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Caminhada para o Céu

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Charles Maurras, um agnóstico incompreensível sem sua matriz católica.Monárquico sem sentimentalismos, defensor da ordem religiosa sem ter fé, foi um dos pensadores mais influentes de seu tempo.


ReligionenLibertad.com

Morreu em 16 de novembro faz sessenta anos.

Charles Maurras, un agnóstico incomprensible sin su matriz católica
Charles Maurras, um agnóstico incompreensível sem sua matriz católica

Monárquico sem sentimentalismos, defensor da ordem religiosa sem ter fé, foi um dos pensadores mais influentes de seu tempo.

José Maria Ballester / La Gaceta (Docs)- 12 novembro 2012-religionenlibertad.com

Nada nas origens familiares e sociológicas de Charles Maurras (1868-1952) deixava pressagiar que com o tempo se converteria em um dos mais importantes teóricos do pensamento anti-moderno, não só  da França, mas de todo Ocidente.

De Barrés a Dreyfus

Nascido no seio de uma família pequeno burguesa da Provença, estava projetado para ser um advogado ou comerciante em Marselha. No entanto, duas desgraças muito cedo –a perda de seu pai quando tinha oito anos e um problema de ouvido que acabou em surdez–  lhe serviram de estímulo para cultivar uns dotes intelectuais inatos. De início, os utilizou para afastar-se da fé que lhe transmitiu sua mãe.

Então as coisas, não é de estranhar que sua primeira grande referência fosse a Grécia clássica, cuja herança descobriu quando um jornal o enviou para cobrir os Jogos Olímpicos de 1896. Porém, a partir de um encontro com o escritor nacionalista Maurice Barrès, a principal paixão foi a França.

Sobretudo desde que estourou o caso Dreyfus, aquele oficial judeu falsamente acusado de espiar para Alemanha, cuja sorte dividiu a França em duas. Maurras se converteu no líder dos anti-dreyfus. E aproveitou a oportunidade para inventar o conceito de nacionalismo integral.


A Ação Francesa foi condenada por Pio XI em 1926, e Pio XII levantou a condenação em 1939. Rejeitou a herança da Revolução francesa
Em sua perspectiva, a decadência da França era atribuível aos quatro filhos inimigos, segundo ele, a Revolução de 1789: judeus, maçons, protestantes e democratas. A todos eles  atacou sem piedade. Especialmente aos judeus.

Um monarquismo e um agnosticismo algo especiais

A habilidade de Maurras consistia em combinar a violência verbal com a fineza intelectual. Seu nacionalismo integral transcendia a simples melancolia: era uma construção teórica cuidadosamente elaborada. Reacionário e tradicional, sim, mas com uma forte influência positivista –Maurras admirava  Augusto Comte– pois considerava que a política natural não está unicamente baseada na História e na herança, mas também na Biologia.

Este é um traço fundamental do pensamento maurrasiano. Outro é a instrumentalização de instituições  que não está especialmente unido. Por exemplo, a Igreja católica. Apesar de seu agnosticismo, para Maurras, a França não se entende sem sua matriz católica. O catolicismo tradicional, é claro, pois os democratas cristãos foram outros de seus alvos favoritos.

O mesmo cabe dizer de sua aposta pela restauração da monarquia. O monarquismo de Maurras não era sentimental mas pragmático. E conseguiu uma façanha: atrair para sua causa os muito liberais Orleans,  cujos sucessivos pretendentes teve sob sua batuta até que em 1937 o jovem conde de Paris rompeu definitivamente com ele.

Entre a glória acadêmica e o banquinho

A decisão dos Orleans apenas diminuiu a enorme influência que por essa época tinha Maurras na sociedade de gala: basta dizer que um ano antes foi eleito membro da Academia Francesa, instituição que não concede a qualquer um os escassos cadeirões livres dos quais dispõe. Porém nunca Maurras teria alcançado esse status sem uma poderosa estrutura.

Esta foi a Ação Francesa, nome que abarcava tanto o movimento político –como anti-parlamentaristas que eram e nunca se apresentaram às eleições– como no jornal. Nas páginas deste firmaram os intelectuais da direita  mais brilhantes da época, como Jacques Bainville –sua História da França se segue editando–, Leon Daudet ou Maurice Pujo.

A Ação Francesa teve êxito ali onde muitos outros fracassaram em um século e meio, ao saber seduzir o grande público educado no pensamento republicano, laicista e democrático. Maurras e seus intelectuais souberam aproveitar em benefício próprio a crise política e econômica os anos 20 e 30. Tudo ia de vento em popa até que Pio XI condenou suas ideias em 1926. Muitos católicos os abandonaram.

No entanto, o nítido distanciamento do germanófobo Maurras a respeito do nazismo –“o projeto racista é loucura autêntica”– fez que pouco antes da Segunda Guerra Mundial o Papa levantasse seu anátema. A alegria durou pouco tempo devido à torpeza de Maurras. Quando, em meados de 1940, chegou ao poder o marechal Philippe Pétain com a ideia de suprimir o legado republicano e restabelecer tradições eternas, Maurras acolheu o acontecimento com um: “Divina surpresa!”.


Reprovou os nazistas, mas ao terminar a guerra, por seu apoio a Pétain, foi  julgado e condenado à prisão perpétua. Porém sua germanofobia não podia tolerar a colaboração e a submissão aos nazistas. Daí uma atitude ambígua que, uma vez acabada a guerra, resultou em uma sentença de prisão perpétua e confisco de todas as honras, incluindo a cadeira acadêmica. Charles Maurras nunca voltaria a ser o mesmo.

Recuperou a fé ao morrer?
Nada mais se conhece de sua condenação, em 1945, Maurras, fiel a se mesmo, disse que se tratava da "revanche de Dreyfus". De pouco lhe serviu, pois passou na prática encarcerado a totalidade dos últimos sete anos de sua vida. Em princípios de 1952, o presidente Auriol  não foi à sua casa mas ao hospital. Ainda subsiste a dúvida  se abraçou a fé católica em seu leito de morte. Reconheceu ter dado "um passo para as coisas eternas". Mas   continuando disse aos teólogos que lhe rodeavam que deixassem de dar de beber a um burro "que tinha deixado de ter sede".

http://www.intereconomia.com/noticias-gaceta/cultura/francia-accion-20121110

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