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Caminhada para o Céu

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Por que os protestantes aceitaram a anti-concepção? Pela tibieza de seu clero casado.


ReligionenLibertad.com
 
Explica Allan Carlson, luterano e fundador de WCF



Este historiador protestante especializado na Europa moderna louva a firmeza da Igreja Católica e a sabedoria da encíclica Humanae Vitae contra a anti-concepção e o aborto. Esteve em Madri no Congresso Mundial de Famílias e viu no trabalho pró-família uma forma de avançar na unidade cristã.


Pablo J. Ginés/ReL -  24 mayo 2012 -


Allan C. Carlson é o fundador do Congresso Mundial das Famílias que se está celebrando de sexta à domingo em Madri (www.congresomundial.es ).

Casado, pai de quatro filhos, luterano conservador, especialista em História Moderna da Europa, Carlson é um dos grandes teóricos do movimento familiar mundial e defende o uso da expressão "família natural" para referir-se "à doutrina das Nações Unidas, em seu artigo 16 da Declaração de Direitos Humanos, onde afirma que é a unidade fundamental da sociedade e que tem de ser protegida. A família natural é uma fonte do progresso humano. Neste século XXI nosso maior problema será a despopulação e o envelhecimento, então debemos celebrar a família numerosa, pedir que os países as apoiem, e agradecer os pontos de vista religiosos que as favorecem. A família natural é a fonte básica da renovação social".

Além disso, é uma autoridade num campo histórico muito pouco estudado: como a anti-concepção que se aceitou nas Igrejas protestantes. Resumimos aqui esta história a partir de seu trabalho.

Há 100 anos, outro protestantismo
Em 1908, os bispos anglicanos reunidos em sua assembléia habitual em Lambeth, ainda criticavam "com alarme a prática crescente da restrição artificial da família e chamamos a todos os cristãos para rechaçar todos estes métodos artificiais, que desmoralizam o caráter e são hostis ao bem estar nacional".

Inclusive em 1923 a revista oficial dos luteranos do Sínodo de Missouri, conservadores, dizia que a Federação de Controle de Natalidade da América sujava "este país com lodo" e que a ativista a favor do controle natal Margaret Sanger era uma "diaba" (mesmo não sabendo ainda, porque é a fundadora do que hoje é o maior patrono do aborto, o Planned Parenthood: milhões de crianças abortadas cada ano em todo o mundo em seus centros).

Para muitos protestantes conservadores, durante 4 séculos o modelo era o mesmo Lutero: ex-monje casado com uma ex-monja, tiveram 6 filhos. As estatísticas dizem que os clérigos anglicanos em 1874 tinham uma média de 5 filhos vivos. Os pastores luteranos de Sínodo de Missouri em 1890 tinham 6,5 filhos cada um.

Quando o clero vive a tibieza
Porém em 1911, mesmo sem mudar a doutrina, mudou a prática: o censo demonstrou que os pastores anglicanos tinham menos filhos, apenas 2,3 em média, como assinalou a muito contraceptiva Liga Maltusiana com regozijo. Durante 20 anos o clero anglicano pregou contra a anti-concepção mas tendo poucos filhos. Era pouco convincente e criava má consciência.

E em 1930, na Convenção de Lambeth da Igreja Anglicana, mudaram-se séculos de tradição judeu-cristã contra a anti-concepção, por 193 votos contra 67: a contracepção e os métodos artificiais eram já aceitáveis.

E nos Estados Unidos entre os luteranos aconteceu o mesmo: os pastores não davam exemplo, em 1920 tinham só 3,7 filhos, que hoje pode parecer muito mas era muito menos do que a geração anterior via como normal. Nos anos quarenta, o importante teólogo luterano Albert Rehwinkel concluia que Lutero e sua defesa da natalidade, simplesmente, estava equivocado.

A mulher do pastor contra a ministra ordenada
No sul dos Estados Unidos, os metodistas, batistas e presbiterianos ainda protestaram contra a tendência anglicana de promover a anti-concepção até os anos 60. Mas na prática muitos de seus pastores tinham poucos filhos. E quando nos anos 60 e 70 começaram a se ordenar pastoras e ministras em diversas igrejas protestantes, o papel da "mulher do pastor" como mãe modelo e cristã esforçada ficou distorsido diante dessas novas mulheres líderes. Então elas (as esposas dos pastores) olharam para a anti-concepção como uma forma de competir com as pastoras e ministras ordenadas, oferecendo também elas disponibilidade... à custa de menos filhos (para servir ao Senhor, diziam).

Só grupos muito pequenos e isolacionistas como os amish, os huteritas e grupos menonitas e anabatistas se negaram a assumir as práticas anti-conceptivas.

Para piorar, tampouco o protestantismo norte-americano soube reagir nem entender o sentido do aborto, que no final foi legalizado nos Estados Unidos em 1973. Só a partir de 1975, desde a revista Christianity Today, começou a se organizar a cultura pró-vida protestante. E só neste novo milênio se está questionando a anti-concepção em algumas novas minorias evangélicas.

A história da anti-concepção entre os protestantes tem também uma dimensão anti-católica e anti-imigração, segundo nos explicava Allan Carlson.

Ter filhos é papista!
"O lobby anti-natalista usou técnicas de "divide e vencerás" contra os cristãos, aproveitando certo anti-catolicismo numa época, nos anos 30, em que chegavam muitos imigrantes. Margaret Sanger, a fundadora do lobby Planned Parenthood, necessitava que ao menos alguns cristãos estivessem a favor do controle da população. Então disse que as leis que limitavam a anti-concepção eram "papistas", algo absurdo, porque as tinham estabelecido políticos protestantes", explica o historiador.

"Sanger não teve êxito entre os católicos, mas havia alguns protestantes partidários da eugenia, de melhorar a raça humana. Hoje parece uma idéia de loucos, mas muitos acreditavam então que fomentando uma raça melhorada Cristo voltaria antes. Sanger conseguiu êxitos, atrair cristãos, mesclando eugenia e uma corrente anti-imigrante. Muitos imigrantes eram irlandeses ou polacos ou italianos", acrescenta.

Nesta história triste, a firmeza da doutrina católica é um ponto luminoso.

"Não imitem as igrejas liberais"
"Eu sou luterano conservador", especifica Carlson. "Muitos protestantes conservadores cremos que a 'Humanae Vitae' de Paulo VI, em defesa da vida, e a defesa que dela fez João Paulo II, estão cheias de coragem. Quem sabe no futuro vejamos que essa encíclica e o papel de João Paulo II em sua difusão foram um ponto que mudou a História da humanidade. Em vez de seguir as igrejas protestantes liberais no caminho do desastre, a Igreja Católica deve seguir a 'Humanae Vitae', e com orgulho. Olhemos, por exemplo, a Igreja Anglicana, com anti-concepção desde  mais de 70 anos e vejamos a ruína na qual está. Nos Estados Unidos os episcopais estão desaparecendo, são só um punhado de gente".

É que a natalidade é chave na sociologia das religiões.

A questão demográfica
"Eric Kauffman é um sociólogo que  analizou sobretudo grupos que hoje podem parecer menores mas que crescem. Por exemplo, os amish tradicionais nos Estados Unidos, que ainda falam alemão, eram só quinhentos em 1900. Hoje são trezentos mil. Os mórmons são a religião que cresce mais rápido, em parte com convertidos, mas sobretudo por sua natalidade.  Os mórmons eram marginais e agora um deles, Romney, pode ser presidente dos Estados Unidos! É conhecido o caso dos judeus ultra-ortodoxos em Israel. No Egito e Tunísia os movimentos islamistas têm mais filhos e agora influenciam na política.

Inclusive no protestantismo evangélico nos Estados Unidos há um novo movimento chamado "Quiverfull" (aljava cheia, ou carcás cheio) que rechaça a anti-concepção: os filhos são uma riqueza, como flechas na aljava do arqueiro, diz a Bíblia. Porém a pergunta é: podem as famílias protegerem seus filhos do controle e manipulação do Estado para que transmitam seus valores para a geração seguinte?"

Carlson crê que na luta pró-vida e pró-família se criam sinergias que superam as divisões entre comunidades religiosas e quiem sabe apontam à uma maior unidade futura.

Evangélicos que votam firme em católico
"Como  disse, há apenas uma década os mórmons nos Estados Unidos eram vistos pelos evangélicos e muita gente como uma seita e ponto, e hoje muitos evangélicos e católicos trabalham com eles em defesa da vida e da família e Romney pode chegar à presidente.

Rick Santorum, sendo católico declarado, conseguiu assombrosos êxitos entre os votos protestantes, porque falava de temas proibidos, politicamente incorretos, como o controle da pornografia ou a anti-concepção, que se supõe que não se devem nem mencionar. Em que pese o seu pouco financiamento ecampanha desordenada, conseguiu atrair muita gente. O que vemos é que aos cristãos comprometidos interessa mais a ação e o trabalho conjunto em  praça pública que as disputas teológicas sobre a Trindade ou os sacramentos, mesmo sendo temas importantes. Mas falta liderança para que haja mais unidade".

Também, considera que "o Papado não é hoje o mesmo que há 2 séculos. E os ortodoxos, que eram um obstáculo para a unidade, agora buscam aliados no Ocidente em defesa dos valores cristãos e familiares. Quem sabe o sucessor de Bento XVI possa visitar a Rússia. Os ortodoxos russos são cada vez mas práticos e ecumênicos e eles arrastam as outras igrejas ortodoxas. Em seu livro Kauffman sugere para o futuro inclusive um entendimento entre cristãos, judeus e mussulmanos conservadores, unidos frente a seus inimigos comuns: o secularismo e os frutos da revolução sexual".

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