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Caminhada para o Céu

sábado, 11 de agosto de 2012

Quanto a culpabilidade histórica de outros que não sejam nazistas ou turcos, é sabido que só os católicos pedem desculpas, até quando não tem porquê.


ReligionenLibertad.com


Desculpas protestantes



 Vittorio Messori

8 agosto 2011 - religionenlibertad.com

Os turcos, já se sabe, não só negam obstinadamente que o que fizeram com a Armênia tenha sido um genocídio, mas têm uma lei que leva os tribunais quem se atreve a falar sobre o assunto, ou seja, tudo contrário do que sucede na Europa, onde acaba na prisão todo aquele que toque no extermínio dos judeus.

David Irving, historiador inglês, foi detido em Viena por ter tentado demonstrar que a cifra de seis milhões de vítimas ées insustentável.  Pegou três anos de prisão. Então, é obrigatório, por parte de alguns, falar de genocídio (incomparável, infinitamente pior que qualquer outro); e pela parte de outros, está proibido falar do assunto. Em qualquer caso, a primeira vítima da história imposta com tribunais e juízes é a Verdade. O preço da hipocrisia do século.

Enquanto a culpabilidade histórica de outros que não sejam nazistas ou turcos, é sabido que só os católicos pedem desculpas, até quando não tem porquê. Se nos fixamos nos outros cristãos, os ortodoxos gregos ou os protestantes de qualquer confissão assinalam com um dedo acusador os católicos, mas nunca o dirigem para eles mesmos.

Eu disse «nunca». E no entanto, folheando alguns recortes me dou conta de que deveria ter dito «quase nunca». Com efeito, aqui vejo uma página que separei faz dez anos. É da «Reforma», o semanário das igrejas valdenses-metodistas.

Uma publicação interessante, bem feita; mas também é certo que se um jornal católico utilizasse alguns argumentos sobre os protestantes como os que aparecem ali contra os «papistas», todos gritariam indignados pela traição ao ecumenismo. Eu mesmo fui agredido recentemente por ter recordado que a Inquisição criada na Genebra calvinista era provavelmente muito pior que a romana.

Fome e rancores
E no entanto, ao menos por uma vez -há dez anos!- , eis aqui uma surpreendente auto-crítica e uma petição de desculpas, mesmo sendo a nível individual. O fato é raro e vale a pena dar espaço através das próprias palavras da jornalista, que na realidade é uma historiadora inglesa e de confissão anglicana, Christine Calvert. Copio textualmente, e não por preguiça, mas porque creio que uma paráfrase minha lhe tiraria credibilidade e vigor deste testemunho.

Escreve a professora Calvert sobre a tragédia irlandesa: «Em 1845, a colheita da batata, da qual dependia a população irlandesa para não morrer de fome, se perdeu por completo por causa de uma enfermidade chamada "rust", óxido. Este desastre desembocou numa tragédia de terríveis proporções que em poucos anos reduziu a população da ilha pela metade. Se calcula que um milhão e meio de pessoas morreram de fome ou de enfermidades ligadas à fome.

Para os mais afortunados começou o grande êxodo mais além do oceano, mas houvetambém um êxodo interno dos camponeses para as cidades. Com os conhecimentos de então o mal da batata não podia ser enfrentado, mas tampouco as desastrosas consequências sociais que se viveram ao acrecentar-se o rancor dos católicos contra os protestantes, e dos irlandeses contra os ingleses».

Repressão anglicana
Prossegue a historiadora anglicana: «E aqui é onde nós, os protestantes, devemos inclinar a cabeça com vergonha.

A Igreja reformista de Irlanda era então uma força de repressão e de incrível exploração. Os paroquianos católicos tinham que pagar o dízimo a uma comunidade da qual não faziam parte, e a um clero protestante sempre ausente. Muitos dos pastores e bispos se tornaram riquíssimos, vivendo com um luxo desenfreado. Os católicos, castigados pela  fome, imploravam em vão um gesto de caridade. A ajuda estava disponível, mas a um preço que aqueles miseráveis não estavam em condições de pagar: se dava alguma ajuda a quem abjurava o "papismo" e abraçava a fé dos protestantes, entre os quais só os quakers ofereciam algum apoio».

Prossegue a última parte: «Os grandes proprietários de terra anglicanos se aproveitaram da caída dos preços das terras para criar ou aumentar suas granjas, e expulsaram de suas favelas a quem não podia pagar seu miserável alqueire.

Condenados a morrer, alguns dos senhorios declararam que não dejariam um só católico entre Knockabola Bridge e o rio de Newport. Assim, condenaram  homens, mulheres e crianças a morrer ao longo dos caminhos, com a boca verde por ter tentado matar a fome com ervas e urtigas. Sempre faltavam as forças e o dinheiro para enterrar os mortos de fomee em terreno sagrado e  es enterravam debaixo de uma pequena camada de terra nos campos».

E conclui a estudiosa: «Esta é uma história que temos querido esquecer. E no entanto, todos os cristãos, não só os católicos, deveriam tomar mais a sério o ditado de Jesus de ver a palha no olho alheio e não ver a viga no próprio».


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