

E  quanto a ordenação de  mulheres na Igreja falei e disse não. Já disse João Paulo II, mas com uma formula  definitiva. Essa porta está fechada. Porém sobre isto quero dizer algo: a Virgem Maria era mais importante que os apóstolos, que os bispos, que os diáconos e os sacerdotes. A mulher na Igreja é mais importante que os bispos e que os padres. Como? Isto é o que devemos tratar de explicitar melhor. Creio que falta uma explicação teológica sobre isto.

16.  Os divorciados que tornaram a casar.

Pergunta - Santo Padre, nesta viagem o senhor falou mais de uma vez da misericórdia. E  quanto ao acesso dos sacramentos dos divorciados que tornaram a casar, existe a possibilidade de que algo mude na disciplina da Igreja e que estes sacramentos sejam uma ocasião de aproximar  estas pessoas e não uma barreira?

Resposta - Este é um tema que se pergunta sempre. A misericórdia é maior do que os casos  que você falou. Creio que esta mudança nesta época e também tantos problemas na Igreja como os testemunhos de alguns sacerdotes não bons, de corrupção na Igreja, também o problema do clericalismo,   deixou muitos feridos.

E a Igreja é mãe, deve ir para curar os feridos com misericórdia. Porém se o Senhor não se cansa de perdoar, nós não temos outra escolha que essa. Primeiro de tudo, curar os feridos. A Igreja é mãe. Deve ir neste caminho da misericórdia, encontrar uma misericórdia para todos.

Penso que quando o filho pródigo voltou para casa, o pai não lhe disse  "quem é você? O que fez com o dinheiro". Não, fez uma festa. Quem sabe depois, quando o filho quis  falar, falou. Mas não só  esperou, foi para encontrá-lo. Isto é misericórdia, isto é kairós. Esta primeira intuiição a teve João Paulo II, quando ele começou com Faustina Kowalska, a divina Misericórdia: tinha intuído que era uma necessidade deste tempo.

E  quanto ao problema da comunhão as pessoas de segunda união, se os divorciados  podem comungar, creio que isto é necessário ver na totalidade da pastoral matrimonial. Isto é um problema. Porém abro um parêntese: os ortodoxos tem uma prática diferente, eles seguem a teologia da economia, fazem uma segunda possibilidade, e fecho parêntese.

Creio que este problema é preciso estudar no projeto da pastoral matrimonial. E por isso um dos temas para consultar com estes 8 do conselho de cardeais, que nos reuniremos em 1, 2, e 3 de outubro, é  seguir adiante na pastoral matrimonial.

E uma segunda coisa, esteve comigo há poucos dias o secretário do sínodo dos bispos, para falar sobre o tema do próximo sínodo –é um tema antropológico–, mas falando e falando vimos que este tema antropológico é preciso ser tratado na pastoral matrimonial profundamente. Estamos no caminho para uma pastoral matrimonial profunda, é um problema e há tantos problemas.   Digo-lhes uma: meu antecessor, o cardeal Quarracino, dizia que a metade dos matrimônios eram nulos porque as pessoas se casam sem amadurecimento, se casam sem perceber  que é para toda a vida, talvez se casem por motivos sociais… E isto entra na pastoral matrimonial. E também o problema judicial da nulidade dos matrimônios  devemos revisar porque os tribunais eclesiásticos não bastam para isso. É complexo o problema da pastoral matrimonial. Obrigado.

17.  Sua identidade jesuíta.


Pergunta - Boa noite Santo Padre, quero saber se o senhor, desde que é Papa, ainda se sente jesuíta.

Resposta - É uma pergunta «teológica» porque os jesuítas fazem votos de obediência ao Papa. Porém se o Papa é jesuíta, quem sabe tem que fazer voto de obediência ao Padre Geral dos Jesuítas (risadas), não sei como se soluciona isto.

Eu me sinto jesuíta em minha espiritualidade, na espiritualidade dos exercícios, na espiritualidade que tenho no coração. Tanto me sinto jesuíta que em três dias irei  festejar com os jesuítas na Igreja de Santo Ignácio, farei uma missa pela manhã, não he mudei a espiritualidade, sigo pensando como jesuíta, não hipocritamente, mas penso como jesuíta.

18.   Resumo dos 4 meses de pontificado.

Pergunta - Nos quatro meses de seu pontificado,  pode-nos fazer um pequeno resumo? O que foi  melhor, pior e o que o surpreendeu mais neste período?

Resposta - De verdade  não sei como responder a esta pergunta. Coisas más não houveram. Coisas boas sim. Por exemplo o encontro com os bispos italianos. Foi muito bonito. Uma coisa dolorosa, que me  golpeou o coração, foi a visita a Lampedusa.

Quando chegam estas barcas, os deixam a algumas milhas de distância da costa e eles tem que chegar sós. Foi doloroso porque penso que estas pessoas são vítimas do sistema sócio-econômico mundial. Mas a coisa pior [ diz em tom de piada] foi uma crise de ciática, de verdade, a tive no primeiro mês. Foi dolorosíssima. Não a desejo a ninguém. Encontrei muitas pessoas no Vaticano. Mas boas, boas, boas.

19. O vatileaks.


Pergunta - Em nome dos 50.000 argentinos que me encontrei e me diziam «vai  viajar com o Papa, pergunte quando vai  viajar», mas como já disse que não vai viajar, então  vou fazer uma pergunta mais difícil:  assustou-se quando viu a denúncia do Vatileaks?

Resposta - Não. Vou  contar uma anedota sobre a denúncia do Vatileaks. Quando fui  ver o papa Bento, depois de rezar na capela, nos reunimos no estúdio e havia uma caixa grande e alguma coisa sobre ela. Bento me disse: nesta caixa grande estão todas as declarações que  prestaram as testemunhas. E o resumo e as conclusões finais estão  sobre ela. E aqui se diz tal, tal, tal. Tinha tudo na cabeça. Mas não, não me assustei. É um problema grande, mas não me  assustei.

20. Nostalgia da Argentina.

Pergunta - Duas coisas. A primeira: tem a esperança de que esta viagem sirva para deter a perda de fiéis que no Brasil tem sido muito forte? Crê que sua viagem pode contribuir para que as pessoas voltam à Igreja? A segunda é mais familiar: o senhor gostava muito da Argentina e levava muito no coração  Buenos Aires. Os argentinos se perguntam  se o senhor não estranhou não andar de ônibus, andar pelas ruas…

Resposta - Uma viagem papal sempre faz bem, mas não somente pela presença do Papa. Para esta Jornada da Juventude se   mobilizaram muitos jovens e eles farão muito bem à Igreja. Creio que isto será positivo mas não só pele viagem, mas sobretudo pela jornada. Foi um evento maravilhoso. E de Buenos Aires, sim. Buenos Aires me faz falta. Porém é uma falta serena. Eu creio que você conhece melhor com o livro que escreveu…

21. A canonização de João Paulo II e João XXIII.

Pergunta - Obrigado por ter mantido a promessa de manter as perguntas na volta. A pergunta: o senhor vai canonizar dois grandes papas, João XXIII e  João Paulo II. Queria saber qual é, segundo o senhor, o modelo de santidade de  um e do outro, e o impacto que teve na Igreja e no senhor.

Resposta - João XXIII é um pouco a figura do padre do povo. O padre que ama  cada um de seus fiéis e sabe cuidar de seus fiéis. E isto o fez como arcebispo, como núncio. É um padre do povo bom, e com um sentido de humor muito grande e uma grande santidade. Quando era núncio, alguns não o queriam muito no Vaticano e quando chegava a levar coisas ou pedir alguma coisa   nas oficinas, o faziam esperar. Nunca se queixava. Rezava o rosário, lia o breviário… Era um homem humilde. E também alguém que se preocupava com os pobres.

Uma vez, o cardeal Casaroli voltou de uma missão, creio que na Turquia ou na antiga Tchecoslováquia, e foi  vê-lo para informá-lo da missão, naqueles tempos da diplomacia de pequenos passos. Quando Casaroli se ia, o parou e lhe disse: excelência, uma pergunta: você continua indo visitar aqueles jovens presos no cárcere de menores de Casal do Marmo? O cardeal lhe disse que sim e João XXIII lhe pediu: não os abandone nunca. Era um grande. Um homem que se deixava guiar pelo Senhor.

E João Paulo II foi um grande visionário da Igreja. Um homem que levou o Evangelho a todos. É um São Paulo. Um grande. Fazer a cerimônia de canonização juntas é uma mensagem à Igreja: estes dois são bons. E também seguem seu curso as causas de Paulo VI e do Papa Luciani. Queria dizer que a data da canonização eu pensava em dezembro, mas existe um grande problema: os pobres que tem que vir da Polônia. Porque os que tem dinheiro podem vir de avião, mas para os pobres que tem que vir de ônibus, a viagem em dezembre é muito difícil. Creio que teremos que repensar na data. Eu falei e vimos duas possibilidades, no Cristo Rei deste ano ou no domingo da Misericórdia do próximo ano. Creio que é pouco tempo o Cristo Rei deste ano. Não sei, devo falar outra vez com o cardeal sobre isto.

22. Sobre o assunto Ricca e o lobby gay.

Pergunta - Quero fazer-lhe uma pergunta um pouco delicada. A história do monsenhor Ricca deu volta ao mundo. Queria saber como vai enfrentar este assunto e tudo  relacionado com o lobby gay no Vaticano.

Resposta - A respeito do monsenhor Ricca, fiz o que o direito canônico manda fazer, que é a investigação prévia. E esta investigação não diz nada do que se  publicou. Não  encontramos nada. Mas eu queria acrescentar uma coisa sobre isto.

Eu penso que tantas vezes na Igreja, com relação a este caso e a outros casos, se vai buscar os pecados da juventude, por exemplo. E se publicam. Mas se uma pessoa –leiga, padre ou freira— comete um pecado e depois se arrepende, o Senhor a perdoa. E quando o Senhor perdoa, esquece. E isto para nossa vida é importante. Quando confessamos, o senhor perdoa e esquece. E nós não temos direito de não esquecer. Porque corremos o risco de que o senhor não se esqueça do nosso. É um perigo. O importante é fazer uma teologia do pecado.

Muitas vezes penso em São Pedro. Cometeu um dos piores pecados, renegar   Cristo. E com esse pecado o fizeram Papa. E respondendo a sua outra pergunta concreta, fizemos uma investigação prévia e não  encontramos nada.

Depois você falou do lobby gay. Escreve-se muito do lobby gay. Ainda não me encontrei com ninguém que me dê a carteira de identidade no Vaticano onde o diga. Dizem que há. Quando alguém se encontra com uma pessoa assim, deve distinguir entre o fato de ser gay do fato de fazer lobby, porque nenhum lobby é bom. Se uma pessoa é gay e busca o Senhor e tem boa vontade, quem sou eu para criticá-lo? O Catecismo da Igreja católica explica de forma muito bela isto. Diz que não se deve marginalizar  estas pessoas por isso. É preciso  integrá-las na sociedade. O problema não é ter esta tendência. Devemos ser irmãos. O problema é fazer um lobby. Desta tendência ou lobby dos gananciosos, dos políticos, dos maçons… Tantos lobbys. Este é o maior problema.

Agradeço-lhe tanto que me tenha feito esta pergunta. Obrigado  a todos.

http://actualidadyanalisis.blogspot.com.br/2013/07/el-papa-se-confiesa-con-los-periodistas.html

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

A propósito de Dan Brown e sua queda anunciada.

Opinião de ReligionenLibertad.com


Josep Miró


A propósito de Dan Brown e sua queda anunciada

Dan Brown  escreveu um argumento que não é nada mais que um elefante se equilibrando sobre uma bola de bilhar, e o resultado, a queda anunciada

 
Josep Miró -  3 agosto 2013 - religionenlibertad.com

Foi publicada a última novela de Dan Brown e, como é habitual nos lançamentos de suas obras,  produzirem uma avalanche de comentários que despertam o interesse do leitor para que vá correndo comprá-lo. Advertimos,  que mesmo no caso de seu Código Da Vinci a observação teve escasso êxito, que se for comprado para ler se fará um péssimo negócio.
Estamos uma vez mais diante de um texto plano, literariamente vazio, do pior que se escreve no gênero do chamado ´best seller´. Neste caso o episódio que  escolheu para montar toda uma trama que acumula desordenadamente elementos supostamente desconhecidos reais ou inventados é o problema da população. O mundo terá nove bilhões de habitantes em meados deste século, que é uma cifra que impressiona, e aparece um homem, o doutor Zobrist, que através do terrorismo biológico tenta dar  uma solução. Trata-se de matar as pessoas para que não existam tantas.

É portanto uma novela que se inscreve no velho e reiterado gênero do estilo neo-malthusiano: "aqui sobra gente". Uma vez mais, a abordagem deste gênero realidade abrangente e a ficção é que ajuda a criar uma mentalidade perigosa para os congêneres humanos, que acabam vendo na descendência um virus mortal. Nosso país (Espanha) é precisamente um dos quais a epidemia faz maiores estragos, porque já se vê a gravidez como uma enfermidade de transmissão sexual e o aborto como uma terapia libertadora.

O que não se reflete nem é novidade é que o problema real da humanidade não é de hoje e de face ao futuro o crescimento demográfico mas o envelhecimento da população e o uso absurdo que se faz dos recursos naturais. É exato que em  2060 alcançaremos os nove  bilhões de habitantes, mesmo sendo possível que a previsão, como todas as que  vem fazendo as Nações Unidas, seja um máximo que nunca se alcance.

Mas, o que deveria acrescentar é a continuação  que praticamente todo este crescimento se concretiza em países em vias de desenvolvimento, o que faz pensar que se se cumpre a mesma lei demográfica que até agora se vem observando a partir do momento em que alcancem uma determinada renda se produzirá a diminuição da população.

Isto é perfeitamente visível na América Latina, no México, por exemplo, em alguns casos se levou um susto porque a queda foi brutalmente rápida. Também no Chile, que em cinco anos  passou de estar muito por cima da taxa de reposição para cair para  baixo dela.

Por consequência, a dinâmica sócio-econômica faz prever que aquele cálculo estritamente projetivo das Nações Unidas não se cumpra. Mas é que também este crescimento se redistribui de uma maneira terrivelmente irregular. De fato, a metade de tudo  se concentra só em oito países. Por um lado, no sub-continente indostânico: Índia, Paquistão e Bangladesh. Depois, três países africanos: Etiópia, República Democrática do Congo e Tanzânia, que são em termos relativos os que mais aumentam de uma forma extraordinária. China, mas o faz porque sua massa crítica atual é muito grande, mesmo sendo seu crescimento em termos relativos será muito pequeno (o problema de Pequim é que na metade deste século  o peso será da população em idade avançada e não da natalidade). E, atenção ao detalhe, Estados Unidos.

Isto faz prever que este século também será o século americano, porque combinará um alto desenvolvimento demográfico com potencial tecnológico e econômico extraordinário. Se estes crescimentos os ajustássemos pelo índice de consumo de recursos naturais, veríamos o tremendo desequilíbrio que também neste plano se produz. Portanto, falar de excesso de população não significa nada se não se têm em conta estas profundas diferenças. O que pode consumir um tanzaniano nada tem a ver com o que vai  consumir o nascido nos Estados Unidos.

Por outro lado, o Ocidente não só não ganhará população mas que a perderá, algo que compensarão os fluxos migratórios. Mas, em termos vegetativos, que são os que agora apontamos, surgirá uma redução. E o corolário final é este: o grupo da população que mais crescerá no mundo de agora até na metade do século é dos maiores de 60 anos.

Por isso, com cifras na mão, as pessoas sensatas apontam  que o planeta avança para um país de velhos, muito consumidores ou pouco, que isso dependerá de outras muitas causas. Se pensarmos em termos do conjunto da humanidade, o grande desafio é este, mesmo que  esteja caindo as pessoas não parecem demasiado predispostas a pensarem em termos globais ou em horizontes com quarenta anos a vista.

Em definitivo, Dan Brown  escreveu um argumento que não é nada mais que um elefante se equilibrando sobre uma bola de bilhar, e o resultado, a queda anunciada, não é nem tão sequer espetacular, é simplesmente aborrecida.

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