Trocando de roupa para o Banquete Nupcial

Trocando de roupa para o Banquete Nupcial
Caminhada para o Céu

segunda-feira, 9 de abril de 2012

"Quando o homem se põe contra Deus, se põe contra a própria verdade e, portanto, não chega a ser livre, mas alienado de si mesmo".



A liberdade é alcançada por servir a Deus, diz Papa durante a Quinta-feira Santa Missa
 

Papa Bento XVI sobre a liturgia da Quinta-Feira Santa

ROMA, 05 de abril 2012 / 24:31 (ACI Prensa) -. Durante a Missa da Ceia do Senhor celebrada na Basílica de São João de Latrão, o Papa recordou que a verdadeira liberdade só se alcança  aceitando o plano de Deus para a humanidade.

"Nós pensamos ser livre e verdadeiramente nós ficaremos só, se seguimos só a nossa vontade. Deus aparece como o antagonista da nossa liberdade. Devemos libertar-nos d'Ele, pensamos nós, só então seremos livres. Esta rebelião é rebelião fundamental que atravessa  a história, ea mentira de fundo que distorce a vida. Quando o homem se põe contra Deus, se põe contra a própria verdade e, portanto, não chega a ser livre, mas alienado de si mesmo. Unicamente somos livres se estamos em nossa verdade, se estamos unidos a Deus", disse o Santo Padre.

Continuação da versão completa do Santo Padre da Homilia durante a Missa da Ceia do Senhor.

Queridos irmãos e irmãs
Quinta-feira Santa não é somente o dia da Instituição da Sagrada Eucaristia, cujo  esplendor certamente  brilha sobre todo o resto e, por assim dizer,o atrai dentro de si.

Também faz parte da Quinta-Feira Santa a noite escura do Monte das Oliveiras, para o qual Jesus se dirige com seus discípulos, também faz parte a solidão e o abandono de Jesus, que orando, vai ao encontro da escuridão da morte; forma parte  desta Quinta-feira Santa de Judas a traição  e a prisão de Jesus, bem como a negação de Pedro, o julgamento perante o Sinédrio e a entrega aos pagãos, a Pilatos. Neste momento, tratamos de entender mais profundamente esses eventos, porque neles se leva a cabo o mistério da nossa redenção.

Jesus sai à noite. A noite significa uma falta de comunicação, uma situação onde um não vê o outro. É um símbolo da imcompreensão, o ofuscamento da verdade. É o espaço em que o mal que deve esconder-se diante da luz, pode prosperar. O próprio Jesus é a luz ea verdade, a comunicação, pureza e bondade. Ele entra na noite. A noite, em suma, é o símbolo de morte, perda permanente de comunhão e de vida. Jesus entra na noite de superá-la e  inaugurar o novo dia de Deus na história da humanidade.

Durante o caminho, ele já cantou com seus discípulos os Salmos de libertação e redenção de Israel, recordando a primeira Páscoa no Egito, na noite da libertação. Como sempre fazia agora é vai rezar só e falar apenas como o Filho com o Pai. Mas, ao contrário do usual, quer para se certificar de que estejam perto os três discípulos: Pedro, Tiago e João. São os três que tiveram a experiência da Transfiguração - a manifestação luminosa da glória de Deus através de sua figura humana - e que tinha sido visto no centro, entre a Lei e os Profetas, entre Moisés e Elias. Eles tinham ouvido ele falar com eles sobre o seu "êxodo" em Jerusalém.

O êxodo de Jesus em Jerusalém,  que palavra misteriosa!, O êxodo de Israel do Egito foi um episódio da fuga e da libertação do povo de Deus. Qual aspecto teria o êxodo de Jesus, no qual devia ser definitivamente cumprido o significado daquele drama histórico? Agora, os discípulos são testemunhas da primeira trama deste êxodo, da extrema humilhação, no entanto, foi o passo essencial para sair à liberdade e à vida nova, para a qual tende o êxodo. Os discípulos, que Jesus quis perto na hora da extrema tribulação, como elemento de apoio, logo adormeceram. Não obstante, escutaram alguns fragmentos de suas palavras da oração de Jesus e observaram sua atitude.

Ambas as coisas se gravaram profundamente em suas almas, e eles transmitiram aos cristãos para sempre. Jesus chama Deus de "Abba". E isso significa - como eles acrescentam - "Pai" Mas não da forma como é comumente usado a palavra "pai", mas como expressão de linguagem das crianças, uma palavra afetuosa com a qual não se ousava dirigir-se a Deus. É a linguagem de quem é verdadeiramente "criança", Filho do Pai, daquele que se encontra em comunhão com Deus, na mais profunda unidade com ele.

Se nos perguntarmos qual é o elemento mais característico da imagem de Jesus nos Evangelhos, devemos dizer, a sua relação com Deus. Ele está sempre em comunhão com Deus. O ser com o Pai é o núcleo de sua personalidade. Através de Cristo, conhecemos verdadeiramente a Deus. "A Deus ninguém jamais viu", diz João. "Aquele que está no seio do Pai ... o deu a conhecer" (1,18).

Agora sabemos como Deus realmente é. Ele é  Pai, bondade absoluta à qual podemos encomendar-nos. O evangelista Marcos, que  conservou a memória de Pedro, nos disse que Jesus, ao apelativo "Abba", acrescentou ainda: Tudo é possível para Ti, Tu podes tudo (cf. 14,36). Ele, que é bondade, é ao mesmo tempo poder, é onipotente. O poder é a bondade e a bondade é poder. Essa confiança a podemos aprender da oração de Jesus no Monte das Oliveiras.

Antes de refletir sobre o conteúdo do pedido de Jesus, devemos prestar atenção ao que os evangelistas nos relatam sobre a atitude de Jesus durante a sua oração. Mateus e Marcos dizem que "caiu com o rosto em terra" (Mt 26:39, cf. Mc 14:35), portanto, assume a atitude de submissão total, que foi preservada na liturgia romana da Sexta-Feira Santa. Lucas, entretanto, diz que Jesus orava ajoelhado.

Nos Atos dos Apóstolos, fala dos santos que rezavam de joelhos: Estevão durante sua lapidação, Pedro no contexto da ressurreição de um  morto, Paulo no caminho do martírio. Assim, Lucas traçou uma breve história do orar ajoelhado na Igreja nascente. Os Cristãos com o seu  ajoelhar-se, colocam-se em comunhão com a oração de Jesus no Monte das Oliveiras.

Na ameaça do poder do mal, eles, ajoelhados, estão de pé diante do mundo, mas, como  filhos, estão de joelhos diante do Pai. Diante da glória de Deus, nós cristãos nos ajoelhamos e reconhecemos a sua divindade, mas também nesse gesto expressando nossa confiança em que ele triunfe.
Jesus combate com o Pai. Combate consigo mesmo. E combate por nós. Experimenta a angústia diante do poder da morte. Esta é a principal perturbação do próprio homem, mais ainda, de qualquer criatura viva na presença da morte.

Em Jesus, no entanto, se trata de algo mais. Nas noites do mal, ele expande seu olhar. Vê a maré suja de todas as mentiras e toda a infâmia  que vem naquele cálice que deve beber. É a emoção do completamente puro e santo diante de todo o fluxo do mal deste mundo, que recai sobre ele. Ele também me vê, e ora também por mim. Assim, neste momento de angústia mortal de Jesus é um elemento essencial no processo de Redenção.

Por isso, na Carta aos Hebreus, se definiu o combate de Jesus no Monte das Oliveiras como uma ação sacerdotal. Nesta oração de Jesus, impregnada de uma angústia mortal, o Senhor exerce o ofício de sacerdote; toma sobre si os pecados da humanidade, a todos nós, e nos conduz ao Pai.

Finalmente, devemos prestar atenção ainda para o conteúdo da oração de Jesus no Monte das Oliveiras. Jesus diz: "Pai, Tu podes tudo, afasta de mim este cálice. Mas não se faça como eu quero, mas como tu queres "(Mc 14,36). A vontade natural do homem Jesus  retrocede assustado com algo tão grande. Pede para evitar isso. No entanto, como Filho, deixa essa vontade humana na vontade do Pai, não Eu, mas Tu. Com isso transformou a atitude de Adão, o pecado primordial do homem, assim salvando o homem.

Atitude de Adão tinha sido, não o que tu queres Deus, mas quero ser Deus eu mesmo. Esse orgulho é a própria essência do pecado. Nós pensamos ser livres e verdadeiramente ficamos só, se seguimos só a nossa  vontade. Deus aparece como o antagonista da nossa liberdade. Devemos libertar-nos dele, pensamos, só então seremos livres. Esta é a rebelião  essencial que atravessa a história, e a mentira de fundo que distorce a vida.

Quando o homem se põe contra Deus, se põe contra a própria verdade e, portanto, não  chega a ser livre, mas alienado de si mesmo. Somente seremos livres em nossa verdade, se estivermos unidos a Deus. Então tornamo-nos verdadeiramente "como Deus", não opondo-nos a Deus, não desentendendo-nos ou negando-o. No combate de oração no Monte das Oliveiras, Jesus quebrou a contradição falsa entre obediência e liberdade, e abriu o caminho para a liberdade. Ore ao Senhor que adentre neste "sim" à vontade de Deus, tornando-nos verdadeiramente livres. Amém.
Fonte: www.aciprensa.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário