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Caminhada para o Céu

sábado, 1 de março de 2014

Moderno o aborto? Assim louvava Lenin há 100 anos... e criticava a anticoncepção por burguesa.

ReligionenLibertad.com

Aborto legal: a URSS o inventou, o Ocidente o consagrou

Moderno o aborto? Assim  louvava Lenin há 100 anos... e criticava a anticoncepção por burguesa

¿Moderno el aborto? Así lo alababa Lenin hace 100 años... y criticaba la anticoncepción por burguesa
Lenin repassou ao Pravda para assegurar-se que tudo estava como ele gostava... mesmo quando a imprensa da URSS em 1920 permitiu alguns textos contra a legalização do aborto.

Pablo J. Gines/T. Fedotova / ReL- 27 fevereiro 2014-religionenlibertad.com

O aborto legal não é moderno nem democrático: é uma invenção comunista, e a URSS de Lenin foi o primeiro país ocidental a legalizar.

Manter o aborto legal é manter uma bárbara prática da época dos genocídios.

O grande legado de Lenin para o Ocidente foi o aborto. A URSS já se foi. O aborto legal ficou.

No livro de 1990 de Rudolph Rummel Lethal Politics: Soviet Genocide and Mass Murder Since 1917, se calcula que o Terror Vermelho sob o governo de Lenin (de 1918 a 1922) pôde deixar 1 milhão de mortos. São cifras matizadas. Mas ninguém mais reivindica seguir praticando mais "Terror Vermelho" e em troca se mantém e amplia o aborto. Isso é deixar um legado. Isso é o que o Ocidente "fez seu" e quer exportar à América Latina.

Para entender o que Lenin pensava e implementou sobre o aborto fomos ao libro de Aleksander Maysurian Grani Revolutsii (“Facetas da Revolução”, em russo em http://leninism.su/books/3599-drugoj-lenin.html?start=13 ).

O aborto, um "direito"... Lenin dixit
Os bolcheviques foram os primeiros na Europa a legalizar os abortos. Lenin ainda em 1913 se pronunciava ela “abolição incondicional de todas as leis de perseguição do aborto”. Classificava o direito de abortar como “verdades básicas dos direitos democráticos do cidadão e cidadã”.

(Então,  chamar o aborto "direito" é uma prática leninista, não algo que figure na Declaração dos Direitos Humanos).

Em 18 de novembro de 1920 Lenin assinou o decreto que permitiu o aborto. A partir de então, todas as mulheres obtiveram o direito de interromper artificialmente sua gravidez durante os três primeiros  meses.

Trotsky o comparou a sacrifícios humanos
Nem todos os comunistas estavam a favor, aponta Maysurian. Leon Trotsky considerava nessas datas que no futuro (se refere ao “futuro luminoso” próspero e mítico da sociedade sem classes) “a mesma ideia de legalização sobre o aborto e divórcio soará pouco melhor que as recordações sobre os bordéis ou sacrifícios humanos”.

A imprensa da URSS nesses anos 20 tratou o tema com certa liberdade, nem sempre a favor do aborto. Alguns jornalistas, alarmados, temiam que se instalasse uma “pandemia aborteira”. Às vezes o tema do aborto  combinava com outro tema em voga: o ateísmo. Assim, em 1924, na vinheta de Konstantin Gotov na revista satírica “Krokodil”, a Virgem Maria, grávida, olhava o cartaz de rua que anunciava o espetáculo da época “O Aborto”. A Mãe de Deus se lamentava: “Oxalá  tivesse sabido…”

“É preciso dizer que a zombaria barata resultou ser faca de dois gumes e logo se converteu em uma piada  aplicada às mães dos líderes do Estado soviético”, comenta Maysurian.

Curiosamente, apesar do novo direito soviético ao aborto, a natalidade na Rússia Vermelha dos anos 20 crescia. Sua principal explicação era a famosa permissão de maternidade para as mulheres, que até agora se chamava “férias do decreto”, que abarcava os dois últimos meses de gestação e o  primeiro  mês e meio depois do parto.

Durante todo esse período as mulheres ganhavam seu salário total. Em 1920 por cada mil  habitantes, nas cidades russas nasceram 21,7 crianças, em 1923 (com o aborto legalizado), 35,3. Em 1927, para cada mil  pessoas nasciam 45 bebês.



Abortismo antes de Lenin: filtros
É claro, houve abortismo antes de Lenin. Todas as correntes eugenistas e pragmáticas que percorriam os Estados Unidos, os países nórdicos, as sociedades eugenistas, parte da classe médica… tudo o que na Alemanha se converteria depois na “medicina nazista”, se vendia como o mais humano e moderno. Muitos se negavam a comprar este produto. E outras vezes, no debate bioético de há 100 anos se davam sinais que hoje nos podem assombrar.

Uma autora que  estudou essa “pré-história” do aborto é Irene Vasilievna Siluyanova (em http://www.r-komitet.ru/zdravie/abort-sil.htm ). Isto é o que ela explica.

Qual foi a peculiaridade do tratamento do tema do aborto na classe médica russa? Precisa dizer que os médicos russos, antes de 1917, discutiram muito vivamente este tema. Todos os jornais e revistas se encheram de artigos de médicos russos que examinavam o problema. Em 1900, em princípios do século, o doutor Kotumskiy escreveu: “O ginecologista não tem direito, nem legal nem moral, de praticar uma embriotomia de um feto vivo”. Em 1911, o doutor Shabad considerava que o aborto era um mal social.

Siluyanova constata o paradoxo deste mesmo doutor Shahad foi o primeiro a buscar “filtros” e “desculpas” para o aborto despenalizado (em uma sociedade com uma obstetrícia muitíssimo mais rudimentar  que a que temos no século XXI). E o fez recorrendo a Maimonides, o médico e teólogo judeu medieval, um espanhol que sentou cátedra no Egito.

Nos casos de grave perigo de morte para a mãe, os médicos recorriam à seguinte ideia cristã (Siluyanova especificou a “católica”): “mais vale a vida eterna do bebê que a vida terrena da mãe”. Era importante poder batizar o bebê e salvar sua alma. Os médicos tinham claro que todos morremos, e o importante é não matar.

Shahad, de origem judia, nesse ano de 1911 citou a Maimonides que ensinava: “não ter piedade para com o atacante”. E o Dr. Shabad entendeu este princípio como uma permissão para poder matar o filho no seio materno se se pratica para salvar a vida da mãe: o bebê seria o equivalente a “um atacante”. Esse aborto concreto, segundo Shabad, não seria crime e não devia ser penalizado. De tal forma, em 1911, a discussão ética chegou a ser muito forte.

Distinguir o legal e o ético?
Hoje, muitos dizem que no 12º Congresso médico Pirogov em 1913, quatro anos antes  que os bolcheviques tomassem o poder, a classe médica russa já estava a favor do aborto legal. Mas Siluyanova o matiza muito.

“Sempre, na literatura atual, os resultados deste congresso se tergiversam. No 12º Congresso Pirogov de 1913 não houve nenhum médico que duvidasse da imoralidade desta prática. Citarei uma frase do resumo deste congresso: “Mal parto criminal, infanticídio, utilização de meios anticonceptivos, é um sintoma da enfermidade [moral] da humanidade contemporânea”.

Os médicos russos, e o resumo o confirma, se mostravam alarmados diante da formação de uma classe específica de profissionais “mata-fetos”. Os chamavam de uma forma pouco agradável: “vykidyshny dyel masterami”, difícil de traduzir, algo assim como “mestres artífices do matar crianças por nascer”.

Inclusive hoje, na Espanha de 2014, os que praticam abortos são uma sub-classe médica muito especializada e concreta, mal vista pelos companheiros, que gastan suas grandes ganâncias em comprar algo de respeitabilidade colegial e delegar muitos abortos em estudantes pobres e em práticas.

Assim falava o professor Vygodskiy, segundo o mesmo resumo: “Deve ser conservado o ponto de vista sobre o mal-parto artificial como um mal e assassinato. Dedicar-se profissionalmente a praticar extirpações fetais é inadmissível para um médico”.

O professor Verigo propunha uma matização: não penalizar o aborto “sem ânimo de lucro”. “Cada aborto praticado por um médico em troca de remuneração, deve ser castigado, enquanto que um aborto, praticado por um médico sem ânimo de lucro, tem de ser despenalizado”.

Muito mais esperto e até profético, outro médico, o doutor Shpankov escreveu: “Existe uma ligação inegável entre a cultura contemporânea e a diminuição do valor da vida. O aborto e o suicídio são manifestações da mesma ordem”.
Pouco podia prever ele o pouco que ia valer a vida humana na Rússia e toda a Europa nos seguintes 40 anos!

Uma citação mais do Congresso, emotiva e importante: “Nenhum médico que se aprecie, que entenda corretamente as tarefas da medicina, praticará um aborto exclusivamente segundo o desejo da mulher. Ao contrário, se guiará pelas indicações médicas. Nós os médicos sempre respeitaremos o mandamento de Hipócrates de que a medicina serve para conservar e alongar a vida humana e não para destruí-la mesmo sendo em estado embrionário”.

Nas atuais sociedades médicas espanholas, que autoridade colegial  afirmaria hoje uma frase assim, pré-soviética? Hoje na Espanha é mais fácil encontrar burocratas colegiais que afirmem as frases de Lenin que publicaremos um pouco mais abaixo.

O certo é que em 1913, no Congresso Pigorov, cem por cento dos médicos consideravam imoral o aborto, mas uma porcentagem considerava que se podia despenalizar a prática –só iam pensar em casos extremos de emergência médica- e nunca com ânimo de lucro.

Na prática, este filtro separou o tema de  moral  do legal: nos documentos finais do congresso, estes dois aspectos estão nitidamente divididos.

Porém o debate de 1913 não era improvisado. Já nos anos anteriores se tinha debatido o aborto provocado, ou como o chamavam na época, os “mal-partos artificiais”.



 E Lenin o que diz disto?
Precisamente disso escrevia Lenin no “Pravda” em 1913, remetendo-se a fontes anteriores, o congresso Pirogov de 1887, cheio de   malthusianismo e já de mentalidade anticonceptiva.

O artigo de Lenin sobre o aborto em 1913 (quando ele ainda não era um assassino de massas e a Europa ainda não sangrava na Grande Guerra) é curioso: defende o aborto, mas critica a anti-concepção. A anti-concepção é burguesa, diz, consiste em ser “o casal” e que não se nasçam mais. Demasiadas pessoas levam à revolução, temem os burgueses.

“Somos uns inimigos acérrimos do Neo-malthusianismo , essa corrente de um casal aburguesado, engessado e egoísta, que balbucia, temeroso: que deus nos permita manter-nos à tona, mas não necessitamos de filhos…”, escrevia Lenin, que enfermo de sífilis nunca teve filhos.

Mas o aborto ilegal, acrescenta, é hipócrita, uma hipocrisia burguesa. Então deve ser legalizado… e não pensa mais no assunto nem na qualidade humana do feto. E escreve: “isso não nos impede de exigir uma abolição incondicional de todas as leis persecutórias do aborto ou da difusão dos trabalhos médicos sobre a anti-concepção e etc.”

O resultado é que um século depois, a Rússia, o país maior do mundo, com extensões infinitas sem povoar e vizinha da populosíssima China, está perdendo população, cada mulher russa de certa idade sofreu entre 3 e 6 abortos provocados, e as crianças russas que se educam com seu pai em casa são uma minoria.



Alguns estão celebrando o 90 aniversário de sua morte... através do abortismo segue vivo em nossos parlamentos

Posto que a ideologia abortista é hoje hegemônica em muitos parlamentos… e começou sendo-o na URSS e na mente de Lenin, nos parece educativo copiar na íntegra seu artigo do Pravda, um artigo que completou 101 anos, e marcava as linhas do abortismo (chamá-lo "direito", por exemplo)… e algumas de suas contradições internas. (A respeito de sua descrição do Congresso Pigorov de 1887, tampouco tem que crer que seja especialmente verídica nem documentada)

Classe operária e  o Neo-malthusianismo , por Vladimir Ilych, “Lenin”
Escrito em 6(19) de junho de 1913
Publicado em 16 de junho de 1913 no “Pravda” Nº 137

No congresso Pirogov dos médicos de 1887, muito interesse e muitos debates se centraram na questão do aborto, ou seja, realização de mal-partos artificiais. O conferencista Lichkus assinalou os dados de uma grande difusão dea extirpação do feto nos assim chamados países cultos de nosso tempo.

Em Nova York em um ano houve 80.000 mal-partos artificiais, na França, são 36.000 ao mês. Em Petersburgo, nos últimos 5 anos a porcentagem dos mal-partos artificiais mais que dobrou.

O congresso de médicos Pirogov tomou a resolução de que nunca há de ter lugar uma perseguição penal das mães por um aborto provocado, e os médicos só  deveriam serem julgados no caso de terem “propósitos de lucro”.

Nos debates, a maioria se pronunciou a favor da despenalização do aborto, e, lógico, foi tocada a questão sobre o assim chamado  Neo-malthusianismo (métodos anticonceptivos artificiais), tratando, também,  a parte social do assunto. Por exemplo, o Sr. Vigdorchik, segundo publicou “Russkoye Slovo”, manifestava que “tinha que acolher as medidas que protejam da concepção”, e o Sr. Astrajan exclamava, recebendo uma ovação:

“Temos que convencer as mães  de parir filhos, para  os mutilarem nos centros docentes, para  os lançarem à sorte, para    os empurrarem para se suicidar!”

Se a notícia sobre a ovação que foi resposta à exclamação de Astrajan é certa, não me assombra. Os espectadores eram uns burgueses, pequenos e medianos, com uma psicologia burguesa. Que outra coisa era de esperar deles além do liberalismo mais vulgar?

Porém do  ponto de vista da classe operária, acaso será possível encontrar uma demostração más gráfica de todo o reacionário e miserável que é o Neo-malthusianismo  social” que a citada frase de Astrajan.

“… Parir filhos para que os mutilassem…” Só  para isso? Por que não, para  eles o melhor, mais unidos, mais conscientemente, com maior decisão que a nossa, lutassem contra as condições de vida atuais que mutilam e matam nossa geração?

Precisamente aqui reside a diferença mais profunda da psicologia de um camponês, artesão, intelectual, um pequeno burguês em geral, da psicologia de um proletário. Um pequeno burguês vê que está se acabando, que a vida se faz mais insuportável, a luta pela sobrevivência mais atroz, a situação de sua família mais desesperada. É um fato irrefutável. E o pequeno burguês protesta contra tudo isto.

Mas,  como protesta?

Protesta como um representante de uma classe irreversivelmente moribunda, desesperada por seu futuro, encurralada e covarde. Não há nada que fazer, ao menos tenhamos menos filhos sofredores de nossa desgraça e suplício, de nossa miséria e nossa humilhação,   esse é o grito do pequeno burguês.

Um operário consciente está infinitamente longe deste ponto de vista. Não deixará se ofuscar  com tais gritos, mesmo sendo muito sinceros e sofridos. Sim, nós os operários, e uma massa de pequenos proprietários, levamos uma vida cheia de um jugo insuportável e sofrimento. Nossa geração tem  pior carga que nossos pais. Mas em algo somos muito mais felizes que nossos pais. Aprendemos e seguimos aprendendo rapidamente a lutar- e não em solidão, como o faziam os melhores de nossos pais, não em nomes  alheios ao nosso interior slogans dos charlatães burgueses, mas em nome de nossos próprios slogans, os slogans de nossa classe. Lutamos melhor que nossos pais. Nossos filhos lutarão ainda melhor, e vencerão.

A classe operária não morre mas cresce, se afirma, se consolida, se unifica, se instrui e se ajusta na luta. Nós somos uns pessimistas a respeito da escravidão, capitalismo e pequena indústria, mas somos uns ardentes otimistas a respeito ao movimento operário e seus fins. Já estamos lançando cimentos do novo edifício que acabarão os nossos filhos.

E é por isso – e só  por isso – somos uns inimigos mais ferrenhos do Neo-malthusianismo, essa corrente de um casal aburguesado, oprimido e egoísta, que balbucia, temeroso: que deus nos permita manter-nos à tona, mas não necessitamos de filhos.

Depois, isso não nos impede de exigir uma abolição incondicional de todas as leis de perseguição do aborto ou da difusão dos trabalhos médicos sobre a anticoncepção e etc. Tais leis não são outra coisa que a hipocrisia das classes opressoras. Essas leis não curam as enfermidades do capitalismo mas as converte e, umas especialmente corrosivas, pesadas para as massas oprimidas. Uma coisa é a liberdade da propaganda médica e proteção das verdades básicas dos direitos democráticos do cidadão e cidadã. E outra coisa é a doutrina social do neo-maltusianismo. Os operários conscientes sempre lutarão sem piedade contra as tentativas de subjugar com esta doutrina covarde e reacionária   à classe mais vanguardista, mais forte, a mais preparada para realizar grandes mudanças da sociedade contemporânea.

Escrito em 6(19) de junho de 1913
Publicado em 16 de junho de 1913 no “Pravda” Nº 137


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